Amilton Filho: “Nossa meta é aproximar a Câmara da população”

Felipe Homsi e Paulo Roberto Belém

Aos 31 anos, depois de ocupar a 1ª secretaria e a vice-presidente, o vereador Amilton Filho, do Solidariedade, chega à Presidência da Câmara dos Vereadores após uma série de alianças que permitiram a diversos grupos políticos comporem uma chapa única. Ele defende uma maior transparência das ações do Legislativo e promete atuar para aproximar a Câmara da população.

A Voz de Anápolis – Como foi o processo de formação desta chapa que levou seu nome à condição de presidente da Casa?

Amilton Filho – Eu tive a oportunidade na legislatura anterior de ser, no primeiro biênio, 1º secretário da mesa diretora na gestão do Luiz Lacerda e vice-presidente na gestão do Lisieux Borges. Então eu estive muito próximo da administração da Câmara. Estive participando ativamente da gestão, das discussões, dos encaminhamentos na câmara. Então esse desejo surgiu na verdade, já na eleição anterior da Câmara, quando o Lisieux foi eleito, onde eu tentei viabilizar meu nome, mas não consegui naquele momento. Então após a eleição, decidi que queria participar. Julgava que estava preparado. Busquei, logo após o segundo turno das eleições, conversando com todos os vereadores, viabilizar meu nome.

AVA – Houve uma formação de uma chapa diversificada, eleita por aclamação.

AF – Por unanimidade. Eu busquei isso, na verdade. Busquei trabalhar também não só o meu nome, mas busquei trabalhar uma chapa que pudesse, digamos assim, contemplar todos os segmentos políticos da câmara. Por exemplo, nossa vice-presidente, a Thaís. Ela representa um bloco de vereadores que era ela, o Lélio, a Vilma e o Japão. Eles tinham um grupo para discutir em conjunto a Mesa Diretora. O primeiro secretário era o Jean, que era o meu adversário, era o PTB. Eu chamei o Jean e disse: “Jean, eu tenho tido mais simpatia dos vereadores, tenho conversado com todo mundo e eu acho que está mais para mim do que pra você. Vamos compor, você vem ser o 1º secretário, que é o cargo de maior destaque para a presidência, ou você indica o Leandro, que é o seu partido. O Jean indicou o Leandro que é do PTB. A 2ª secretaria, a próxima vaga que eu tinha, compus com o PT, que era a maior bancada, já que tinha um grupo de  quatro vereadores que estavam na presidência. Trouxe o PSDB para a 3ª secretaria, que é a outra maior bancada de três vereadores. O Maurão não conseguiu viabilizar o nome dele e eu pude trazer o PSDB. E tinha o bloco formado pelos novatos cujos partidos fizeram só eles. Eles indicaram o Fernando Paiva.

 Ava – Está sendo um desafio?

AF – Sem dúvida. Eu acho que a câmara é um poder importante na cidade é um desafio do ponto de vista pessoal do ponto de vista político, certamente é um desafio grande.

 VDA- Você foi situação dos dois últimos prefeitos. Agora, é situação do Roberto. Isso não é conflitante?

AF – Na verdade, o que eu tenho notado na Câmara é que nesse primeiro momento toda a câmara tem, digamos assim, dos 23 vereadores, ao menos 22 vereadores estão simpáticos à administração, estão buscando compor, estão buscando dar um voto de confiança ao Prefeito Roberto. Na eleição do prefeito Gomide, eu era do partido PSC. Nosso partido compôs a aliança com o Antônio Gomide. Nós fundamos o Solidariedade, que optou por não apoiar a reeleição do prefeito João Gomes. Nós tínhamos um ótimo relacionamento, uma amizade, mas o Solidariedade optou por não apoiar o João Gomes, a gente apoiou o prefeito Roberto. Então foi opção partidária não construída depois por conveniência, foi construída nas coligações, a gente entendeu que o Roberto seria a melhor opção.

 AVA – Você, mesmo estando no segundo mandato, representa hoje ainda o novo em Anápolis e Renovação na câmara?

