Amilton Filho: “Câmara teve saldo positivo em 2017, e 2018 será ainda melhor”

Henrique Morgantini, Paulo Roberto Belém e Felipe Homsi

No segundo ano da atual legislatura, o vereador Amilton Filho entende que a Casa terá condições de avançar em projetos inviabilizados no ano de 2017, como a conclusão do novo prédio da Câmara e projetos como o Câmara nos Bairros. Se no ano passado o momento foi de aprendizado para a maioria dos vereadores, em 2018, o Legislativo, em sua visão, terá mais condições de cobrar do Executivo ações mais efetivas em prol da cidade. Sua avaliação da Gestão Roberto Naves é positiva e ele acredita que o prefeito esbarrou na “falta de dinheiro”, na crise econômica e que por isso empreendimentos importantes não puderam ser levados adiante.

A Voz de Anápolis – Qual é a sua avaliação sobre o trabalho no Legislativo em 2017 e suas perspectivas para 2018?

Amilton Filho – Achei que, do ponto de vista da Câmara, tivemos quinze novos vereadores tomando posse, trabalhando, novas cabeças, novas bandeiras na Câmara. Do ponto de vista da administração da Câmara, a gente achou positivo, novas discussões, bandeiras novas, várias formas de se pensar e espero que 2018 seja ainda melhor, porque o pessoal que entrou está mais seguro, já está com mais experiência e vai poder desempenhar um papel muito mais efetivo, de muito mais resultados para a sociedade. No meu ponto de vista, como vereador, foi um ano para mim de muita aprendizagem. A Presidência da Câmara é um grande desafio, é uma grande satisfação que eu tive com os meus colegas. Esperamos implementar algumas ações que iniciamos no ano passado, como o concurso público. Foi finalizado, publicamos os resultados, agora tem que convocar o pessoal, é uma marca da nossa gestão. Quero retomar as obras da Câmara, que está em fase final do projeto. Um projeto que nós tínhamos e não conseguimos implementar é a Câmara nos Bairros, que é uma das diretrizes que quero implementar agora no mês de fevereiro já. Então tem vários projetos que, enquanto presidente da Câmara, enquanto vereador eu quero estar implementando em 2018.

AVA – A Câmara atuou positivamente em prol da população, da forma como era esperado?

AF – Sem dúvida. Eu acho que a Câmara fez um papel de debate, de cobrança de várias ações do Executivo, de cobrança de vários problemas da sociedade. A Câmara tem um papel efetivo na cobrança da Segurança Pública, discussões em relação à Saúde, questões que são preocupantes para a sociedade e a Câmara fez o seu papel. A Câmara de Anápolis teve um papel preponderante para o retorno desses presos a Goiânia. A gente uniu todos os partidos, todos os vereadores e tivemos uma posição firme e movimentamos, tivemos êxito nessa empreitada. Na Câmara o saldo é positivo e em 2018 será ainda melhor.

AVA – Com essa visão de cobrança, de análise das ações do Executivo, 2017 foi positivo? Você acha que o Executivo fez um bom trabalho?

AF – Sim. Eu acho que fez.

AVA – Atendeu aos anseios da população?

AF – Dentro das dificuldades que ele tinha, eu acho que atendeu.

AVA – Qual deve ser a prioridade da Câmara nesse ano, com tantas paralisações e ainda com eleição. Existe uma pauta especial?

AF – Temos questões importantes a serem discutidas. Neste primeiro semestre, temos uma questão relativa à água na cidade de Anápolis. Temos uma proposta da Saneago de um novo tipo de projeto, um novo tipo de programa, um contrato por programa de trabalho que está colocado à mesa que certamente a Câmara deverá opinar, deverá participar da discussão de uma forma muito ativa agora nas primeiras sessões de fevereiro e março. Eu acho que isso é uma pauta importante, que mexe com a cidade nos próximos vinte anos. Temos a questão da Segurança Pública. Anápolis está preocupada com isso, as pessoas têm medo e temos que buscar uma resposta para a sociedade relativa à Segurança Pública. Relacionado à obra da Câmara, é uma cobrança que a Câmara recebe diuturnamente. Iremos buscar também a retomada, está em fase final o projeto, a aprovação do Corpo de Bombeiros, que é uma das últimas fases de preparação da licitação, do projeto.

