Comparação: Líderes do Prefeito e da Oposição na Câmara avaliam 1º ano da gestão Naves

Os vereadores Jakson Charles (PSB) e Antônio Gomide (PT) fizeram ainda uma análise ampla da gestão atribuindo, ao final, uma nota geral para a administração do prefeito Roberto Naves (PTB) na sua estreia

Paulo Roberto Belém

Excetuando a Matemática, ciência exata que não admite interpretações, é possível dizer tudo é uma questão de ponto de vista. Em Política, então, o conceito de gestão e a definição de prioridades podem mudar por completo, dependendo do analista e da sua própria convicção do que é ou não acerto ou erro, do que é prioridade ou artigo supérfluo.

Ao final do ano de estreia de Roberto Naves como prefeito, muito foi feito, comentado e muito foi debatido e polemizado. O processo de comparação de pontos de vista é uma forma justa e mais perto do ideal para se avaliar cenários. A palavra final, é claro, pertence à população. Ainda assim, A Voz de Anápolis buscou temas estratégicos da gestão pública que estiveram em evidência ao longo deste 2017 e procurou saber da avaliação de dois personagens centrais nos debates na Câmara Municipal, o líder do Executivo, responsável por fazer a defesa dos assuntos de interesse do gabinete municipal, e o líder da Oposição.

Jakson Charles (PSB) – que também é estreante na função de líder – e Antônio Gomide (PT), que foi prefeito por duas vezes, deram suas versões sobre diversos assuntos

Além de avaliar o trabalho do prefeito em áreas essenciais da administração, posição e oposição fizeram uma avaliação ampla da gestão atribuindo, ao final, uma nota geral para a administração do prefeito Roberto Naves, neste que é o seu primeiro ano à frente da Prefeitura.

Acompanhe agora o que pensa cada um dos parlamentares sobre o ano de 2017 de Roberto Naves no comando da gestão municipal.

Qual a avaliação da gestão do prefeito Roberto Naves em 2017 nas seguintes áreas:

Jakson Charles (PSB), líder do prefeito

SAÚDE

A saúde teve um avanço importante, mas continua sendo o maior desafio do prefeito para os anos seguintes. Foi feito um trabalho de adequação, reorganização e implantação de sistemas. Mas eu acredito que precisa melhorar muito. Se tem uma pasta que precisa de uma atenção especial e um envolvimento maior é a saúde.

ÁGUA

O prefeito pregou em campanha buscar uma solução para o problema da água e uma dessas soluções seria a municipalização. Eu particularmente entendo que a terceirização é mais positiva. Eu avalio que o prefeito iniciou os trabalhos técnicos necessários, montando uma comissão para avaliar qual a providência a ser tomada. Eu acredito que algo tem que ser feito porque o governo do Estado deixou a desejar em Anápolis no que diz respeito aos investimentos em saneamento. Até iniciaram, mas são daquele tipo “inicia, para”. Não tem continuidade. Não tenho dúvida que se o governo não deslanchar essas obras o prefeito tomará em 2018 a medida mais viável, ou pela municipalização ou pela terceirização.

SEGURANÇA PÚBLICA

Atribuo a falta de segurança à falta de planejamento e programas voltados para a política de segurança pública por parte do governo do Estado. O prefeito fez a sua parte com banco de horas e iniciando o processo de implantação da guarda patrimonial e a municipal já para 2018. O projeto já está pronto e o prefeito só está aguardando uma avaliação mais aprofundada da possibilidade ou não do aproveitamento dos vigias já existentes. Isso vai depender da lei. No meu entendimento, aproveitar os que aí estão é menos dispendioso do que fazer novas contratações. Mas já no início de 2018, o prefeito poderá dar sequência na implantação da guarda municipal em Anápolis que poderá amenizar a questão da insegurança.

INFRAESTRUTURA

A cidade apresenta um sério problema na questão da captação das águas. O prefeito dispensou nesse período uma atenção da captação com o exemplo do que está acontecendo na Avenida Fernando Costa, na Avenida JK e nos vários bairros que estão recebendo intervenções com recursos próprios da Prefeitura em relação ao problema de captação das águas. Mas acredito que tem que avançar muito mais. A avaliação que faço é que foram feitas obras pontuais necessárias, algumas em continuidade ao que estava paralisado, sem contar ações nesse sentido nos bairros.

FINANÇAS

Eu enxergo essa questão das finanças de forma prática: tributação é a única forma que a Prefeitura tem para arrecadar e atender as demandas da população, quer seja limpeza urbana, pavimentação, manutenção de praças, enfim. É por lei, é obrigado fazer a arrecadação, mas acredito que o governo tem o dever de fazer o equilíbrio financeiro. Algumas ações deixaram de ser feitas em anos anteriores e recomendações foram recebidas para que se fizesse o que está na lei. As ações do prefeito em 2017 foram necessárias, importantes, a exemplo dessa questão da limpeza dos terrenos e taxação dos serviços pela Prefeitura. Mas acredito que a distribuição de recursos em âmbito estadual e nacional precisa ser modificada porque todas as obrigações ficam para os municípios e tudo aquilo que se arrecada vai para estes entes. Um das missões para equilibrar as finanças para os próximos anos é regularizar a questão dos aportes que têm sido feitos ao Issa.

