Governo de Goiás precisa de investir mais de R$ 200 milhões para terminar obras paralisadas

Na lista, pelo menos, seis grandes obras paradas com prazos vencidos de entrega – algumas há anos – estão localizadas na cidade. São elas: Aeroporto de Cargas, Anel Viário, Centro de Atendimento Sócio Educativo, Centro de Convenções, o Presídio e a universalização da água

Paulo Roberto Belém

É de conhecimento de todos que o Governo de Goiás tem em Anápolis, pelo menos, seis grandes obras paradas com prazos vencidos de entrega há anos. São elas: Aeroporto de Cargas, Anel Viário, Centro de Atendimento Sócio Educativo (centro de reeducação para menores infratores), Centro de Convenções, o novo Presídio e a universalização da água.

Se poderiam, tendo sido entregues dentro do cronograma inicial do governo, já estar cumprindo uma função para a cidade, bem como para o estado, a não entrega destas obras frustra a sociedade e se desdobra em uma série de dificuldades como, por exemplo, a situação carcerária perigosa e precária que a cidade atravessa onde há quase o triplo da capacidade prevista.

Em cada vinda do governador Marconi Perillo à Anápolis – ou de seu vice, José Eliton –, há o questionamento sobre estas obras. Em algumas oportunidades, os locais são visitados e o cenário se repete de uma vistoria para outra: tudo no mesmo patamar deixado anteriormente, sem alteração.

O fato novo é que os cerca de R$ 2 bilhões que o Estado terá em mãos nos próximos dias, parte da venda da Celg, e parte da repatriação de contas internacionais, podem servir como solução para o término das dezenas de obras paralisadas em todas as regiões de Goiás.

Uma parte desta verba pode ser destinada à conclusão das obras de Anápolis. Isto é o que está sinalizando o governador Marconi Perillo nas diversas entrevistas sobre o tema acerca do “que fazer com os recursos da venda da Celg”. Iniciando o seu penúltimo ano do mandato de governador, tendo em vista que ele não poderá se reeleger em 2018, a retomada e possível conclusão destas obras pode caracterizar a viabilização de seu sucessor no governo já que Anápolis sempre foi decisiva no processo eleitoral.

Como parâmetro para conhecer quais os investimentos necessários para cada obra e o seu prazo, bem como mais detalhes, foi feita consulta às planilhas da Agetop – Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas A seguir, o resumo das obras e as informações prestadas pela comunicação setorial da Agência.

Abastecimento de Água

Abastecimento de água

Um dos maiores desafios – e também um dos mais antigos – é resolver o abastecimento universalizado da água para os anapolinos. Tema principal da campanha de 2016, quando chegou a ser firmado um compromisso pelo atual prefeito de municipalização do serviço, agora foi dada uma nova chance à Saneago – e ao Governo – de resolver a questão. Segundo a diretora da Saneago, é preciso realizar os centros de reservação, adutoras e uma nova Estação de Tratamento de Água para atender à demanda.

Início da obra: 2011 (primeira etapa concluída em 2014)

Estágio da obra: encontra-se em diferentes estágios

Restante a ser investido: R$ 118 milhões

Previsão de entrega: 2017 (R$ 15 milhões) e 2018 (R$ 101 milhões)

Aeroporto de Cargas

A intenção do Aeroporto de Cargas é que ele seja integrado a um outro sonho do Governo de Goiás: a Plataforma Logística Multimodal – que incluiria os modais rodoviário e ferroviário – já concluídos e em funcionamento – ao modal aéreo, que seria efetivado com a entrega da obra. Entretanto, a realidade do aeroporto se limita a uma pista de pouso.

Início da obra: 2012

Estágio da obra: 87%

Restante a ser investido: R$ 38.817.406,00

Previsão de entrega: setembro de 2017

Anel Viário

Outra obra que vislumbra estar longe de ser concluída é a construção das pistas que contemplarão o anel viário de Anápolis. Ele tem início no Distrito Agroindustrial de Anápolis pela GO-330 e interligaria o distrito à BR-060 pelos fundos. A extensão estimada é de oito quilômetros em que somente foram realizados serviços de terraplanagem e demarcação das pistas.