AVA – Qual a posição que você assume em relação a essa questão da água, se, para Anápolis receber esses R$ 114 milhões do Ministério das Cidades, precisa haver a prorrogação do contrato da Saneago? Você é favorável à prorrogação da atuação da Saneago na cidade?

AF – Na verdade, não pode ser vinculada apenas essa questão dos R$ 114 milhões. A gente não pode vincular um contrato desses apenas a essa questão. Na verdade, a Saneago vai apresentar ao município de Anápolis um plano de trabalho. Vamos ver o plano o trabalho que é. Na verdade, a questão da água, os R$ 114 milhões, é um ponto importante, urgente, mas tem várias outras situações. E o esgoto, a universalização do esgoto? Qual é a proposta em relação a isso? Nós vamos analisar a proposta de uma forma macro ainda. Nós temos apenas um ponto que é a questão dos R$ 114 milhões, o empréstimo. Nós precisamos ver a situação como um todo, para podemos fazer uma análise e termos uma convicção, se contra ou a favor. Eu acho que apenas os R$ 114 milhões é pouco. Não é uma decisão apenas do prefeito, apenas da Câmara. A sociedade tem que se posicionar e tirar aquilo que a cidade quer.

AVA – Mas a questão mais premente hoje é em relação a esses R$ 114 milhões. Vou refazer a pergunta: hoje, você tem uma tendência maior a apoiar a renovação do contrato com a Saneago ou a municipalização, como defendeu o prefeito Roberto Naves enquanto era candidato?

AF – A municipalização, pelo que a gente tem acompanhado – a questão é que o contrato é até 2023. O rompimento desse contrato tem consequências jurídicas imediatas, como houve em Catalão, uma multa milionária para a cidade de Catalão. E tem a questão que a Prefeitura hoje não tem capacidade de fazer investimentos de imediato. Então certamente hoje a municipalização é inviável. Não que não possa ser um caminho a ser adotado em 2023, mas hoje a municipalização, da forma como está sendo colocada, é inviável.

AVA – Mas a Saneago disse que o dinheiro só vem se houver prorrogação pelos próximos vinte anos, que é o empréstimo da Caixa.

AF – Tudo bem, mas primeiro eles vão apresentar um plano de trabalho para poder fazer um cronograma de obras na cidade de Anápolis. Só os R$ 114 milhões… essa visão é parcial. Na verdade, a Saneago – eu participei de reunião nesse sentido – eles iriam apresentar esse plano de trabalho, o contrato de programa, onde teria metas e programas definidos, que seriam algo nesse sentido.

AVA – Você citou a Segurança Pública, que de fato é um problema que todo anapolino identifica como grave. Nesse sentido, a criação da Guarda Municipal poderia liberar policiais para fazerem outros trabalhos. Por que não veio até hoje?

AF – Primeiro, a Segurança Pública é uma responsabilidade do Estado. E a criação da Guarda Municipal foi uma proposta de todos os sete candidatos a prefeito na última eleição. Certamente, o município tem que participar mais da questão da Segurança Pública, já que o Estado se revela sem condições de fazê-lo da forma como a gente espera. E eu entendo que a Guarda Municipal certamente contribui e pode ajudar nas questões de Segurança Pública. Ela não foi implantada por uma questão da dificuldade financeira que o município atravessa. A administração municipal pegou o município com gasto de pessoal de 60% e não pode realizar concurso público, por uma questão legal, não por falta de vontade política.

AVA – 2018 é o ano da Guarda Municipal em Anápolis?

AF – Eu não posso dizer da Guarda Municipal, porque isso também é uma ação do Executivo. A cobrança da Câmara é que nós precisamos investir mais.

AVA – A expectativa da Câmara é essa?

AF – Não vou dizer da guarda, mas certamente de ampliar a participação do município na Segurança.

AVA – A Câmara vai atuar junto ao prefeito para que o número de comissionados diminua e para que sobre recursos para o concurso da Guarda?

AF – A Câmara tem acompanhado, eu tenho acompanhado essa questão de perto e o número de comissionados é menor nessa gestão do que na gestão anterior. E é um ponto positivo nesse sentido. E houve também em 2017, entre o final de maio até dezembro, não houve a nomeação de nenhum servidor comissionado e houve várias exonerações.

AVA – Estamos em fevereiro de 2018. De zero a dez, qual é a chance do presidente da Câmara ser candidato a deputado estadual nessas eleições?

AF – Eu diria que oito.