AVALIAÇÃO GERAL

É uma avaliação positiva, mas é preciso avançar ainda mais. O prefeito Roberto Naves pautou esse primeiro ano na gestão, na organização da administração. Em muitos pontos havia gargalos, desequilíbrios, inclusive nos gastos. Para você ter receita é importante que você atue nessa questão dos gastos. O prefeito reduziu os comissionados de 1.300 para em torno de 900, fez enxugamentos do organograma e que eu achei importante. A implantação do portal do cidadão foi muito importante, também. Mas esse primeiro ano foi voltado para a organização e para a gestão pública. Nós precisamos avançar muito. Embora tenhamos quatro secretários que atuaram em gestões passadas, acredito que alguns secretários precisam entender um pouco qual a filosofia de trabalho do prefeito. Entendo que uma reforma será feita nesse sentido.

NOTA

Dentro daquilo que foi feito, se deixou de fazer e há de ser feito, é 6,5. Mas a tendência e que melhore nos próximos anos.

Antõnio Gomide (PT), líder da oposição

Qual a avaliação da gestão do prefeito Roberto Naves em 2017 nas seguintes áreas:

SAÚDE

A saúde, nos últimos anos, foi reforçada com a realização de pelo menos dois concursos públicos, aumento de equipes de estratégia da saúde da família, inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), inauguração do Cais Mulher, além da inauguração de várias unidades de saúde nos mais diversos bairros. O que nós vemos hoje, no ano de 2017, é que existe uma grande reclamação, dos próprios servidores da saúde, da falta de profissionais. As equipes das unidades de saúde estão incompletas e não foram feitos novos concursos e nem chamados os profissionais dos concursos já existentes. Não houve essa reposição. Temos uma grande reclamação dos usuários da falta de remédios e que fez, inclusive, que o Ministério Público, neste final de ano, entrasse com uma ação contra a Prefeitura para que regularizasse a dispensação de medicamentos e materiais para as unidades de saúde. A questão da falta de insulina em 2017 foi recorrente, além do abandono dos postos de saúde nos bairros. A saúde nunca esteve tão ruim como agora. Ainda cito a questão do fechamento da farmácia popular, da diretoria de Saúde Bucal e do encerramento do programa Samuzinho. O prefeito, em 2017, ainda não se achou na saúde.

ÁGUA

Em 2017, o prefeito acertou uma obra de transposição do Rio Capivari para o Ribeirão Piancó para não deixar faltar água nos meses de setembro e outubro em nossa cidade e isso não aconteceu. Então, o que o prefeito acordou com o Estado, não foi feito. Ou seja, continuou faltando água e em 2017 muito pouco extensões de rede de esgoto foram feitas em nossa cidade. Dos R$ 12 milhões arrecadados mensalmente de Anápolis para a Saneago, pouco ficou aqui.

SEGURANÇA PÚBLICA

O prefeito continuou com o banco de horas, o que vinha já sendo feito nos anos anteriores, só que isso já não é mais suficiente. Em 2017, foi o ano em que teve maior número de mortes violentas na cidade. A insegurança, hoje, é geral. Até o presídio que já está pronto, o prefeito não conseguiu desembaraçar com o governo do Estado. A promessa de campanha da Guarda Municipal em 2017, também, não saiu do papel.

INFRAESTRUTURA

A única obra que teve andamento é a do Plano de Mobilidade em que os recursos foram captados no ano de 2014. Todo o trabalho que está sendo feito relacionado à captação de águas pluviais na Avenida JK, na Avenida Universitária e na Avenida Brasil, tudo é em função de um trabalho que foi deixado pela administração anterior para esta administração. Em 2017, nós não tivemos nenhuma ordem de serviço para a construção de postos de saúde, para creches, para asfalto. Ou seja, a cidade está vivendo daquilo que foi deixado pela administração anterior.

FINANÇAS

A prestação de contas dos dois primeiros quadrimestres na Câmara Municipal mostrou que no ano de 2017 a Prefeitura teve um superávit de R$ 78 milhões. Além de outros recursos captados com a realização de dois Refis e a arrecadação considerável com o Iptu. Ou seja, A receita do município tem aumentado. O que nós não estamos vendo é o retorno da receita em prestação de serviço. Sem contar o processo de cobrança que aumentou. Entre as últimas ações de 2017, está a correspondência de cobrança de até quatro vezes do serviço de limpeza em lotes. Considero isso uma surpresa que não ajuda em nada no sentido de educar. Pelo contrário, vai existir um questionamento. Então, a receita tem aumentado, o Icms, o FPM, têm melhorado, mas o que precisa ter é o retorno em benefícios para a cidade, em termos de obras, por exemplo.

AVALIAÇÃO GERAL

Em 2017, o prefeito Roberto, o novo, entrou criando uma expectativa de que estaria fazendo uma inovação na cidade, melhorando mais aquilo que já tinha e o que nós percebemos é que no ano de 2017, a gestão do prefeito ficou muito a quem daquilo que ele prometeu e daquilo que a população queria. Hoje, existe uma insatisfação muito grande primeiro pela distância dessa administração com o povo e o abandono que a cidade vive na prestação de serviço, seja na atenção aos parques ambientais, seja na limpeza da cidade, seja na atenção à saúde, seja no compromisso com os professores de cumprir a lei, enfim, existe, hoje, uma grande reclamação tanto da população como dos servidores da distância que existe do prefeito com aquilo que ele prometeu na campanha.

NOTA

Nota 4.

 

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