Anapolinos vão às ruas contra Reforma da Previdência

Assim como em todo o Brasil, milhares de anapolinos atenderam ao chamado cívico e se reuniram para protestar contra a PEC 287, que prevê o que é considerado por muitos brasileiros como “o fim da aposentadoria”: “Fora Temer” foi o grito de ordem do extenso grupo

Paulo Roberto Belém

Um dia para a História. Assim pode ser definido o último dia 15 de março. Assim como no Brasil, Anápolis entrou na agenda das grandes manifestações públicas realizadas contra as medidas impopulares do Governo Michel Temer cujo impacto na vida dos brasileiros pode ser assustadora.

Desta vez, milhões se uniram para protestar contra a tentativa de alterar as regras da aposentadoria, através da PEC 287, que trata da Reforma da Previdência. Em tramitação no Congresso Nacional, a emenda gerou protestos para pressionar os deputados e senadores brasileiros. Anápolis também se juntou aos protestos que foram registrados em 22 capitais brasileiras e também no Distrito Federal.

O vereador Antônio Gomide esteve na concentração e cumprimentou alguns manifestantes

O ponto de encontro dos manifestantes anapolinos foi a Praça do Ancião. O ato foi liderado pelo Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Ensino (Sinpma) que reuniu o maior número de trabalhadores. O vereador Antônio Gomide foi um dos presentes que se somaram à concentração da manifestação e recebeu saudação dos presentes.

A sindicalista Marcia Abdalla se surpreendeu com a adesão: “mais de três mil pessoas fizeram história”

Por conta da presença maciça de professores, uma greve geral foi declarada e os estudantes da rede municipal de ensino foram dispensados naquele dia. A presidente do Sinpma, Márcia Abdalla, ficou surpresa com a adesão aos protestos na cidade. “Mais de três mil fizeram história porque são pautas nocivas e danosas que mexem com vida de todos”, destacou.

Já aposentada, Maria de Lourdes se uniu ao grupo: “É uma luta de todos, o que está se planejando fazer é uma falta de respeito com os trabalhadores brasileiros”

A aglomeração de pessoas chamou a atenção de Maria de Lourdes de Lima que passava pelo local. Apesar de já estar aposentada, ela disse que teme que as medidas prejudiquem os trabalhadores brasileiros que estão perto de se aposentar e também as futuras gerações. “É uma luta de todos. O que está se planejando fazer é uma falta de respeito com os trabalhadores brasileiros que no final da conta sempre são prejudicados pelo governo”, reclamou.

Passeata

A manifestação não ficou restrita à Praça do Ancião. Para chamar a atenção dos anapolinos, os milhares de manifestantes saíram em passeata pelas principais ruas do centro da cidade. Eles subiram toda a Avenida Goiás até à Praça Bom Jesus e de lá foram para a Praça Americano do Brasil. No percurso, faixas foram expostas com frases apelativas que repudiavam as medidas do governo. Dentre os dizeres estavam “Contra a PEC 287” e “Fora Temer”.

Durante o percurso, também, palavras de ordem e panfletos para explicar a razão da manifestação a quem passava pelo local. O momento marcante dos protestos foi quando a Avenida Goiás ficou tomada por manifestantes que representavam as diversas entidades sindicais e classistas organizadas nos protestos, a exemplo do Sinpma, Sinpror, CTB, Sintect e também de movimentos sociais.

“Tem que causar mais impacto”, pede comerciante que acompanhou manifestantes

O comerciante João Batista Correia é proprietário de uma pequena loja de portáteis na Avenida Goiás e acompanhou a passagem dos manifestantes. Ele disse que ficou sabendo que haveria protesto, mas reconheceu que ficou surpreso com o número de pessoas que participaram do movimento. “É muito bom ver que em Anápolis tantas pessoas estão revoltadas. Pena que eles vieram para o centro. Tem que causar mais impacto, inclusive, fechando o tráfego das BRs”, sugeriu.

“Temos é que fechar o trânsito e as BRs”, sugere o comerciante

Questionado sobre a intenção do governo, o comerciante reconheceu ser necessário fazer algo pela Previdência, mas que não concorda com as propostas apresentadas. “Eu apoio a permanência das regas atuais, mas que se mexa nos altos salários”, disse. Segundo ele, são estes altos salários que inviabilizam a Previdência.

Ao final, já na Praça Americano do Brasil, os manifestantes se dispersaram com a promessa de realizar novos protestos caso as medidas do governo avancem. “Este foi o primeiro passo, mas vamos fazer de tudo para que essas reformas não sejam implementadas”, finalizou Márcia.

 

Entenda a reforma

O texto da reforma da Previdência está em tramitação em uma comissão especial na Câmara dos Deputados, onde deverá ser votada até abril. A proposta prevê pontos polêmicos, como o estabelecimento de idade mínima aos 65 anos para todos os trabalhadores, além da exigência de pelo menos 25 anos de contribuição para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Entretanto, para que o trabalhador consiga se aposentar com o benefício integral, o texto apresentado pelo governo Michel Temer prevê a obrigatoriedade de pelo menos 49 anos de contribuição.


 

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