Anápolis chega aos seus 110 anos consolidada em seu desenvolvimento

Com diversos saltos de ordem econômica e social, para historiador, cidade vive a “Era da Qualidade de Vida”, com o ingresso do bem-estar social no mesmo rol de importância da Economia e do desenvolvimento social

Henrique Morgantini e Paulo Roberto Belém

Ao longo das décadas, a História oral de Anápolis é forjada por seus moradores. Braço importante para a construção de uma tese lógica dentro do preceito de análise acadêmica da História, a análise informal, na oralidade, na reprodução de “causos” e versões de fatos importantes é fundamental para a montagem de uma versão final que remonte fatos históricos de uma cidade e seu povo.

E nesta história oral, criada pelo diálogo de imigrantes, famílias tradicionais nas mais diversas rodas de conversa, é possível definir uma característica em comum: a cidade de Anápolis sempre foi moldada pelo desenvolvimento e crescimento. Alguns destacam o polo fármaco, outros, o Daia como um todo. Há quem cite a Base Aérea ou a Estrada de Ferro, que trouxe gente e inovações à região.

O fato é que, desta história forjada na memória um traço é característico em todas as observações: Anápolis jamais parou de prosseguir em seu caminho pelo crescimento populacional, econômico e social, aumentando, desta forma, sua participação e importância no cenário regional e nacional. Como definição, tanto os contadores de histórias quanto os historiadores formais concordam neste ponto: Anápolis sempre mirou para o futuro e para lá caminha incessantemente.

Saltos

E neste caminhar, a cidade e seu povo presenciaram diversos saltos de degraus para esta evolução. Graduado em Ciências Sociais e Doutor em História, o professor universitário Juscelino Polonial conhece bem a história de Anápolis. Ele, inclusive, é autor de quatro livros publicados especificamente sobre o assunto. Ele consegue elencar estes saltos que separaram o município de seu passado de seu futuro. O primeiro deles é a chegada da Ferrovia.

O doutor em História Juscelino Polonial explica: o Brasil se desenvolveu a partir de 2000 e em Anápolis isto também foi retratado em sua urbanização acelerada

“Entre os anos de 1930 e 1950, a ferrovia trouxe grande desenvolvimento para Anápolis dentro do ciclo agrário, principalmente com a capacidade de distribuir a produção da região. Àquela época, 35 municípios da região e até do Maranhão vinham comprar em Anápolis e a ferrovia ajudou muito neste sentido”, explica.

A Ferrovia ditou a economia até a década de 1950. Outro grande acontecimento veio pouco menos de duas décadas depois, quando a Base Aérea de Anápolis começou a ser pensada, no final da década de 1960. Implementada no início da década seguinte, trouxe como principal benefício a vinda dos militares que, por conta do seu elevado poder aquisitivo, fomentaram fortemente a economia da cidade.

“Os rendimentos dos militares à época eram muito maiores, proporcionalmente falando, aos de hoje. Então, eles movimentaram muito o comércio da cidade. Foi neste período, também, que a construção civil teve o seu primeiro ‘boom’ porque foi preciso investir-se na construção das vilas militares para abrigar estes novos moradores”.

Daia

O Distrito Agro-Industrial de Anápolis, Daia, também foi efetivado na década de 1970 e abre, de acordo com o historiador, o capítulo das grandes empresas na economia local. “Para se ter ideia, no início da década de 1980, havia, somente no Daia, oito mil trabalhadores diretos o que para a época era muito bom, considerando que a população de Anápolis era de pouco mais de 100 mil habitantes”, revela. O professor complementa que essa geração de emprego que, consequentemente, fazia com que o dinheiro circulasse, trouxe muito desenvolvimento para a cidade.

Um dos desdobramentos do Daia foi o direcionamento da Indústria para o segmento farmacêutico. “Tínhamos mais que um espaço para grandes indústrias, mas, também, um distrito industrial especializado na fabricação de remédios e isto trouxe um novo cenário que inseriu a cidade no cenário nacional”, destacou.

Tempos atuais

Após falar dos marcos históricos de Anápolis, o professor avalia que a principal característica do período mais recente da cidade, a partir dos anos 2000, é a chegada de novos habitantes para o município. “Houve um crescimento populacional interessante e com isto foi preciso pensar mais na estruturação da cidade. É aí que entra a parte do poder público. Vieram obras de impacto para o município, a exemplo da pavimentação dos bairros, de viadutos, de estrutura de parques”.