Se estivesse concluído, o anel viário reduziria consideravelmente o tempo de deslocamento a partir do viaduto da confluência das BR’s 060 e 153 ao Daia. Dos cerca de 20 minutos atuais e variáveis conforme o trânsito, os veículos poderiam fazer o percurso em no máximo cinco minutos.

 OBS. Agetop disse em nota não ser responsável pela obra. Em contato com a Secretaria de Desenvolvimento de Goiás – SED, o órgão assumiu ser o responsável. Em nota, a secretaria informou que o responsável para responder pelas obras do Anel Viário é a Companhia de Desenvolvimento de Goiás (CODEGO), cujo presidente, Júlio Vaz, encontra-se em viagem nesta semana e que dará o encaminhamento da resposta na segunda-feira, 30.

Centro de Atendimento Sócio Educativo

Criticada por sua localização, na principal entrada de Anápolis, pela região Sul, está a construção do Centro de Atendimento Sócio Educativo. O espaço nada mais será, quando for entregue, o presídio para menores. Apesar de estar bem avançada, a obra também se encontra paralisada e os menores infratores da cidade estão acolhidos em local não apropriado anexo ao 4º Batalhão da Polícia Militar.

Início da obra: 2014

Estágio da obra: 95%

Restante a ser investido: R$ 1.601.984,00

Previsão de entrega: fevereiro de 2017

 Centro de Convenções

Das cinco obras paralisadas, a que chama mais a atenção é, sem dúvida, a do Centro de Convenções de Anápolis. Esta afirmação tem respaldo por conta da sua localização. É o cartão postal negativo de obras do governo paradas para quem passa pela BR-060, no sentido Brasília – Goiânia. Em janeiro de 2016, o Governo chegou a anunciar a retomada das obras no local, mas que ficou somente na conversa.

Enquanto isso, Anápolis perde por não ter um espaço que contemple a realização de grandes eventos que poderiam incrementar em outros setores na cidade. A simples notícia da instalação do Centro de Convenções atraiu investimentos de setores específicos, a exemplo da hotelaria e da gastronomia. Hoje, Anápolis está preparada para receber o Centro de Convenções e seus visitantes, mas espera que esta obra seja entregue o quanto antes e impulsione, de fato, o turismo de eventos na cidade.

Início da obra: 2014

Estágio da obra: 70% concluídos

Restante a ser investido: R$ 41.517.194,54

Previsão de entrega: dezembro de 2017

 Presídio

Ao que tudo indica, o Presídio de Anápolis, das cinco obras apontadas nesta matéria, é a que tem chance de ser inaugurada mais rápido. Se sua entrega for confirmada, vai desafogar a atual cadeia da cidade que foi pauta da reportagem especial da última edição de A Voz de Anápolis. Com um presídio quase pronto, o sistema carcerário anapolino sofre com a superlotação. A situação não é bem diferente aos outros complexos prisionais do estado e do país.

Início da obra: 2014

Estágio da obra: 98% concluídos

Restante a ser investido: R$ 1.346.833,10

Previsão de entrega: fevereiro de 2017

Empresas evitam comentar situação das obras paralisadas

A reportagem dA Voz de Anápolis também tentou entrar em contato com as empresas responsáveis por cada obra para informações adicionais. Até o fechamento desta edição, a CCB Construtora – responsável pela construção do Centro de Convenções de Anápolis – não respondeu às perguntas enviadas e solicitou que os dados fossem adquiridos com a Agetop para esclarecimentos.

A Excel Construtora – empreiteira das obras do Centro de Atendimento Sócio Educativo e do Presídio – também foi consultada, mas o responsável a prestar as informações não retornou as ligações.

Sobre o Aeroporto de Cargas, a Agetop não informou a empresa responsável. O mesmo aconteceu com as obras do Anel Viário, desta vez, pela Secretaria de Desenvolvimento de Goiás.

 

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