André Pitta: “Campeonato Goiano não perde para nenhum estadual do Brasil”

Entrevista – André Pitta, Presidente da Federação Goiana de Futebol (FGF)

André Pitta foi vice-presidente da Federação Goiana de Futebol e assumiu a presidência em 2007 após a morte do então presidente Wilson da Silveira. Na eleição seguinte, conquistou seu primeiro mandato em 2009. Uma das marcas da gestão de Pitta foi a redução do número de participantes do Campeonato Goiano, que caiu de 12 para 10 clubes em 2010 com o objetivo de melhorar o calendário e o nível de competitividade do torneio. Reeleito para mais quatro anos de mandato por aclamação, Pitta deve comandar o futebol até 2018. O atual mandatário da FGF acredita que, com as mudanças realizadas no Goianão 2016, como a melhor preparação da arbitragem, mais atrativos para o torcedor, além da cobrança pela qualidade nos estádios podem dar o torcedor o espetáculo que merece.

A Voz de Anápolis – Como estão os preparativos para o Campeonato Goiano deste ano?

André Pitta – A Federação tem trabalhado arduamente para realizar um campeonato bem organizado, bom para os clubes e torcedores.

VDA – Houve alguma mudança significativa no regulamento em relação ao torneio do ano passado?

AP – A fórmula de disputa da competição é a mesma de 2016, em atendimento ao Estatuto do Torcedor. A lei prevê que a mesma fórmula deve ser mantida por no mínimo dois anos, após escolhida.

VDA – O começo do Goianão sempre vem junto com outra situação: as recorrentes proibições de uso de estádios, sobretudo no interior, por falta de segurança adequada, de alvarás de Corpo de Bombeiros ou da Polícia Militar. Existe algum trabalho efetivo da FGF para por fim a isto?

AP – Nenhum jogo do Campeonato Goiano é realizado em estádio que não apresente os laudos de liberação da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e de Engenharia. Além dessas exigências a própria FGF se encarrega de interditar alguns, solicitando melhorias, para que o local receba jogos do campeonato.

VDA – A FGF vem acompanhando os casos dos estádios que foram alvos de denúncia do Ministério Público, como em Rio Verde?

AP – Além da intervenção do Ministério Público, a própria FGF interditou o estádio de Rio Verde, com indicação de melhorias a serem feitas. O [estádio ]Mozart Veloso do Carmo somente receberá jogos do Campeonato Goiano se estiver com a situação regularizada e com os laudos de liberação autorizados. Como a situação ainda não foi resolvida, a estreia do Rio Verde como mandante na competição está marcada para Itumbiara, inclusive.

VDA – Por que o Goianão ainda não mudou para pontos corridos? É uma tradição dos estaduais se manterem no sistema de mata-mata e finais?

AP – A fórmula de disputa é definida em Conselho Técnico, com a participação dos clubes participantes. O modelo com finais foi escolhido por ser mais atrativo para o campeonato. A escolha da fórmula é feita por votação e a maioria entende que este modelo é mais adequado.

VDA – Por que houve a volta da disputa por pênaltis na final?

AP – Os clubes entenderam que esse modelo seria melhor e a maioria votou para que houvesse disputa por pênaltis, em caso de igualdade de pontos e saldo de gols nos dois jogos da final.

VDA – No ano passado, o Anápolis, considerado um time do interior, chegou perto do título no Goianão. A fórmula atual do torneio favorece as equipes como o Galo?

AP – Quando se define a fórmula do Campeonato não há a intenção de favorecer um clube ou outro, mas sim de se encontrar um modelo atrativo para o Campeonato, que fique bom para os clubes e torcedores.

VDA – O que será feito pela Federação para aumentar o público pagante neste campeonato goiano?

AP – Nos últimos anos a FGF vem fazendo constantes ações de marketing para atrair público, e conta para isso com clubes, que se relacionam mais diretamente com seus torcedores. Já foram realizadas ações com patrocinadores, na distribuição de brindes, projeto de visitar as escolas, com a intenção de incentivar as crianças a serem torcedores mais conscientes, campanhas de doação de sangue e ações para promover a paz no futebol e levar as famílias ao estádio. Muitas ações são feitas diretamente com os clubes, que ganham transporte, hospedagem e alimentação para todos os jogos em um raio superior a 100 quilômetros de sua sede. Além disso, a FGF custeia as taxas de arbitragem e oferece todo o material esportivo de treinos, jogos e viagens para os clubes que tenham interesse. Entendemos que dessa forma os clubes terão mais recursos para investir na montagem de elenco, e tornar o campeonato mais atrativo.

VDA – Que novidades o torcedor pode esperar na compra de ingressos? Algum tipo de promoção?

AP – Ingressos e promoções são de responsabilidade dos clubes.

VDA – O que falta em termos de organização e estrutura para o campeonato goiano ter o mesmo nível de torneios do sudeste?

AP – Acreditamos que o Campeonato Goiano não perde para nenhum estadual do Brasil, em termos de organização. No entanto, temos que reconhecer que alguns estados há uma maior quantidade de clubes nas principais divisões do futebol brasileiro, o que atrai mais patrocinadores. Dessa forma os clubes têm receitas maiores e conseguem contratar jogadores mais “badalados”. Apesar da diferença econômica, o Campeonato Goiano cresceu muito em visibilidade e importância nos últimos anos. O apoio que a Federação oferece aos clubes, nas questões logísticas e de uniforme, por exemplo, são únicas no país. Isso ajuda nossos clubes a montarem elencos mais fortes.  Estamos trabalhando para oferecer campeonatos cada vez melhores.

VDA – A CBF tem feito uma série de mudanças a fim de otimizar a qualidade dos árbitros, inclusive colocando uma “tropa de choque” para cuidar do assunto. A FGF teve algum cuidado especial para evitar erros decisivos?

AP – Temos uma Comissão de Arbitragem atuante, que está sempre acompanhando a atuação dos árbitros em todas competições e mantém contato diretamente com o quadro, por meio de treinamos e orientações técnicas. Neste ano de 2017 foi realizada uma Pré-Temporada de Arbitragem inédita em Goiás. Os árbitros ficaram hospedados por três dias em um local em Goiânia, Clube de Pesca Lago Verde, onde foram submetidos a atividades teóricas e práticas. Dois membros da CBF vieram do Rio de Janeiro para atuar como instrutores, além dos nossos integrantes da comissão local. Temos um quadro de árbitros qualificado, que atua nos principais jogos dos campeonatos promovidos pela CBF. O trabalho de Goiás na arbitragem tem sido reconhecido, tanto que temos três membros no quadro da FIFA.

VDA – Qual a expectativa dos times goianos que vão disputar campeonatos nacionais, seja na Série D ou mesmo no Campeonato Brasileiro?

AP – Acredito que quem montar um bom elenco e fazer um bom trabalho no Campeonato Goiano, mantendo a base, chega com bastante força para a disputa das competições nacionais na sequência da temporada.

VDA – Qual a avaliação que o senhor faz dos times de Anápolis nos campeonatos: Anápolis, Anapolina – que disputa a Série B do Goianão – e o Grêmio?

AP – O Anápolis é o atual vice-campeão goiano e já demonstrou ser capaz de brigar pelo título. Anapolina e Grêmio Anápolis já foram campeões da Divisão de Acesso. Ambos os campeonatos são muito disputados. É preciso fazer um bom trabalho, com campanha consistente, para se chegar longe e atingir os objetivos nessas competições.

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