Polonial lembra que nos últimos 10 anos, Anápolis acompanhou o crescimento nacional. Ele avalia que foi um momento muito bom para o Brasil e em Anápolis não foi diferente. “Se você analisar este período em Anápolis você vai perceber que a parte urbanística melhorou bastante”, disse, destacando o Parque Ambiental Ipiranga. “Esta semana estava lá com a minha família e recordei de quando aquilo lá era um brejo há menos de 10 anos. Criou-se um espeço de referência para o lazer e isto é bom e pode ser considerado um marco para a cidade”.

Parque Ipiranga, definido pelo historiador Juscelino Polonial como um símbolo dos avanços modernos: “Tempo da Qualidade de Vida”

“A definição deste período atual é o da “Qualidade de vida”: um momento em que as pessoas têm opções e não só ficar dentro de casa, sendo que não é preciso gastar para tal. Hoje em Anápolis você tem três parques interessantes que é possível sair, conversar, fazer um piquenique e com isso você melhora a qualidade de vida das pessoas. Isto, necessariamente, não é uma questão econômica, mas é uma questão de qualidade de vida”, explicou.

Importância econômica e reconhecimento no Brasil

A produção industrial, a constante expansão do comércio – cuja tradição se mantém forte – e a prestação de serviços representam um tripé para o desenvolvimento municipal. Ao contrário da avaliação informal, a característica industrial da cidade é apenas uma destas outras três de acordo com estudos promovidos pelo IBGE e o Caged, ligado ao Ministério do Trabalho. Ainda é forte e preponderante as outras duas pontas: prestação de serviços e o histórico comércio da região.

E é na confluência destas três forças que o Produto Interno Bruto anapolino posiciona a cidade na segunda colocação em Goiás, perdendo apenas para Goiânia, enquanto que também insere a cidade na 64ª posição no raking nacional, com R$ 12.714.454 bilhões. O mito de uma cidade acanhada ou interiorana só pode existir nas histórias românticas dos antigos. Para quem vê Anápolis do lado de fora, enxerga uma potência em ritmo de expansão.

Anápolis possui o segundo PIB de Goiás, perdendo apenas para Goiânia, e encontra-se na 64ª posição entre as melhores cidades do Brasil, de acordo com a Revista Exame

Outro dado importante, fruto da conquista recente na construção do que o professor Polonial classifica como a “Era da Qualidade de Vida”, é a chegada da cidade também à mesma 64ª posição entre as melhores cidades do Brasil. O ranking foi criado pela Revista Exame, da editora Abril, que fez um levantamento nacional, levando em conta aspectos sociais, culturais e econômicos.

Mercado

O crescimento populacional vindo com todos os saltos históricos elencados promoveu a demanda no desenvolvimento de outra frente socioeconômica: a pujança de um novo mercado imobiliário. O reconhecimento do auge deste processo a partir do processo de urbanização da cidade, com a criação de parques e praças e principalmente o asfaltamento de setores que há décadas esperavam o benefício, é feito pelo empresário João Emídio.

À frente de uma das gigantes da construção civil da cidade, João Emídio atesta: a partir de 2010 a cidade passou por uma explosão de mercado com alta procura por imóveis

Sócio-proprietário da Construtora Emisa, ele define que, antes dos anos 2000, Anápolis não teve um grande momento para no mercado imobiliário. Segundo ele, o grande ‘boom’ veio em 2010. “Esta foi uma importante data para os empreendedores na área da construção civil, visto que tínhamos, em toda a cidade, vários empreendimentos imobiliários sendo construídos”, disse.

Antes dos anos 2000, Emídio disse que o mercado imobiliário de Anápolis se concentrava na prestação de serviços, principalmente em obras públicas. “Em 2010, realmente, tínhamos cenários favoráveis, tanto em relação à estabilidade econômica do país que tinha o crédito em ascensão, quanto à própria condição da cidade”, arrematou.

Processo de urbanização foi além da infraestrutura e atingiu o seu auge no “Minha Casa, Minha Vida”

O reconhecimento feito pelo historiador Juscelino Polonial e pelo empresário da construção civil João Emídio quanto às mudanças que podem ser consideradas um destes “saltos” no processo de desenvolvimento anapolino tem um viés que foge do conceito clássico de “urbanização”. Isto porque este processo é, muitas vezes, visto como a chega de benefícios em obras para as regiões.

De fato que o carro-chefe para abrir esta “Era da Qualidade de Vida” nos tempos modernos e recentes foi o asfaltamento, mas os números apontam que foi bem além do concreto das obras ou do piche do pavimento. Antes é necessário ressaltar que programa Asfalto Para Todos, iniciado em 2011, conseguiu superar por diversas vezes a sua meta de bairros asfaltados e encerrou seu ciclo com 111 bairros pavimentados. Alguns tinham uma demanda antiga, histórica. Outros, mais recentes, já conseguiram o benefício que é entendido como a porta de entrada para a chegada de outros serviços e, também, para a geração de conforto e qualidade de vida.

