Bastidores – Edição 062

Para vender Celg, Governo de Goiás abriu mão de R$ 8,4 bilhões de ICMS até 2045

A Celg D, vendida recentemente pelo governo Marconi Perillo (PSDB) para uma empresa italiana, tem receita líquida anual de R$ 4,5 bilhões. Desses R$ 4,5 bilhões, cerca de R$ 900 milhões a R$ 1,1 bilhão são repassados anualmente ao governo do Estado via ICMS – que é o mais caro do Brasil. Em 28 anos, haverá renúncia deste valor por acordo das duas partes, o que totaliza um total de cerca de R$ 8,4 bilhões de receita de ICMS que o Estado deixará de arrecadar.

O procedimento contou com a aprovação da Assembleia. Pelo projeto, o Estado ainda fica autorizado a conceder crédito presumido do ICMS à Celg à ordem de 30%. Isto significa que no mínimo R$ 300 milhões anuais serão “doados” pelo Estado à Enel, empresa italiana que agora é dona da Celg. O acordo vale até o dia 7 de julho de 2045.

Há ainda um detalhe matematicamente ainda mais assustador envolvendo a negociação: o valor de R$ 8,4 bilhões é mais de dez vezes maior do que a Enel pagou ao Estado pela privatização da Celg, que foi perto de R$ 800 milhões

Tô de olho

Em 55 dias a prefeitura mudou o nome do antigo GGIM para “Observatório”. Enquanto isto, observou Anápolis ter, em pouco mais de um mês, mais de 50 homicídios. Agora, este Observatório comemora um estratosférico resultado: reduziu à casa dos 81% os crimes cometidos no Parque Ipiranga. É de se arregalar os olhos mesmo.

Dúvida

Valeriano Abreu afirma que as acusações de que cometeu agressão física são peças montadas para prejudicá-lo. “Existe uma tentativa de denegrir a minha imagem”, disse. Questionado na São Francisco que, se ele “perdeu a eleição e ocupa o mesmo cargo há oito anos, porque alguém ia querer lhe prejudicar”, Abreu disse “não saber porquê”.

Memória

Em entrevista na edição 061, a secretária de Saúde, Luzia Cordeiro, elogiou uma lei da época de Pedro Sahium que garantiu distribuição de insulina aos diabéticos de Anápolis. Acontece que a lei foi enviada pelos vereadores ao Executivo que vetou. O veto voltou à apreciação dos vereadores que derrubaram o veto do então prefeito, que não queria sua aprovação.

Venha!

Durante a prestação de contas do último quadrimestre de 2016, João Gomes ficou encarregado de realizar os esclarecimentos do relatório aos vereadores. O prefeito Roberto Naves não ia à Câmara, mas foi literalmente convocado por Jakson Charles. O líder do prefeito estava visivelmente preocupado ao telefone com a reunião comandada pelo ex-prefeito. “Eles vão fazer a festa”, disse ele ao prefeito que, rapidamente, apareceu.

É pouco?

A aparição foi tão relâmpago quanto a sua saída. Naves fez a fala de abertura e poucos minutos depois estava deixando o legislativo. A saída fez com que o vereador Antônio Gomide questionasse, na sessão plenária seguinte: o que o prefeito tem de mais importante que a prestação de contas da sua cidade?

Aula

A exemplo de Anápolis, o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, esteve na Câmara para a prestação de contas do último quadrimestre de 2016. Mas, diferente do prefeito anapolino, o decano da política fez incendiado discurso de união e permaneceu nas quase quatro horas de apresentação das contas.

Saia Justa

Presidente da Facieg, o empresário anapolino Ubiratan Lopes cometeu gafe que deixou muitos sem graça. Em evento social, Lopes abriu seu discurso na presença de Marconi Perillo e outras lideranças, e cumprimentou o prefeito “Roberto Gomide”. Constrangimento total. O prefeito Roberto Naves, presente à reunião, deu um jeito de sair mais cedo do evento.

Bela camisa

Empresários, aliás, têm encontrado dificuldades de conseguir uma agenda com o prefeito. Dizem já estar “cansados” de conversar com Gerson Santana, chefe de gabinete. “Acho que só se comprar uma camisa da Falacci dá para conversar com o prefeito”, ironizou um dos empresários. Gerson foi proprietário da loja de roupas masculinas por muitos anos.

Pensante

Jakson Charles, líder do Executivo na Câmara, é um dos nomes mais influentes nas decisões políticas do Executivo. Tem participado das agendas mais íntimas da gestão para dar o tom político nas ações, inclusive junto aos secretários.

Altas horas

O próprio Charles indicou que tem participado de decisões estratégicas. A última delas aconteceu no domingo (20). “Fiquei até as 11 horas da noite discutindo a questão do Uber junto com o prefeito e com o diretor da CMTT”, confessou em plenário.

