Após paralisação, luta dos servidores públicos ganha força contra cortes da Prefeitura

Apesar de todas as tentativas do gabinete Municipal de barrar a paralisação dos servidores públicos municipais no dia 26 de abril, quinta-feira, a Prefeitura não conseguiu impedir a mobilização de mais de mil trabalhadores que primeiramente lotaram a Praça do Ancião.

Depois, partiram rumo à Avenida Goiás, passando pela Rua General Joaquim Inácio e depois seguindo até a Praça Americano do Brasil. A paralisação foi literalmente ‘boicotada’ pela Prefeitura Municipal que, de acordo com os manifestantes, ignorou as reivindicações e todas as demandas dos Servidores Públicos.

Mais de mil trabalhadores participaram da paralisação

Alguns trabalhadores que não quiseram se identificar disseram que alguns secretários, gerentes e prepostos passaram “de sala em sala” para fazer “terrorismo” contra os servidores públicos, para que estes não participassem da manifestação. Um exemplo foram os trabalhadores fiscais de trânsito, que não participaram da paralisação.

Apenas o seu presidente, Hélio Cândido Serafim, esteve presente e lamentou a falta dos fiscais: “Basicamente, não temos nada. Não temos o respeito, não temos o trabalho voltado para o trânsito em função da nossa administração. E o que se lamenta muito é que hoje estão os fiscais deixando de cumprir o seu dever, deixando de fazer o acompanhamento dessa movimentação, por certo – já estava tudo combinado – por força lá na companhia. Lamento que os fiscais não tenham tido força o suficiente para enfrentar uma administração que não tem absolutamente nada a oferecer”.

Presidente do Sindicato dos Fiscais de Trânsito, Hélio Serafim lamenta ausência dos fiscais por pressão do gabinete municipal

Professores

Prova de que o movimento de luta contra os cortes da gestão Roberto Naves ganhou força foi o movimento em torno da categoria dos professores. Os servidores presentes na paralisação deliberaram por um indicativo de greve, que será decidida no dia 3 de maio, em assembleia no sindicato que os representa.

A professora Kelly Silva readaptada perdeu no ano passado seu direito ao adicional de regência, conquista histórica da categoria no município. “Ele (prefeito) está passando uma falsa imagem da Educação. Ele está passando uma propaganda de que teve reajuste. Nós não tivemos reajuste na proporção que é aceita. Ele quis uma condição de negociar e não está cumprindo com a palavra dele”, destacou a profissional da Educação.

 

Saúde

A Saúde parece ser o gargalo da gestão Roberto Naves. Além de falhas graves denunciadas pela população, como a falta de insumos aos diabéticos, o prefeito precisa encontrar uma maneira de acertar as contas com o funcionalismo público. Esta categoria também apresentou suas queixas durante a paralisação.

Camila Juliana, agente de combate a endemias, listou inúmeras reivindicações dos trabalhadores: “Nós estamos reivindicando melhores formas de trabalho, os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) que nós não estamos tendo, o vale-refeição, que eles falaram que a gente tinha direito, as 30 horas que já foram votadas e eles falaram que a gente poderia estar utilizando e ainda não foi colocada para a gente, periculosidade, insalubridade”.

Ela informou que os servidores da Saúde não estão dispostos a parar a luta por melhores condições de trabalho. “Até o máximo, até o nível máximo a gente está disposto a ir”, declarou.

Agente de endemias Camila Juliana está disposta a ir “até o máximo” por seus direitos

Centralizada

E por fim, os trabalhadores da Administração Centralizada enfrentaram a resistência do Gabinete Municipal e lotaram ruas de Anápolis junto aos demais servidores. Esta categoria representas fiscais de edificações, trabalhadores ligado à Secretaria de Obras, profissionais de higiene das escolas, arquitetos, engenheiros e demais categorias.

O fiscal de edificações Fausto Mendes reclama que trabalha como graduado, mas recebe salário de nível médio. Segundo informou, o gabinete municipal ainda não deu encaminhamento à adequação do cargo ao trabalho diário. “Nossa reivindicação vem desde a campanha do senhor Roberto (Naves)”, explicou. Naves informou durante a campanha eleitoral que “resolveria” o problema.

Está em análise no gabinete do prefeito Roberto Naves a revisão do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos do município. Trabalhadores reclamam que os servidores tem pouco ou quase nenhum direito de opinar sobre o tema. Eles informam que não são recebidos pelo prefeito com facilidade.

Fiscal de edificações trabalha como profissional de curso superior, mas recebe como se tivesse apenas ensino médio

Resistência

É curioso notar que no dia da paralisação realizada nesta quinta-feira, dia 26 de abril, o secretário Geraldo Lino da Fazenda veio a público, em entrevista a veículos de comunicação, dizer justamente o contrário do que os mil trabalhadores estavam dizendo.

Em um 2018 em que os trabalhadores de Anápolis tiveram o menor reajuste salarial em dez anos, Lino tomou a palavra para dizer que direito algum foi retirado dos trabalhadores. A fala do secretário gerou uma nota de repúdio do SindiAnápolis, que representa os trabalhadores da Administração Centralizada.

Legislativo

A paralisação contou com mil trabalhadores, que resistiram à pressão do Gabinete Municipal – dias antes da mobilização, propagandas oficiais circularam em veículos de comunicação de Anápolis buscando ridicularizar a paralisação. Os trabalhadores presentes representam mais de 8 mil servidores das quatro categorias – quase 30 mil pessoas, se forem levadas em consideração as famílias.

O vereador Antônio Roberto Gomide este presente em apoio aos servidores públicos municipais e falou sobre a atual política de cortes de direitos do prefeito Roberto Naves: “o importante é a Prefeitura, o prefeito municipal cumprir aquilo que determina a lei. Os servidores públicos municipais hoje têm uma legislação, que não tem qualquer possibilidade de retrocesso em relação à questão salarial. Tem um Plano de Cargos e Salários, que foi fruto de muita conquista”.

Vereador Antônio Roberto Gomide esteve na paralisação em apoio aos servidores

“O que nós estamos vendo hoje, desde o ano passado e neste ano, é um desmonte da rede pública, seja na qualidade, seja na construção das creches, a não entrega das creches que estavam sendo construídas. Na área da Saúde nós estamos tendo um sucateamento muito grande, principalmente na Atenção Básica. Nós estamos vendo na infraestrutura servidores que não têm sequer o vale-alimentação para fazer os dois períodos”, pontuou o vereador Antônio Gomide.

Gomide destacou que as reivindicações dos trabalhadores são legítimas, mas falta ao gabinete municipal “dar atenção ao servidor, dialogar com o servidor, não tirar aquilo que está na lei, que são os direitos dos trabalhadores”. Ele criticou ainda a propaganda oficial em veículos de comunicação, que mostra uma falsa realidade dos servidores.

 

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