Fortalecer a rede de atenção básica é desafio principal para a Saúde, aponta Conferência

Realizada na última semana, a 10ª Conferência Municipal de Saúde definiu o planejamento do setor para os próximos anos: atenção básica ainda é um dos principais gargalos no atendimento, com metade da cobertura necessária para o atendimento adequado à população

Felipe Homsi

A Rede de Atenção Básica é ainda o maior desafio da saúde no Brasil. O tema foi levantado durante a 10ª Conferência Municipal de Saúde, realizada nesta semana em Anápolis. O evento contou com a participação de especialistas e gestores do setor, nas redes pública e privada.

Desafios da Rede de Atenção Básica de Saúde foi um dos principais focos da conferência

Danianne Marinho e Silva, presidente do Conselho Municipal de Saúde, ressaltou que o município ainda precisa se adequar a diretrizes internacionais em saúde, como o Protocolo de Manchester, que estabelece classificação de risco no atendimento em urgência e emergência. Conforme especificou, muitos atendimentos ainda são feitos de maneira inadequada pela falta de uma cobertura adequada na Atenção Básica.

Casos de dengue, por exemplo, não deveriam ser atendidos na chamadas Unidades de Pronto Atendimento – UPAs, e sim em postos de saúde. Anápolis possui apenas 51% de cobertura na atenção básica. Para chegar a 100%, o município atua para que seja aplicado na rede o chamado Protocolo de Manchester, que estabelece padrões internacionais de atendimento, com o estabelecimento de classificação de risco no atendimento.

A saúde mental também foi abordada. Para Danianne Marinho, ainda há um “caminho para percorrer”. Um planejamento já foi feito e votado no Conselho Municipal para a estruturação da Rede de Saúde Mental, conforme explicou. Sua aplicação “depende do gestor”. Outro tema da conferência e que gerou diversos debates foi o Sistema Único de Saúde. Conforme foi apresentado pelo presidente do Conselho Municipal, o financiamento público e investimentos do governo no setor ainda são “muito baixos”.

“A União tem aplicado de 6 a 8% por ano em saúde”, lamenta. Conforme especificou, “Anápolis aplicou de 5 a 7% a mais do que é obrigado” em saúde nos últimos 10 anos. Para ele, o congelamento dos gastos do Governo Federal na saúde nos próximos 20 anos retrata a falta de “seriedade” com que o setor é tratado no Brasil. Conforme apresentou, dados do segundo quadrimestre deste ano mostram que o município de Anápolis investiu 22% das receitas em saúde, mantendo a média dos últimos anos.

Com relação à saúde do trabalhador, o que ficou evidente é que é preciso dar mais atenção ao descumprimento da legislação trabalhista e estabelecer novas normativas para evitar o crescimento do número de acidentes envolvendo os trabalhadores. O Plano Plurianual – PPA e o Plano Municipal de Saúde foram temas-eixo do evento. Conforme especificou Marinho, “para os próximos cinco anos, é (preciso) realizar o ordenamento da rede.

“Nós precisamos ter uma rede de saúde que dialogue. Que a atenção básica dialogue. Que ela seja a ordenadora do sistema, como é estabelecido e preconizado pela Política Nacional de Atenção Básica”, destacou. As linhas de cuidados para doenças e os fluxos de atendimento são ações que fazem parte do ordenamento da rede.

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