Greves voltam à realidade de Anápolis após 10 anos: professores lutam contra cortes

Dez anos se passaram desde que a última greve dos professores ocorreu, em 2008, ainda no Governo do ex-prefeito Pedro Sahium. De acordo com Jocilene dos Santos das Neves, presidente do Sindicato dos Professores – Sinpma – à época e hoje tesoureira, o movimento grevista foi instaurado após uma série de paralisações realizadas em 2007.

“A luta era por reposição salarial e aprovação do Estatuto e Plano de Carreira que estava engavetado. Hoje a luta é por reposição salarial e cumprimento do Estatuto e Plano de Carreira”, elucidou. Em 2008, a categoria reivindicava a implantação da data-base no Plano de Carreira e no Estatuto dos servidores. Em 2018, os professores querem que estas conquistas sejam respeitadas. A greve terá início oficialmente nesta segunda-feira (7), a partir das 7 horas.


Presidente do Sinpma, Márcia Abdala e a tesoureira, Jocilene dos Santos, em coletiva de imprensa sobre a assembleia que deliberou
Sobre a greve dos professores

O Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos foi aprovado em 2009, no governo do então prefeito Antônio Roberto Gomide. Para a professora Lucimara Cristina Borges da Silva, que estava no estágio probatório quando a última greve da categoria eclodiu, as duas greves fazem parte de “contextos diferentes”.

“Na época, nós estávamos brigando para que nós conquistássemos os direitos trabalhistas. Porque até então nós estávamos com o plano de carreira totalmente desatualizado e nós não tínhamos – os nossos direitos trabalhistas não eram atualizados diante da lei maior. Ainda não existia o piso nacional e nós estávamos com uma defasagem salarial muito alta”, explicou.

Ela informou que foi a única da sua escola a participar do movimento grevista à época, o que chamou de um ato de “coragem”. “Uma pessoa que estava recém-integrada como efetiva no município de Anápolis já chegou participando de um movimento grevista para que os direitos fossem conquistados”, relembra.

A professora Lucimara ressalta ainda que o objetivo hoje é garantir que os direitos conquistados pela Lei 211/2009, a chamada Lei do Magistério anapolino. “Precisamos que estes direitos sejam garantidos e é isso que estamos pleiteando neste movimento grevista”, destacou. Ela ressalta a “expectativa” dos professores e exalta a união dos trabalhadores, que “faz a diferença” para uma “grande mudança”.

Um dos direitos reivindicados é o reajuste de 6,81%, que em Anápolis não foi cumprido. O sindicato informou que os professores receberam 2,95% de aumento neste ano e cobram da Prefeitura a correção de 3,75%. A falta de estrutura de trabalho, de recursos e a ausência de diálogo entre Roberto Naves e a categoria também são pauta das reivindicações.

Pais

Apesar da divulgação de informações em redes sociais de que a greve não teria o apoio da população e que o sentimento era de prejuízo dos alunos, vários cidadãos manifestaram sua solidariedade aos professores. Um pai de alunos  comentou sobre o movimento grevista.

“Sou pai e eu apoio totalmente os direitos que vocês merecem”, afirmou. Ela ainda comentou sobre a “grande injustiça com essa classe tão importante para o futuro de nossos filhos”. “Esse prefeito é uma vergonha”, destacou ainda.

Legalidade do movimento grevista

Diversos professores falaram em “perseguição” do prefeito Roberto Naves à categoria depois que a greve foi deflagrada, no dia 3 de maio, quinta-feira. “O Prefeito fez reunião com diretores ontem a tarde (sexta-feira)”, informou uma das professoras.

Neste sábado (5), uma nota foi enviada pelo Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Anápolis, reivindicando a “legalidade” do movimento grevista. Confira na íntegra.

Greve dos professores foi deflagrada nesta quinta-feira (3), durante assembleia da categoria

NOTA DE ESCLARECIMENTO

O Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Ensino de Anápolis, vem por meio deste, esclarecer sobre a Legalidade da Greve Geral dos Professores de Anápolis.

Com várias tentativas de negociações frustradas entre o Sindicato e o prefeito, para que fossem cumpridos os direitos previstos no Estatuto do Magistério, foi convocado, no dia 3 de Maio de 2018, conforme o Estatuto, Assembléia Geral, amplamente publicada em jornal de grande circulação local, para os professores decidir sobre a greve geral que teve como resultado a aprovação pela a maioria que ali se encontrava.

Foi enviado ofício ao poder executivo, informando-lhe, da decisão em Assembléia e que a categoria estaria em greve geral por tempo indeterminado a partir do dia 7 de Maio de 2018, ou seja, 72 horas de antecedência, em conformidade com a Lei de Greve.

A legitimidade da greve é de fácil compreensão, pois de acordo com a Lei, é assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. No caso em comento, os professores, reivindicam o Piso Salarial Nacional que não foi pago na integralidade, as Progressões Verticais, Horizontais e Titularidades não concedidas de acordo com o Estatuto do Magistério do Município de Anápolis, sofrendo dessa forma, o professor, com o total descaso por parte da Administração Pública.

Concluindo, o Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Ensino de Anápolis, cumpriu todas as formalidades legais da greve e contradiz toda informação de ilegalidade da greve, que vem circulando por meio de mídias e redes sociais.

Anápolis, 05 de Maio de 2018

Lista das escolas que aderiram à greve – pode ser atualizada a qualquer momento

1.Escola Municipal Clóvis Guerra
2.Escola Municipal Ayrton Senna
3.Escola Municipal Antônio Constant
4.Escola Municipal Cora Coralina
5.Escola Municipal Manoel Gonçalves da Cruz
6. CMEI Célia Maria
7. Escola Municipal Moacyr Romeu Costa
8. Escola Municipal Professora Nadyr de Souza Andrade
9. CMEI Cristiane Alves
10. Escola Municipal Esther de Campos Amaral
11. Escola Municipal Wady Cecílio
12. CMEI Jandira Bretas
13. Escola Municipal Rosevir Ribeiro de Paiva
14. Escola Municipal Lindolfo Pereira da Silva
15. Escola Municipal Edinê Rodrigues Gomes
16. Escola Municipal João Amélio da Silva
17. CMEI Carlos Drummond
18. Escola Municipal Dr Adahyl Lourenco Dias
19. Escola Municipal Maria Elizabeth Camelo
20. CMEI Maria Capuzzo 21.Cremonez.
22. Pelicano
23. Paulo Hargreaves
24. Cmei Anita Malfati
25. Cei Betesda Primavera
26. Escola Betesda
27. Cmei Cinthya
28. Escola Dinalva Lopes
29. Cmei Cibele T. Teles
30. Escola Municipal Pedro Nunes Moreira
31. CEI Pioneira
32. CMEI Leonor
33. CMEI Rettie
34. Escola Air Borges
35. Ildefonso Limiro
36. Lena Leão
37. Escola Deputado José de Assis
38. Realino José de Oliveira
39. Cmei Casimiro de Abreu
40. Escola Municipal Pedro Ludovico
41. Cmei Cupertino
42. Escola Municipal Lions Anhanguera
43. Escola Municipal Afonsina Mendes do Carmo

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