Ainda na ideia da urbanização em concreto e ferro, dois viadutos (ou trincheiras) urbanos foram feitos: confluência da Fayad Hanna com Brasil e Universitária com Presidente Kennedy. Mais duas passagens de ligação entre bairros: Progresso ao Parque dos Pirineus, Jardim Europa à região do Bairro de Lourdes.

Outras áreas

O caráter multidisciplinar deste processo começa com o avanço na urbanização social e a inclusão da população em ações do poder público. E, neste sentido, o Esporte cumpriu um papel social estratégico ao atender à demanda esportiva, social, de Saúde e de Segurança Pública. O “Esporte Para Todos” conseguiu atender a mais de 16 mil crianças e jovens, gerando atividades saudáveis, afastando os jovens das ruas, promovendo saúde e integração social.

A versão para o desenvolvimento Cultura, o “Cultura Para Todos”, possuiu abrangência semelhantes: teve uma média de 15 mil beneficiados em todos os seus núcleos e congregou ações e eventos como a abertura do Anápolis Festival de Cinema, do Projeto Literário Anápolis em Letras Fatos e Imagens, do Festival Anapolino de Viola e Encontro de Catira; além da Mostra de Teatro de Anápolis e Festival Nacional de Teatro de Anápolis, Festival Anapolino de Música, entre outros.

Social

O processo que abre a época da qualidade de vida em Anápolis – assim como foi um marco no Brasil – teve uma base sólida no atendimento social. Programas de reconhecimento internacional – elogiado pela ONU, Unicef e Banco Mundial – como o Bolsa Família atendeu mais de 14 mil inscritos. No PETI – programa de erradicação do trabalho infantil – chegaram a ter registros superiores a três mil crianças. O “Cidadão do Futuro”, de profissionalização e encaminhamento ao mercado de jovens da cidade, teve mais de 3.500 participantes desde quando foi criado, em 2009.

Mesmo assim, nenhum outro programa teve alcance social e com potencial de urbanização como o “Minha Casa, Minha Vida”. Entre Março de 2011 e Dezembro de 2016, foram construídas e entregues mais de seis mil unidades, beneficiando mais de 18 mil anapolinos. Com as casas, outros serviços acompanharam, bem como o fomento do comércio regional e a criação de novas demandas que aquecem a economia local. (acompanhe box abaixo de algumas inaugurações).

Um dos marcos do processo de urbanização, envolvendo atendimento social e qualidade de vida: o Residencial Maracanã beneficiou mais de 5 mil pessoas

Alguns residenciais entregues pela Prefeitura

– Copacabana, março de 2011 – 1.125 unidades

– Summerville, maio de 2011 – 256 unidades

– Santo Antônio, julho de 2011 – 122 unidades

– Santo Expedito, maio de 2012 – 287 unidades

– Servidor, outubro de 2012 – 352 unidades

– Leblon, novembro de 2012 – 825 unidades

– Nova Aliança, maio de 2013 – 196 unidades

– São Cristóvão, dezembro de 2016 – 640 unidades

Construídos a partir do PAC 1 e 2

– Vila Feliz – 240 unidades

– Jardim Itália – 200 unidades

– Trabalhador I e II – 90 unidades

– Jamil Miguel – 35 unidades

– Adriana Parque – 31 unidades

Residenciais em construção

– Colorado – 512 unidades

– Polocentro – 146 unidades (inaugurado em 26/07/2017)

Desafio atual é seguir no caminho do avanço de obras e serviços

Com todo este cenário histórico estabelecido, é natural que o caminho imprescindível de Anápolis é se manter no trilho do desenvolvimento, seja ele estrutural e, também, na prestação de serviços do aparelho público para a população, sobretudo o segmento que possui uma dependência maior das intervenções estatais.

Atualmente, a gestão municipal toca apenas uma obra deixada desde 2016: trata-se dos viadutos urbanos ao longo da Avenida Brasil. Isto porque de todas as obras em processo de execução, esta é a única cuja verba está garantida através de empréstimo da Caixa. As demais – como é possível ver no box abaixo – estão em compasso de espera por novos processos burocráticos ou mesmo a autorização do gabinete municipal para a sua retomada.

