Com alto crescimento populacional, Região Sudoeste sofre com violência e falta de ações na Segurança Pública

Enquanto moradores reclamam da falta de segurança nos bairros da região, Polícia Militar garante trabalho ostensivo em área de maior incidência; Já a Civil promete delegacia para a região e a Prefeitura alega contribuir com as duas instituições

 Paulo Roberto Belém

A região sudoeste de Anápolis foi uma das que mais tiveram crescimento populacional nos últimos 10 anos. Cortada pela Avenida Pedro Ludovico, uma das vias mais importantes da cidade, dezenas de bairros cresceram, ou se estabeleceram na última década. É o caso do Residencial Copacabana, inaugurado em 2011 e que agregou mais 1.125 famílias à região. E, se na cadeia de prioridades para esta população, Educação e Saúde lideram, a Segurança Pública é um item que sempre rondam as demandas daquela região.

Por conta de vários relatos de insegurança de moradores, a Voz de Anápolis visitou setores da região e foi ouvir da população como ela avalia a situação da segurança pública da região. E justamente na Avenida Pedro Ludovico, o primeiro exemplo da sensação de medo. A empresária Laís Carvalho possui uma farmácia na avenida próxima ao Residencial Copacabana e diz que só no ano passado o seu estabelecimento foi assaltado 12 vezes. “Este ano foi bem menos, duas, mas não foi porque a segurança aumentou, mas sim porque eu mudei os hábitos do meu comércio”, diz ela.

Grades

Comerciante na área do varejo de bebidas no Vivian Parque, Wanderleia Ribeiro alega que são as grades do seu estabelecimento que protegem o seu patrimônio. “Não tem hora. Dia ou noite, estamos trancafiados. Acredito que por isso, nunca fomos assaltados”, comemora a comerciante que se diz ser uma exceção na região. Entretanto, ela não deixa de se preocupar com o assunto. “Meus vizinhos já foram assaltados e quando acontece alguma coisa, até que chamam a Polícia, não adianta mais nada”, contou a comerciante.

A comerciante Wanderleia Ribeiro, grades no comércio e câmera em casa: “prefeito precisa cobrar a polícia”

Já na sua casa, no setor Reny Curi, Wanderleia disse que não está protegida por grades, mas por câmeras de monitoramento. São das câmeras que ela observa qualquer situação estranha. “Já vi pelas câmeras pessoas serem assaltadas”, diz. Perguntada sobre qual seria o remédio uma segurança pública mais efetiva, ela é precisa. “Tem que ter policiamento? Tem! Mas também tem que ter aquela pessoa que cobre isso, o prefeito é um deles. O prefeito também tem que investir em segurança”, comenta.

Risco

O aposentado Jesus Ferreira, morador da Vila União, assimila a falta de segurança relembrando o tempo que o costume de ficar sentado na porta de casa era uma das suas rotinas. “Final de tarde era tradição e nisso a gente via pessoas passando para lá e para cá. Hoje, todo mundo fica preparado”, relata.

O aposentado Jesus Ferreira mudou seus hábitos por medo da violência: ficar na porta de casa passou a ser arriscado

Ele também é crítico quando fala que segurança é feita com a participação de várias instituições. “Polícia Militar, Civil e homens de preto são importantes, mas se não tiver uma rede de assistência nos bairros de nada adianta. Tem que ter esporte, cultura, tem que ter atividade para essa garotada que acaba se tornando as pessoas de quem a gente tem mais medo”, dispara.

Polícia Militar afirma realizar trabalho ostensivo e preventivo

O comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Dakson Lima, disse que, além do patrulhamento de rotina, a corporação tem buscado diálogo ativo com a população desta região através de visitas e reuniões comunitárias. “É um trabalho ostensivo e preventivo”, define. De acordo com o comandante, policiais têm trabalhado nas ruas da região com abordagens, mas também estão concentrando a oportunidade em que o os policiais trocam informações visando a orientação dessas pessoas para se protegerem e contribuírem com o trabalho da polícia.

Dakson Lima, comandante do 4º Batalhão: diálogo ativo com a população da região

O comandante comemora esse método. “Reduzimos drasticamente os índices de criminalidade não só daquela região. Por isso, vamos continuar fortalecendo esta ideologia, expandindo-a para toda a cidade. O caráter comunitário é bastante importante no ambiente em que a participação da população é essencial”, concluiu.

 Distrito Policial

Outra medida que pode contribuir com a sensação de segurança da região foi sinalizada pelo delegado regional de Anápolis, Fábio Vilela. Há cinco semanas, ao explicar a transferência da 2º Delegacia de Polícia para a sede da Delegacia Geral, quando a Prefeitura reivindicou a necessidade de manter alugado um imóvel para sediar tal distrito na região central, ele disse que uma das justificativas para que concordasse com a transferência era de que este 2º DP deveria, por questões logísticas, ser localizado na região sudoeste, justamente a que contempla os bairros dos moradores entrevistados.

Fábio Vilela, da Polícia Civil, espera ação da Prefeitura e da Secretaria de Segurança Pública para instalar uma nova delegacia na Avenida Pedro Ludovico

Para ele, não existe bairro ideal para instalação da delegacia na região, mas a exigência é que seja um local que tenha linha de ônibus comum para todos os setores. “A localização ideal é a Avenida Pedro Ludovico”. Nesse sentido, perguntando em quanto tempo a população terá perto este Distrito Policial, o delegado informa que já pediu para a Prefeitura que fosse oportunizado o aluguel de outro imóvel. “O que poderia ser feito é isso. A Assessoria de Segurança do Prefeito e a Secretaria de Segurança Pública do Estado entrarem em acordo para viabilizar uma solução provisória, quer seja um imóvel alugado ou outra”, afirmou Vilela.

Enquanto espera essa solução político-burocrática, ele disse que suas equipes estão empenhadas na busca de um imóvel apropriado para que assim que receber o aval para o aluguel, poder fazer isso mais rápido. “É a região mais pobre da cidade e um estudo de criminalidade já comprovou a necessidade de um distrito”, arrematou.

 

Assessoria de Segurança de Anápolis diz que contribui com ambas as corporações

O assessor do Observatório de Segurança da Prefeitura, Glayson Reis, também entende que a parceria com a comunidade é essencial para a segurança pública. “Firmamos parceria com as associações de moradores de bairros para que possamos buscar informações e transformá-las em ações práticas para aquela região, bem como em todas as outras”.  Nisso, ele disse que a participação da Prefeitura para a segurança da região vem, primeiramente, do reforço do policiamento com militares que possuem banco de horas com a Prefeitura. “Redimensionamos os homens que prestavam guarda de prédios (atividade meio) para a atividade fim, que é o policiamento nas ruas”, disse.

Sobre a informação do delegado regional Fábio Vilela, ele disse que a Prefeitura só está esperando o delegado vir com o imóvel apropriado para firmar um novo aluguel para abrigar a 2ª Delegacia de Polícia naquela região. “Ele já está autorizado. Basta ele avisar a gente”, esclareceu.

Sobre a implantação da guarda municipal, promessa de campanha de Roberto Naves, Reis disse que os estudos estão finalizados contendo, inclusive, impacto financeiro e número de homens. “Chegamos à expectativa de homens que deve ficar em 150 (número mínimo). Até o fim do ano, lançaremos ou o edital do concurso ou outra forma de iniciar as providências para implementar a guarda municipal”, finalizou.

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