“Bolsonaro é uma ameaça à democracia”, diz Francis Fukuyama, mentor de Reagan e Thatcher

Francis Fukuyama é doutor em Ciência Política pela Universidade de Harvard e foi um dos mentores dos governos de Ronald Reagan e da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. Autor de um dos livros mais aclamados e polêmicos sobre Economia e Ciência Política, “O Fim da História”, Fukuyama concedeu entrevista recente sobre o cenário político mundial e a ascensão de líderes populistas nacionalistas.

Para o professor, a democracia ainda irá sobreviver, mas segue em risco por conta da dissipação de um discurso nacionalista, entre eles o do deputado Jari Bolsonaro (PSL), pré-candidato à Presidência da República.

Questionado em entrevista concedida à Folha de S. Paulo sobre a possibilidade de o nacionalismo populista ser um risco para o sistema político brasileiro, disse: “Bolsonaro representa uma verdadeira ameaça à democracia. Subjacente a isso, há uma polarização social no Brasil, que transformou em luta ideológica o que começou como campanha anticorrupção”.

Fukuyama lembra que a democracia liberal está construída sobre três pilares: um Estado que concentra poder e o utiliza pelo bem dos cidadãos; a igualdade de todos perante a lei; e mecanismos de controle do poder, como eleições livres.

Em seguida, chama a atenção para um aspecto grave: líderes populistas nacionalistas usam esse terceiro pilar para chegar ao poder e, a partir de dentro, corroer os outros dois. Ou seja, a legitimidade do processo democrático transforma-se em arma contra a própria democracia.

 

Lula

O professor, hoje conferencista mundial, concorda com os avanços da Lavajato. “O Brasil tem os tribunais mais fortes e independentes da América Latina, bem como uma imprensa livre. Apesar das notícias deprimentes de meses recentes, acho que os brasileiros devem se orgulhar disso”, disse. Ele não revelou, no entanto, quais seriam estas “notícias deprimentes”. Fukuyama preferiu não responder sobre a condenação de Lula (PT): “Esse é um assunto muito complexo que não quero abordar nesta entrevista”.

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