Geli Sanches: “As pessoas ainda estão esperando que a administração mostre qual é o seu caminho”

Com fortes ligações políticas ao discurso de defesa da Educação, a vereadora Professora Maria Geli Sanches não esconde seu foco principal na atuação em prol deste setor. Para ela, promover ações educacionais voltadas ao cidadão significa criar as bases para o desenvolvimento de toda a sociedade, em seus diferentes aspectos. Nesta perspectiva, Sanches mobiliza em Anápolis pessoas que atuam na Educação para a elaboração de políticas públicas de inclusão nas escolas.

 A Voz de Anápolis – Como você avalia o trabalho na Câmara, nesta que é a sua segunda legislatura?

Maria Geli Sanches – Eu acredito que o trabalho na Câmara é sempre um trabalho de aprendizado, mesmo porque as reivindicações do cidadão de renovam a cada dia. Neste momento, da 18ª Legislatura, nós tivemos uma renovação substancial, com 15 novos vereadores. Sem dúvida, deu uma nova roupagem na Câmara, com pessoas que chegaram com muita vontade de trabalhar, apesar de a 17ª Legislatura ter sido composta por vereadores muito comprometidos e também com muita vontade de trabalho. Eu acredito que nós estamos em um trabalho muito coeso e buscando atender ao cidadão.

AVA – Qual é a sua avaliação do seu trabalho?

MGS – Eu aprendi muito no meu primeiro mandato. Foram quatro anos de muita aprendizagem e de muita luta. No segundo mandato, chegamos com mais força. Já tentamos abrir alguns caminhos e esses caminhos, com trabalho, vão se abrindo naturalmente. Acredito que no segundo mandato me sinto mais fortalecida e mais segura para o trabalho.

AVA – Você defende a bandeira da educação desde o mandato passado e com certeza percebeu que Anápolis teve grandes avanços na educação durante a gestão PT. Você considera estar mais difícil batalhar pelo setor atualmente, uma vez que a atual gestão tem promovido mudanças que desagradam aos servidores?

MGS – Sem dúvida estão acontecendo alguns entraves que dificultam para o profissional da Educação. E quando o profissional da Educação não está satisfeito dentro do trabalho, sem dúvida quem perde é a Educação. Nossa bandeira é sempre a da Educação. E quando eu falo Educação é um ensino de qualidade. E eu defendo a Educação porque a Educação está intimamente ligada com tudo que acontece na cidade. Se nós tivermos uma educação de qualidade, isso vai refletir em melhor qualidade de vida para o cidadão, vai refletir em uma limpeza urbana mais adequada, vai refletir em uma saúde melhor, vai refletir em todos os setores. Por isso minha bandeira é da Educação. E consequentemente, como eu defendo a Educação, eu tenho que defender o profissional que faz a Educação. E esse profissional precisa ser valorizado. Eu observo agora talvez uma falta de manejo, de diálogo para poder conversar, de trazer o planejamento primeiro ao conhecimento desses profissionais para que depois ações sejam tomadas.

AVA – Isso acontecia antes, esse diálogo entre sindicato e Prefeitura?

MGS – O sindicato sempre foi muito participativo, em todas as ações. Se for para compararmos em termos de gestão, vamos começar na gestão do PT, quando foi o grande ganho para os professores, que foi o Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos. Esse plano foi um grande avanço para a Educação no município e para os profissionais da Educação. Esse plano foi sancionado em 2009 e teve uma participação direta do sindicato, dos profissionais de Educação, na feitura desse plano. Isso mostra, sem dúvida nenhuma, que há um diálogo. E o diálogo não pode acontecer somente quando as ações são propostas, quando você efetiva o ato. Mas o diálogo deve anteceder às ações. E eu acho que é nisso que (a atual gestão) está pecando, que os problemas estão acontecendo na administração, sobretudo com os profissionais da Educação.

AVA – Você acredita que essas perdas de garantias que menciona tem a ver com ideologia partidária ou é relacionada apenas à boa vontade do prefeito?

MGS – Eu acho que é visão de administração. Sem dúvida, os partidos têm a sua ideologia, sua forma de administrar, têm as prioridades, que passam tanto pelo administrador, quanto pelo partido político. Se a minha prioridade é a Educação, eu tenho que investir nessa Educação. Essa prioridade quem dá é o gestor.

AVA – Roberto Naves é um professor e um empresário da área da Educação. Você acha que o lado do empreendedorismo está pesando mais na hora de gerir a Educação no município?

MGS – Eu acredito que a gestão da Educação particular é muito diferente da gestão pública. A nossa luta é para que o público tenha a mesma qualidade do particular. Só que o particular é uma gestão empresarial, porque tem lucro. As garantias do profissional do sistema público não são garantias que existem no privado. Eu acho que isso pode chocar. Mas eu quero acreditar que isso não seja a visão do atual administrador com relação à Educação. E que a visão seja em termo de Educação. Porque quando você conversa com um professor, a visão de um professor é muito diferente da visão do administrador.