AF – Eu entendo que sim, até mesmo por questão da idade, sou um vereador jovem, tenho 31 anos. Eu entendo que eu ainda represento a juventude, tenho um bom diálogo com a juventude, um bom diálogo com os setores da juventude. Eu acho que a minha votação, eu acho que meu histórico na câmara mostra também este sentimento de renovação. Porque eu fui um dos vereadores que foram bem votados na eleição passada, o único que subiu os votos. A população vê em mim também essa nova política, não vou dizer renovação, mas a nova política, eles veem em mim também essa nova política. Eu tive 3.119 votos.

 AVA – Você estava na última legislatura na condição de vice-presidente da câmara, assumindo a presidência, tem uma nova visão? Você tem como observar mais a fundo a real situação da câmara?

 

AF – Ser vice-presidente e presidente é completamente diferente. O vice-presidente não tem o poder de decisão. Eu participava da mesa e era, digo assim, uma pessoa proativa, que buscava junto ao presidente Lisieux discutir, opinar, como se diz, dar os meus pitacos, mas quem decidia era ele. Então a câmara é muito centrada na figura do presidente. Eu tive a oportunidade de experimentar uma diferença grande, porque agora a decisão final cabe a mim.

 AVA – Então qual que vai ser a política adotada pelo agora presidente Amilton nos próximos dois anos?

AF – Temos que romper um paradigma que eu vi nas eleições: que a população está muito insatisfeita com a câmara, muito insatisfeita com os vereadores. Nós temos o desafio de aproximar o legislativo da população, diminuir a distância entre representantes e representados. Nós temos que buscar estar presentes junto às pessoas, presentes nos bairros, buscar essa interação de visitar as pessoas nos bairros, visitar, ouvir as pessoas em audiências públicas. A Câmara nos Bairros, por exemplo, é a ideia que nós temos. Vamos buscar ampliar a participação das pessoas na câmara e facilitar o acesso das pessoas à câmara. Mudar a estrutura, o pensamento da Comunicação da Câmara.

AVA – No Executivo fala-se muito em redução de despesas, mudança de organograma. Como está sendo no legislativo? É essa mesma ideia?

AF – Sem dúvidas. Nós tivemos uma reunião com o prefeito Roberto, junto com maioria absoluta dos vereadores. E nessa reunião a gente já fez um compromisso com o prefeito Roberto em economizar R$ 75 mil da câmara para aportar na conta destinada à construção da câmara e isso geraria uma economia anual de R$ 900 mil; e o compromisso que eu fiz com a mesa diretora e eles poderem honrar esse compromisso. Buscar, se possível, algum valor a mais para adicionar. A gente tem buscado reduzir os cargos comissionados da Câmara.

AVA – Você acha que o problema da construção da Câmara é o grande desafio de 2017?

AF – Não. Eu vejo assim, é grande desafio nosso fazer essa obra retomar, mas eu acho que a gente não pode ficar preso só nessa questão do prédio. Nós temos também que trabalhar defendendo a população. Nossa missão lá, primeiro, é fiscalizar o Executivo, é legislar, é encaminhar as demandas da população aos órgãos competentes. Certamente eu, enquanto presidente, tenho que ter uma preocupação extra em relação ao prédio.

 AVA – Como você avalia o nível dos vereadores dessa legislatura, no aspecto técnico e político?

AF – O grupo de vereadores representa os mais variados segmentos da sociedade. São homens e mulheres que tem demonstrado, principalmente, desde os primeiros dias, muita vontade de trabalhar, muito interesse em fazer o melhor trabalho possível para a população. Temos uma câmara bem heterogênea, cada um representando um segmento religioso, um segmento político, um segmento social. Eu vejo que é uma Câmara que dará bons frutos para a população.

 AVA – Como você imagina que será a oposição dessa legislatura? Considerando que nessas últimas legislaturas a gente teve mais situação do que oposição?

AF – Eu acredito que a oposição fará o papel dela, assim como fez no mandato anterior, fazendo as pontuações necessárias, reconhecendo os avanços, apontando os erros. Eu acho que a função da Câmara é essa: não só da oposição, eu acho que todos os vereadores, mesmo aqueles que são de situação, tem essa obrigação também. Eu acho que o bom companheiro não é só aquele que bate nas costas, é aquele que faz uma crítica construtiva e aponta os erros.

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