Crimes cometidos por PMs ou bombeiros militares serão investigados pelas próprias corporações em Goiás

Os crimes praticados por policiais ou bombeiros militares serão investigados exclusivamente pelas próprias corporações, com exceção dos crimes dolosos contra vida, como homicídio. A mudança foi regulamentada por uma portaria da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), publicada nesta segunda-feira (18) no Diário Oficial do Estado, e se baseia em uma polêmica lei sancionada pelo presidente da República Michel Temer (MDB) em 2017.

Com a mudança, policiais militares suspeitos, por exemplo, de praticar crimes como tortura, corrupção e até estupro serão investigados pela corregedoria da PM. A mesma portaria determina que os crimes dolosos contra a vida praticados por militares contra civis sejam apurados apenas pela Polícia Civil (PC). A Lei federal 13.491, de outubro do ano passado, foi criada no atual contexto brasileiro de utilização do exército para combater a violência urbana e altera o Código Penal Militar, ampliando o conceito de crime militar.

Na prática, esta lei já estava sendo cumprida no âmbito estadual. Centenas de processos que corriam na Justiça comum foram transferidos para a militar nos últimos meses em Goiás. No entanto, no âmbito investigativo, havia muita confusão sobre quem seria o responsável pela apuração dos crimes praticados por militares.

A portaria da Secretaria de Segurança Pública (SSP) que permite que a Polícia Militar de Goiás (PM-GO) investigue mais crimes praticados por militares, baseada em lei federal, também determina que crimes dolosos contra a vida praticados por policiais contra civis sejam apurados apenas pela Polícia Civil. Uma nota técnica do do Ministério Público de Goiás (MP-GO) de maio de 2017 orientava nesse sentido.

O documento defende que as provas produzidas por investigação da PM nestes casos são nulas de pleno direito. A disputa de competências é histórica entre as duas polícias e essa parte da portaria foi comemorada por entidades representantes de policiais civis. Um caso emblemático aconteceu em abril deste ano, quando a corregedoria da PM declarou ser de sua responsabilidade a apuração de um suposto confronto com quatro mortos que havia acontecido em Aparecida de Goiânia em fevereiro.

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