Obras a serem concluídas 

Grande Porte 

Câmara Municipal de Anápolis

Início da obra: 2014

Estágio da obra: 36%

Restante a ser investido: R$ 10 milhões

Previsão de entrega: Sem previsão de entrega

 

Obras de Mobilidade – Viadutos

Início da obra: 2015

Previsão de entrega: 2017

 

Parque da Jaiara

Início da obra: 2015

Estágio da obra: 80%

Restante a ser investido: R$ 200 mil

Previsão de entrega: Sem previsão de entrega

Educação

(CMEIs)

Campos Elísios

Início da obra: 2015

Estágio da obra: 71%

Restante a ser investido: R$ 1,1 milhão

Previsão de entrega: Sem previsão de entrega

Nova Aliança

Início da obra: 2015

Estágio da obra: 78%

Restante a ser investido: R$ 727 mil

Previsão de entrega: Sem previsão de entrega

 

Pedro Ludovico

Início da obra: 2015

Estágio da obra: 63%

Restante a ser investido: R$ 1,2 milhão

Previsão de entrega: Sem previsão de entrega

 

Santo Antônio

Início da obra: 2015

Estágio da obra: 53%

Restante a ser investido: R$ 1,5 milhão

Previsão de entrega: Sem previsão de entrega

Fabril – Inaugurada em 28 de julho de 2017.

Início da obra: 2015

Escolas

Edinê Rodrigues Gomes – São Jorge – Inaugurada em 23/05/2017

Início da obra: 2016

 

Raimunda de Oliveira Passos – Lapa – Inaugurada em 12/04/2017

Início da obra: 2016 (reforma)

 

Raymundo Paulo Hargreaves – Santo Antônio

Início da obra: 2015

Estágio da obra: 42%

Restante a ser investido: R$ 1,4 milhões

Previsão de entrega: 2017

 

Saúde

Arco Íris

Início da obra: 2014

Estágio da obra: 70%

Restante a ser investido: R$ 71 mil

Previsão de entrega: Sem previsão de entrega

 

Calixtolândia (ampliação)

Início da obra: 2015

Estágio da obra: 95%

Restante a ser investido: R$ 5 mil

Previsão de entrega: Sem previsão de entrega

 

Leblon

Início da obra: 2014

Estágio da obra: 15%

Restante a ser investido: R$ 788 mil

Previsão de entrega: Sem previsão de entrega

 

Parque Iracema – Obra retomada em julho de 2017

Início da obra: 2014

Estágio da obra: 80%

Restante a ser investido: R$ 184 mil

Previsão de entrega: Sem previsão de entrega

 

Parque Residencial das Flores

Início da obra: 2014

Estágio da obra: 55%

Restante a ser investido: R$ 306 mil

Previsão de entrega: Sem previsão de entrega

 

Tropical

Início da obra: 2013

Estágio da obra: 40%

Restante a ser investido: R$ 321 mil

Previsão de entrega: Sem previsão de entregue 

Mudanças na Saúde

Até o ano de 2008, passado as 18 horas em dias úteis, aos finais de semana e feriados em tempo integral, se algum anapolino precisasse de atendimento gratuito em saúde, não havia outra saída a não ser procurar auxílio na mais conhecida unidade de saúde 24 horas da cidade: o Hospital Municipal Jamel Cecílio. De uma simples dor a casos mais emergenciais, o HMJC era a única opção. O resultado disso, à época, era o caos.

Entre 2009 e 2016, uma mudança ocorreu com a criação de mais três unidades de referência com atendimento 24 horas: Cais Jardim Progresso, Cais Abadia Lopes da Fonseca e a Unidade de Pronto Atendimento – UPA 24 horas – a maior do padrão UPA da região Centro Oeste. Hoje, ao contrário de anos atrás, o Hospital Municipal cumpre a sua função em complemento a essa grande rede.

No mesmo período, o número de equipes da Estratégia Saúde da Família – ESF – foi ampliado de 34 para 58. Foram entregues oito novas unidades, além de terem sido reformadas todas as existentes. Atualmente (em 2017), cinco unidades estão em processo de construção.

Anápolis também recebeu centros especializados, como o Cais Mulher. No atendimento odontológico, a atuação do CEOs – Centro de Especialidades Odontológicas – são uma extensão do atendimento que é prestado na atenção básica. Na área da saúde mental, entre 2009 e 2016, foi consolidada uma rede ampliada distribuída em ambulatório adulto; ambulatório infantil, Centros de Atendimento Psico Social, os chamados Caps AD (álcool e drogas), Caps Adulto e Caps Infantil. E para os pacientes vítimas de queimaduras, um ambulatório especializado funciona no Hospital Municipal Jamel Cecílio.

Números da Educação

55 escolas municipais

06 escolas municipais conveniadas

30 Centros Municipais de Educação Infantil (20 deles entregues a partir de 2009)

12 Centros Municipais de Educação

 

 

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