Ação sobre despejo de esgoto vira espetáculo de mídia para delegacia

Muitas cidades brasileiras enfrentam problemas de saneamento básico. Com seus quase 400 mil habitantes e uma extensa área urbana, Anápolis também sofre com esta realidade. Na última terça-feira, 10, por exemplo, o despejo irregular de esgoto sanitário trouxe a pauta em discussão e causou a condução coercitiva da gerente da Saneago em Anápolis, Tânia Valeriano, que teve que se explicar na Delegacia de Meio Ambiente de Anápolis sobre o tema.

Na denúncia acolhida pela especializada direcionada à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, três pontos de despejo de esgoto irregular foram mencionados. Um primeiro na região do Jardim Petrópolis relatando degradação do Córrego Catingueiro; o segundo na região do Parque dos Pirineus 1ª Etapa denunciando tubulação rompida e o terceiro e mais grave também na região do Parque dos Pirineus, no encontro com o Residencial Veneza, onde uma adutora estaria rompida há mais de um ano, escoando dejetos para o Córrego Correias neste tempo.

Coercitiva

Manoel Vanderic comandou ação que teve cobertura da imprensa: diversos policiais envolvidos para escoltar Tânia Valeriano à delegacia

O que chamou mais a atenção, até mais que o próprio processo em questão, foi a forma ostensiva com que agiu a delegacia do Meio Ambiente que, através da ação, transformou o trâmite do caso em um palco para um verdadeiro espetáculo de mídia.

Através de uma condução coercitiva na qual vários agentes foram designados para escoltar a diretora da Saneago, Tânia Valeriano, os agentes entraram nas dependências de uma emissora de rádio de Anápolis, onde Tânia concedia uma entrevista. Ela foi conduzida desde o estúdio até a delegacia pelos policiais.

“São litros e mais litros de esgoto sanitário sendo despejados por segundo irregularmente no córrego”, justifica o delegado do Meio Ambiente em Anápolis, Manoel Vanderic Filho. Ele reforça que inclusive vídeos foram anexados à denúncia que demonstram o cometimento de crime ambiental. “Mas não é somente este ponto que nos preocupa”, alega.

Vanderic mencionou que durante os esclarecimentos de Tânia Valeriano, a gerente disse que outros pontos de erosões onde existem interceptores da rede de esgoto em Anápolis sofrem com os mesmos riscos, mas que gerência de Anápolis já está trabalhando para que não ocorram novos problemas.

“Obviamente, se houver rompimento e despejo irregular de esgoto em outra parte da cidade haverá um crime que acarretará em uma nova responsabilização tanto da pessoa jurídica – a Saneago – como para a pessoa física – da gerente da estatal em Anápolis, no caso”, explicou o delegado.

Durante o processo, houve um grande alarde de todos os veículos de comunicação para que acompanhassem – com antecipação – a condução da gerente da estatal goiana.

Compromisso

Tânia Valeriano assinou um documento no qual se comprometeu a resolver o problema específico. Segundo ela, medidas paliativas já estavam planejadas para solucionar o despejo de esgoto no córrego. “A dificuldade que existe no local é o acesso do maquinário sem que haja a movimentação de terra necessária. Isso dificulta bastante a operação e pode resultar num dano maior. Mas independente disso, tomaremos as medidas”, pontuou a gerente.

Já a Saneago, em nota, disse que houve o rompimento do interceptor de esgoto sobre o córrego e que de imediato técnicos da empresa verificaram que seria necessária a elaboração de projeto para a sua restauração, mas que por conta da obra ser complexa, uma licitação foi solicitada e esta deve ser realizada em caráter de urgência com conclusão em fevereiro. Por ser crime ambiental de menor potencial, a gerente foi liberada após serem firmados os compromissos.

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