AVA – Além do senhor, quantos devem ser os candidatos?

AF – Hoje, os principais nomes que se despontam como candidatos são Antônio Gomide, Jean Carlos, que demonstra publicamente a intenção de ser candidato. E tem outros que estão discutindo, mas não estão definidos ainda, que é a vereadora Thais, o vereador Teles Júnior.

AVA – Quantos de Anápolis vão ser eleitos para a assembleia?

AF – Eu apostaria em três a quatro.

AVA – Quem é o principal cabo eleitoral da campanha do vereador Amilton para deputado estadual?

AF – Eu entendo que é o meu grupo que me elegeu para vereador. Temos aí um grupo que me ajudou. É difícil eleger um principal cabo eleitoral, mas nós temos um grupo que faz política na cidade já há mais de vinte anos, que deu sustentação política para o meu pai.

AVA – O prefeito Roberto Naves é um bom cabo eleitoral? Você está contando com esse apoio nas ruas?

AF – O prefeito Roberto Naves é um ótimo cabo eleitoral. Não sei se vai ser o meu cabo eleitoral. Tem a questão do PTB que temos que avaliar, mas certamente o apoio do prefeito Roberto é muito importante para qualquer candidato, eu acredito.

AVA – Temos obras paradas em Anápolis. Você acha que no ano passado o município ficou refém do Governo do Estado?

AF – Eu acho que a cidade ficou refém da sua própria crise financeira, porque não houve crescimento da arrecadação. E o que faltou na cidade para retomar todas as obras que estavam paradas foi o dinheiro e o Governo Estadual tem feito o compromisso de poder ajudar, na questão dos feirões. Das obras paradas, o compromisso do Governo Estadual foi só dos feirões. Na verdade, não foi nem obra parada. Foi que caiu e a única promessa que tem do Governo Estadual é do feirão. As demais obras, postos de saúde, as creches que estão paradas, não foram retomadas por falta de condição financeira mesmo.

AVA – Com a economia que foi apresentada nos balancetes dos dois quadrimestres você acha que os feirões tinham que esperar mesmo pela verba do Estado para serem erguidos?

AF – Analisando os balancetes – já tem a prévia que nós estamos acompanhando pelo site do TCM, não sobrou dinheiro para fazer. Na verdade, priorizou-se a retomada das obras com dinheiro municipal do Parque Iracema, do Arco Iris, da Saúde, do Centro Pediátrico que foi feito com dinheiro do município. E os feirões, infelizmente houve essa proposta. O caixa do município estava vazio e se esperou o dinheiro do Estado, o Goiás na Frente.

AVA – Com quem o Solidariedade vai caminhar na disputa do Governo Estadual?

AF – O partido tem se alinhado, hoje tem conversado com todas as forças políticas. O partido tem conversado principalmente com o Daniel Vilela e com o vice-governador José Eliton, buscando esse entendimento. Não está fechado ainda como que o partido irá caminhar ainda não.

AVA – Se o vereador Amilton for consultado – que será – qual destes dois você escolheria?

AF – Nós temos que na verdade avaliar ainda o… (longa pausa) boa pergunta (risos)

AVA – Também acho.

AF – (risadas) Está gravando mesmo? É ao vivo?

AVA – É ao vivo.

Estamos avaliando ainda. Eu não tenho uma posição definida não, porque temos que ver quais grupos estarão reunidos. Eu acho que o Daniel Vilela é uma candidatura importante, é uma candidatura que tem viabilidade, é uma alternativa para o Estado, mas temos que ver a viabilidade das forças políticas que estão convergindo nesse projeto. O vice-governador José Eliton tem alguns compromissos a serem honrados com a cidade de Anápolis ainda, com o Estado de Goiás nesse primeiro semestre, para ver se vai conseguir dar essa resposta e se ele vai ser merecedor da confiança a ele ainda. Então, nós estamos avaliando.

AVA – Qual é a avaliação que você faz da eleição presidencial?

AF – Eu noto que, se o ex-presidente Lula conseguir ser candidato ele vai ganhar a eleição, no ponto de vista de análise. Eu não acredito na eleição do deputado Jair Bolsonaro. Eu acho que esse posicionamento de extrema direita não agrada a maioria da população. Tem um público ativo. E creio que a discussão será ainda o candidato do PSDB do Geraldo Alckmin e do candidato do PT, se for o presidente Lula.

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