Desativado, Central Parque vira matagal e atalho para moradores

Consolidado como parque no final da década de 1990, o local está desativado desde 2008 quando foi fechado pela Prefeitura: após obras de canalização do Córrego das Antas, a esperança era de que o espaço fosse reaberto em 2016, o que não aconteceu

Paulo Roberto Belém

Poderia ser uma cena comum para um parque ambiental, mas o que o vendedor Rafael Araújo foi pego fazendo no interior do Parque Onofre Quinan, mais conhecido como Central Parque, não corresponde ao lazer. Ele não tem condução própria e confessa que, atualmente, só utiliza o espaço como atalho dos seus deslocamentos diários. O vendedor reside no setor Samambaia, bem próximo ao espaço, e relata que a rotina fica menos cansativa com a prática. “Uso o parque todo dia só para isso”, diz.

O vendedor Rafael Araújo na sua prática diária

Mas essa não era a vontade de Rafael que lembra bem da época em que a área verde era aberta à população. “Os lagos eram limpos e tinha até pássaros aqui, coisa que não tem mais”, lembra o jovem. Hoje, o abandono do parque, localizado bem na região central, é caraterizado pela falta de manutenção de todo o espaço, principalmente da lagoa e das demais áreas de convivência do espaço que inclui playgrounds e uma extensa pista de caminhada. A realidade do Central Parque Onofre Quinan é que ele se perde em meio ao mato alto e sujeira.

O que era

Quem também tem saudade de quando o espaço era utilizável é o advogado Baltazar Santos, que atualmente integra a Associação Amigos do Parque da Juventude Onofre Quinan. O parque, segundo ele, veio no final da década de 1990 quando foi construída a estrutura de convivência do espaço.

Ele conta que o parque funcionou até o ano de 2008. “A partir dessa data, por várias razões, o local começou a se esvaziar e pedimos para que a Prefeitura fechasse-o porque ele começou a ser mal frequentado”, disse.

Portão de entrada indica “área interditada”, mas indicação não é respeitda

Segundo o advogado, a boa notícia veio, anos depois, em 2012, quando a Prefeitura conseguiu verbas do Ministério das Cidades para canalizar e desassorear o Córrego das Antas que passa pelo parque. A promessa era de que a empresa responsável pelo projeto iria, ao final das intervenções, tornar o parque viável, o que não aconteceu, relata Baltazar. “A empresa utilizou o espaço do parque como canteiro, a obra acabou e a empresa, alegando atraso nos repasses, simplesmente foi embora e deixou o parque dessa maneira”, lamenta.

Recursos

De acordo com Baltazar, a Associação luta, agora, para que a Prefeitura recupere o parque. Ele alega que pelo menos três fontes de recursos podem ser aplicadas para isto citando as do Fundo Municipal de Meio Ambiente – pouco mais de R$ 600 mil, de restos do contrato da obra de canalização – R$ 340 mil – e também de uma prometida verba de R$ 200 mil do Governo do Estado, mas ele reconhece que o montante do Fundo não é garantido. “Estou trabalhando para convencer os membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente porque este parque é de toda a cidade”, aponta.

Baltazar Santos, que montou associação em defesa do parque: verbas prometidas pelo Estado e do Fundo de Meio Ambiente podem devolver parque

Se aplicados todos estes recursos, ele confessa que o sonho de ver o parque em funcionamento ainda este ano se realizará. Ele destaca os principais pontos que precisam receber melhorias. “Penso numa pista de caminhada, em pista de ciclismo, em área para eventos, equipamentos de ginástica, enfim, penso na recuperação de toda a estrutura que já existe com toda a iluminação necessária”, detalha.

“Antes, era lotado. Hoje, é uma decepção que só serve de lugar para marginais”, lamenta o morador Aderbal Assunção

É isso, também, que espera outro morador da região que também foi pego utilizando o Central Parque como atalho. Aderbal Assunção mora bem em frente ao espaço desde 1972 e espera que o local volte a ser como anos atrás. “Antes, era lotado de segunda a domingo. Hoje, aqui é uma decepção que só serve de lugar para marginais”, compara. Apesar de nada estar se fazendo, o morador tem esperança de que o parque volte a funcionar. “Vai ser muito bom”, finalizou.

 

 

Secretário promete se empenhar, mas não garante verbas do Fundo

O secretário municipal de Meio Ambiente, Daniel Fortes, reconhece a necessidade de colocar em funcionamento o Central Parque, mas que para isto ocorra, ele disse que está trabalhando, principalmente, para que sejam liberados os recursos de R$ 340 mil que constam do resto do contrato.

Daniel Fortes quer aplicar dinheiro do Estado, mas nega verba do fundo municipal: outras prioridades

“Tenho feito reuniões para que essa verba seja viabilizada que somada aos R$ 200 mil que seriam doados pelo Estado, já daria condições de colocar o parque em funcionamento”, explica.

O que Fortes não garante é o repasse das verbas específicas do Fundo Municipal de Meio Ambiente para contemplar, exclusivamente, as obras do Central Parque. Mesmo tendo sido uma das promessas do prefeito Roberto Naves durante sua campanha no fim do ano passado, o auxiliar esquiva-se de comprometer o dinheiro do fundo.

“A cidade tem muitos outros pleitos na área ambiental e estamos estudando usar de forma compartilhada os recursos do Fundo”, explica. O secretário não especificou uma data para que as intervenções sejam iniciadas, mas que tem expectativa que este trabalho inicie ainda este semestre.

 

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