Anápolis, assim como todas as capitais, tem manifestações de Greve contra as reformas

Diversos sindicatos e trabalhadores de vários segmentos se reuniram na Praça Americano do Brasil para um protesto pacífico que parou o centro da cidade na manhã da última sexta-feira, 28

Paulo Roberto Belém

Em Anápolis, a exemplo do que aconteceu em todo o Brasil, vários sindicatos ligados à União dos Sindicatos dos Trabalhadores de Anápolis – Ustra – e a outras centrais sindicais protagonizaram a Greve Geral. Mais de dez deles se concentraram na Praça Americano do Brasil na manhã desta sexta-feira, 28, para dar início aos protestos contra as reformas Trabalhista e da Previdência na cidade.

Uma das entidades sindicais presentes foi a do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – Sintect-GO. O representante do sindicato em Anápolis, Tiago Henrique dos Santos, lembrou que essa não foi a primeira manifestação em que os trabalhadores dos Correios participaram. “Fizemos parte da manifestação do último dia 15 de março e hoje mais de 70% da classe está parada por conta da Greve Geral”, explicou.

O sindicalista Thiago Henrique: mais de 70% da classe parou pela Greve Geral

Ele disse que além de serem contra às reformas Trabalhista e da Previdência, os trabalhadores dos Correios têm outra demanda específica: a de evitar o sucateamento da instituição. “Nós, dos Correios, estamos vendo esta empresa centenária que presta um serviço exclusivo ser enfraquecida pelo Governo Federal. Para mim, querem prejudicá-la para terem a justificativa de privatizá-la. Vamos evitar isso”, reforçou.

Bancários também se uniram às manifestações. O presidente do Sindicato dos Bancários de Anápolis, Odilar Barreto, citou que principalmente os trabalhadores dos bancos federais aderiram à paralisação e tiveram o seu funcionamento influenciado. “O trabalhador que não estiver totalmente indignado com as propostas que estão sendo apresentadas realmente não está vivendo no Brasil ou não é trabalhador”, criticou.

Odilar Barreto, representante dos bancários: “O trabalhador que não estiver indignado não está vivendo no Brasil”

Ele espera que após as grandes manifestações pela Greve Geral terem causado o barulho necessário, o governo entenda que a população não concorda com aquilo que eles querem impor aos trabalhadores. “Antes de qualquer medida para afetar o trabalhador, deveriam ter propostas várias outras reformas, a exemplo da política e da tributária. Os políticos não têm credibilidade para nos prejudicar a qualquer custo”, disse Odilar.

 Ato

Ainda na praça, a professora Mirza Seabra participava dos protestos. Estampando uma camiseta com os dizeres “Fora Temer”, ela disse que recém se aposentou da Universidade Estadual de Goiás, mas que a luta continua. “Estou aqui pelos que não puderam vir. Estou aqui pelos que querem protestar, mas que são ameaçados pelos seus patrões”, citou.

Mirza Seabra, professora aposentada, se uniu à luta e discursou palavras de ordem e “Fora Temer”

A professora aposentada se lamenta ao perceber que direitos conquistados se desmancharão, caso nada seja feito “O que mais me indigna é saber que o povo ainda acredita na mentira”, afirmou.

Sérgio Filho, de apenas 12 anos, quis se unir ao pai na Greve: juventude precisa defender seu futuro

Na outra ponta, estava o pequeno Sérgio Filho de 12 anos de idade. Ele poderia estar fazendo qualquer outra coisa, mas preferiu acompanhar o pai no ato da Greve Geral. Mesmo com a pouca idade, ele acredita na força das manifestações. “Posso ser novo, mas quando ouço falar sobre a quantidade de tempo que querem que as pessoas trabalhem para se aposentar, eu também me revolto e me preocupo, com o meu futuro, por exemplo”, disse.

 Caminhada

O vereador Antônio Gomide esteve presente e discursou contra as reformas que prejudicam o trabalhador

Após atos na Praça Americano do Brasil. A movimentação iniciou uma caminhada pelas ruas do centro da cidade até à Praça do Ancião. À medida em que percorriam as ruas, lojistas e a população acompanhavam das calçadas a mensagem pregada tanto pelos cartazes, tanto pelos pronunciamentos do carro de som. Um dos anapolinos que foi surpreendido observando atento as manifestações foi o artesão Wilson Rodrigues.

O artesão Wilson Rodrigues, que acompanhou à distância a manifestação: “trabalhador anapolino não parece estar se importando”, lamentou

Ele disse que foi resolver um problema pessoal no centro, mas que tinha ouvido falar que teria protestos nesta sexta-feira. “Para mim, iria ficar restrito a um local, mas eu acho importante quando eles fazem barulho. Não podemos perder o que já conquistamos”, citou.

Ele também uma critica aos trabalhadores que não estão se importando muito com o que está acontecendo em relação às reformas e não dão muita moral para os movimentos. “Muita gente pensa que ações como esta não dão em nada, mas o que não dá em nada é ficar em casa sem fazer nada.Todo mundo deveria parar e vir para a rua”, observou.

Quem também acompanhou atento as movimentações da Greve Geral em Anápolis foi o jovem Murilo Santos, estudante do terceiro ano do ensino médio. Ele, filho de professora da rede municipal de ensino, confessa que já recebe da mãe informações do que pode vir a acontecer caso as reformas sejam aprovadas do jeito que estão. “Acho bacana as pessoas se movimentarem por estas questões. Isso incentiva a gente porque sou jovem e ainda nem entrei no mercado de trabalho”, disse.

Filho de professora da rede municipal, Murilo Santos participou do evento: “precisamos nos engajar”

O jovem também considera que a população, hoje em dia, está mais empenhada em se revoltar contra medidas que as afetam. “Antigamente o povo não ligava muito para os assuntos políticos. Hoje, as pessoas estão acordando e a maioria sabe o que está acontecendo de fato”, afirmou.

 

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