O Governo de Emmanuel Macron enfrenta oposição não somente nas esferas políticas formais. Nas ruas, estudantes e trabalhadores ganharam as avenidas de Paris para se manifestarem contra as reformas presidenciais. As ruas próximas ao Quartier Latin, em Paris, e as universidades como a Sorbonne, foram tomadas por estudantes. Enquanto isto, funcionários da estatal de transportes ferroviários SNCF promovem meses de greve.
A pauta é a oposição às reformas e ao processo de privatizações das empresas francesas. Trabalhadores da Air France param para exigir aumento, e aposentados se mobilizam cada vez mais contra o governo. Se por um lado, o cenário remonta as icônicas manifestações de maio de 1968, a realidade é a atuação popular pelos dilemas do presente: o maio de 2018 pode reeditar a lendária passagem histórica, cinco décadas depois.
Neófito na política, Macron chega ao primeiro ano de governo enfrentando a crescente mobilização contrária às reformas que tenta aprovar. A disputa cria um debate nacional sobre o projeto político para a França e o significado da manifestação de 50 anos antes.
A comparação entre o cenário de 1968 e o deste ano foi reforçada por artigo da diretora do jornal Le Monde, Sylvie Kauffmann, no New York Times. “A primavera está no ar, e as greves estão de volta”, disse, chamando Maio de 68 de “revolução cultural”.
“Como a maioria das nações ocidentais de hoje, a França está dividida e ansiosa. O presidente, em uma missão para transformar seu país, agora experimenta o descontentamento em primeira mão”, diz.
Segundo analistas, Macron enfrenta sua primeira crise séria e sabe que, se perder essa batalha, sua agenda de reformas poderá ser derrotada.
E no cenário de disputas, Maio de 68 continua sendo um dos eventos políticos que mais marcaram os franceses, o que torna a lembrança um momento para novos protestos importante.