Informe

Durante a prestação de contas do seu último quadrimestre, o ex-prefeito João Gomes explicou aos vereadores que a dívida fundada da Prefeitura sofreu decréscimo durante as gestões dele e de Antônio Gomide. “As dívidas que passamos oito anos pagando são de precatórios de gestões anteriores”, disse.

Dois tons

Rubens Otoni (PT) e Alexandre Baldy (PTN) se reuniram com o Executivo municipal a fim de oferecer parcerias para projetos na cidade. Com Baldy, a reunião teve tom conciliador após o estremecimento dele com Jovair Arantes no episódio da disputa da presidência da Câmara.

Tá onde?

Carlos Toledo, diretor da CMTT, afirma desconhecer onde estão os projetos do BRT, integrantes do PAC – Mobilidade, iniciados por João Gomes. Toledo espera ter acesso aos documentos para iniciar a retomadas dos trabalhos.

Cadê o meu?

Integrantes do PMN promoveram desfiliação em massa da legenda. A alegação é a desatenção que receberam da presidência regional. Extra-oficialmente, a insatisfação passa diretamente pela indicação de nomes do PMN de Goiânia para cargos na prefeitura em detrimento dos nomes de Anápolis.

Suruba

“Se é suruba, é para todo mundo”. Com esta frase o senador pelo Amapá, Romero Jucá (PMDB) defendeu a manutenção do afamado “foro privilegiado” para todos os políticos em Brasília. Questionado, Jucá recuou e disse ter feito “uma brincadeira”.

Registro

A Secretaria de Educação realizou – pelo sistema de dispensa de licitação – a locação de dois contêineres da empresa Real Container ao custo mensal de R$ 7.590,00. O objetivo é armazenar merendas escolares.

Do grupo

A notícia da manobra para fazer Gustavo Rocha o novo ministro da Justiça é outro sinal de que o grupo que promoveu o impeachment de Dilma para conter a Lavajato segue unido, apesar de tudo. Rocha é o advogado de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e atualmente preso em Curitiba.

Entre amigos

A tentativa anterior à Rocha era do advogado Carlos Velloso, que é amigo e também advogado de Aécio Neves em ações que envolvem a própria Lavajato. Velloso previu o desgaste e os conflitos e declinou do convite.

Brasília, não

Em evento realizado em Goiânia, o senador Ronaldo Caiado (DEM) descartou a participação em qualquer chapa para a Presidência da República. “Agora, não, O nosso caminho é a disputa pelo Governo de Goiás”, anunciou.

Agenda ruim

Caiado, aliás, teve de receber um grupo de candidatos do PTC e do DEM que se aliançaram nas eleições de Anápolis em 2016. Eles reclamam que foram abandonados por Pedro Canedo e Carlos Toledo, após o pleito, e não foram contemplados. Segundo o grupo, Caiado vai precisar deles para firmar sua candidatura em Anápolis.

Ciúmes

A nova unidade do Procon, inaugurada em Dezembro, teve sua placa retirada da recepção. Nela, havia o nome de prefeito que inaugurou o espaço, João Gomes, Israel Rodrigues, diretor do Procon à época, e do homenageado: o edifício leva o nome de Fabrício Tavares, morto em 2008, em acidente de avião. O Procon é comandado por Valeriano Abreu, candidato derrotado em 2016. Abreu disse que não tirou, mas que a placa “foi mal colocada e caiu”.

Quase parando

A precariedade na transmissão das sessões plenárias da Câmara Municipal, bem como a demora para a publicação de documentos das sessões, como as Atas, no site oficial distancia ainda mais o trabalho dos vereadores da população. A missão do presidente Amilton Filho, de levar o trabalho do legislativo ao alcance da população, fica ainda mais difícil de acontecer.

Sarney livre

Contrariando o relator da Lavajato, Edson Fachin, e o ex-ministro Teori Savascki, que determinaram que as investigações envolvendo José Sarney fossem enviadas à Justiça Federal do Paraná, os ministros do STF decidiram que as citações a ele feitas por Sérgio Machado estão diretamente relacionadas a outros políticos com prerrogativa de foro no STF e, portanto, devem permanecer no Supremo.

Estratégia

A saída de José Serra da Chancelaria do Governo Temer foi justificada como um problema de Saúde. No entanto, paira sobre o fato a desconfiança de que o Governo passará por ainda mais baixas que podem comprometer quem está dentro. Por fim, Serra viu-se apagado na função que desempenhava.

Recado

Do sempre surpreendente Papa Francisco, que vem reformulando o pensamento da Igreja Católica no mundo: “É melhor ser ateu que ser católico hipócrita”.