AVA – As políticas municipais para os autistas são um dos focos do seu trabalho. Como você avalia o avanço das políticas públicas, não somente para este público, mas para outros cidadãos com algum tipo de deficiência mental?

MGS – Nós já tivemos um avanço muito grande, demos um salto em termos de inclusão, mas ainda há muito para nós avançarmos. Não tem como você falar de inclusão, se você não falar de Educação. Onde a inclusão precisa acontecer é na escola. Porque precisamos fazer acontecer essa inclusão desde a pré-escola. Ainda estamos sofrendo muito com a exclusão dentro da inclusão. E nós precisamos fazer essa inclusão ser de direito e de fato. A saúde mental do nosso município precisa caminhar ainda, e caminhar muito. O autismo é um problema que cresce grandemente. Tem uma política especial para o autista que precisa ser respeitada. Nós precisamos de mais médicos, nós precisamos de mais terapeutas ocupacionais, mais fonoaudiólogos, mais psicólogos, tudo para atender às especificidades dessas pessoas. E sobretudo, precisa de um local onde essa pessoa possa ser atendida em sua integralidade. E nós já temos uma lei aprovada para a clínica-escola para o autista. Nós precisamos fazer acontecer essa clínica-escola em Anápolis.

AVA – O que falta agora?

MGS – A lei já foi aprovada. Tem uma associação de autistas em Anápolis que trabalha para buscar essa clínica-escola para Anápolis. Falta essa articulação, esse “querer fazer” do poder público para que essa clínica possa sair.

 

AVA – Você faz parte da oposição ao prefeito Roberto Naves? Você acredita que o anapolino está satisfeito com a gestão atual e como você avalia a administração do prefeito?

MGS – Sou do partido que perdeu a eleição, e isso precisa ficar bem claro. Mas eu estou na Câmara para representar o cidadão anapolino. Lá, todos nós colaboramos. Nossas falas são para colaborar para que a administração possa chegar de forma favorável ao cidadão. Mas eu sou uma pessoa que está na rua. O que eu ouço na rua é que as pessoas ainda estão esperando que a administração possa mostrar qual é o seu caminho, a que veio, quais são as suas ações? É uma administração de “planejamento e ação”. Quais são as metas dentro de cada secretaria, dentro desse planejamento proposto para quatro anos. A população ainda está esperando que isso possa acontecer. Nós ainda não vimos isso claramente, especificado. Quais são as metas, quais são as ações que serão implementadas dentro daquilo que foi proposto no plano de governo?

AVA – Como você enxerga o Partido dos Trabalhadores para 2018?

MGS – O Partido dos Trabalhadores é um grande partido. O que eu admiro mais é que ele é além de uma sigla. É formado de trabalhadores, de pessoas que acreditam no potencial de trabalho, no potencial administrativo do trabalhador. E esse partido é formado por gente muito valorosa. A cidade de Anápolis tem um legado que esse partido deixou enquanto administrou a cidade e que está aí, nos bairros, tantas construções nos bairros, tantas escolas construídas, os parques que foram construídos e tantas coisas que foram construídas. Essas pessoas que formam e que acreditam nesse potencial das pessoas que formam esse partido… sem dúvida nenhuma é uma força muito grande para as eleições de 2018. Eu acredito que o partido se fortalece pelas pessoas, mas sobretudo pelo legado administrativo em termos de Anápolis.

AVA – Você tem algum projeto para 2018?

MGS – Meu nome está à disposição do partido. Eu já coloquei e já conversei com a direção.

AVA – Como a bancada do PT tem agido para buscar melhorias para a cidade?

MGS – Eu acho que as contribuições daquilo que nós apontamos, do próprio contraditório. É preciso ter o contraditório. A política só existe se tiver o contraditório. O contraditório não é para falar mal, contrapondo só por ser oposição. A partir do momento que passa a eleição, você não é mais o partido. Você representa a cidade, o prefeito representa a cidade. Naquilo que é bom, é lógico que todo mundo está junto. Mas o partido pode contribuir com o contraditório, trazendo à luz alguma coisa que o administrador não está vendo. E isso os quatro vereadores podem fazer junto à população, para trazer evidência a esse contraditório para auxiliar essas ações para que elas possam se tornar positivas.

AVA – O Parque Ipiranga e as mudanças que o prefeito Roberto Naves queria fazer com as escolas conveniadas são exemplos?

MGS – Com certeza. O Parque Ipiranga, a proposta das escolas conveniadas de mudar a forma de convênio, são ações que são feitas e trazem o contraditório. É uma luz de fora daquilo que você está fazendo. É muito bom você escutar só o que é bom, virem as pessoas só para poderem elogiar. Quando você tem o contraditório, é aí que existe a política, é aí que que está a ação política. É desse contraditório, feito com coerência, com responsabilidade, com respeito às diferenças, mas pensando sobretudo no cidadão.

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