Dia-a-Dia na Câmara Municipal

Mauro Severiano (PSDB) cumpre seu sétimo mandato parlamentar em Anápolis e, nesta semana, destacou sua independência junto ao poder Executivo. Mauro, no entanto, é o vice-líder do prefeito. Fica a cargo dele e de Jackson Charles promover a defesa institucional da gestão.

“Não se pode colocar um bandido para dirigir um carro particular e dizer que é bom para a população”, disse Lélio Alvaranga sobre a chegada do Uber na cidade. “Sou totalmente contrário a isso”, emendou.

“Que agenda mais importante tinha o prefeito de Anápolis para não comparecer a uma reunião em Brasília com o Ministro da Educação, com o governador de Goiás, a secretária de Educação e os prefeitos de diversas cidades, incluindo de Aparecida”? – questionou o vereador Antônio Gomide sobre a ausência do prefeito na agenda na capital federal.

Pelo menos três vereadores tentaram explicar quais os compromissos que o prefeito cumpria, justificando sua ausência em Brasília. O líder Jakson Charles, o vice-líder do Executivo, Mauro Severiano, e, ainda, Jean Carlos, do PTB. Cada um apresentou uma agenda diferente para o mesmo horário.

Jean Carlos, do PTB, destacou a fala de Antônio Gomide, sobre diminuição da dívida fundada – aquela que vem acumulando-se de diversas gestões na cidade – durante as últimas gestões. “Subiu um pouco por causa da dívida vinda das obras do viaduto”, completou.

Vilma Rodrigues, do PSC, usou o plenário para reclamar o que considera uma “incapacidade dos funcionários da Urban” em tratar pessoas com deficiência no transporte coletivo.

Mauro Severiano (PSDB) contou no plenário o que chamou de “uma piada”: o fato das pessoas dizerem que os vereadores recebiam dinheiro para falar bem da TCA. “ E dessa aí, cadê”, indagou, o vereador, para um olhar misteriosos de todos que acompanharam a fala.

Geli Sanches mostrou preocupação com o modelo apresentado pela Secretaria de Educação de “voucher” da Educação, que considera um tipo de terceirização. “Não deu certo nos EUA, na Argentina, no Chile. E na verdade é um tipo de OS que vem para privatizar a educação pública”.

Indelicado, Mauro Severiano perdeu a compostura ao dizer que o colega vereador Luiz Lacerda “não sofre de diabetes, mas de surdez” porque, segundo ele, Lacerda ouviu algo que ele não havia dito.

Jakson Charles afirma que Márcio Cândido tem “competência e formação” para representar o prefeito em reuniões em Brasília. “Não pode ficar tudo debaixo da saia do prefeito, não”, disse.

Domingos Paula (PV) ressaltou os dois primeiros meses de atuação de Amilton Filho (SD) na presidência da Câmara Municipal. “Tem garantido o necessário para que todos os vereadores possam desenvolver seus trabalhos junto à população”, comentou.

 

Jean Carlos cobra sequência do trabalho da atual gestão na erosão localizada na Avenida Leopoldo de Bulhões. “Tem de continuidade no projeto que já consumiu R$ 3,2 milhões naquela área. E deve virar um parque”, sinaliza.

 

Lélio Alvarenga vem demonstrando uma imensa facilidade para se auto-elogiar. Em suas ponderações, invariavelmente, consegue incluir uma façanha de sua autoria. Alvarenga é um o mais ativo dos novatos na Câmara.

 

Jakson Charles afirmou a quem discordou de suas posições quanto ao “incentivo de blitzen” que tem “coro grosso e bala na agulha”. Segundo ele, seu nome foi retratado de forma desrespeitosa nas redes sociais.

 

Thaís Souza (PSL) usou a tribuna para destacar o relatório da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), que revela que o Brasil está entre os dez países mais perigosos para o exercício da profissão de jornalista em todo o mundo. “Jamais teremos uma democracia forte e inabalável sem plena liberdade de imprensa”, afirmou Thaís.

 

Teles Júnior (PMN) usou a tribuna para exaltar os eventos religiosos realizados em Anápolis durante o período de Carnaval. Já Pastor Elias Ferreira (PSDB) apresentou Moção de Pesar à família do pastor Valdivino Alves dos Santos, morto aos 70 anos de idade em Anápolis, na terça-feira (21).

Já para Mauro Severiano, as reclamações nas redes sociais da atuação dos vereadores foram de “candidatos que perderam a eleição, que tiveram 30, 40 votos e querem estar aqui”. “Eles querem chegar ao poder de qualquer jeito”, disse.

O mesmo Mauro Severiano classificou o trabalho realizado pela empresa de transporte coletivo Urban como “escravidão branca”. E mandou os gestores irem “para o raio que o parta”. Segundo ele, o serviço da TCA era melhor que o atual. A empresa que deixou o serviço perdeu a licitação na cidade.

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