João da Luz: “Estou no preâmbulo da cordialidade com a gestão municipal e com a oposição”

Paulo Roberto Belém e Henrique Morgantini

 É a segunda vez que João da Luz atua como vereador da Câmara. Na primeira, uma experiência rápida de seis meses no ano de 2004. Agora, enquanto líder do PHS na Casa, ele ainda se se diz um novato. Nessa linha, ele avalia o seu trabalho nestes pouco mais de nove meses falando das suas ações na atual legislatura, principalmente na qualidade de presidente da Comissão dos Direitos do Consumidor, atribuindo uma atuação efetiva em relação às questões da Saneago, embora seja mais conhecido como defensor da bandeira da Celg. Ele também avalia a gestão municipal, declarando não ser da base do prefeito Roberto Naves, destacando problemas na área da saúde do município. O vereador também fala da expectativa para as eleições de 2018 e, ao final, atribui notas às gestões do Executivo, do Legislativo e à sua legislatura específica.

 A Voz de Anápolis – Qual é a avaliação que você faz da sua legislatura, neste retorno à Câmara Municipal?

João da Luz – Positivo. Nós temos feito um trabalho dentro do preâmbulo da cordialidade, tanto com a situação, quanto com a oposição. A gente tem conquistado a simpatia de forma gradual dos pares porque são vinte e três cabeças pensantes. Não adianta você querer trabalhar sozinho dentro da casa de leis. Eu tenho feito uma parceria boa ali dentro, tentando conquistar a confiança dos pares e têm sido positivas as nossas ações. Estamos alcançando um resultado bom. Nesses seis meses, nós, com os vereadores, aprovamos noventa requerimentos. Nós fizemos também 150 ofícios solicitando alguns serviços, sendo que nós tivemos 80% desses pedidos atendidos.

AVA – Quais são as outras bandeiras que você tem trabalhado, além da sua atuação junto à Celg como servidor?

JL – Como presidente da Comissão do Direitos do Consumidor, tive ações que foram efetivas. Ações da Celg e obtivemos respostas que é são de interesse público, de interesse dos consumidores e os resultados foram excelentes e recentes. Nós tivemos também resultados de projetos-lei que nós apresentamos e que já foram aprovados em duas comissões. Estes devem ir para ao plenário para serem votados, que tem a intensão de estender o atendimento prioritário. Tem uma lei federal, hoje, que comtempla especificamente o idoso, a gestante, a lactante e os deficientes. A nossa proposta na Câmara é estender para quem tem doenças crônicas e para quem tem obesidade mórbida. Nós temos outras ações, a exemplo do consumidor com o problema da água. Fizemos uma visita ao Tribunal de Contas porque nós temos o conhecimento que é a instituição que fiscaliza todas as tratativas em relação às concessionárias que prestam serviço ao estado. Estávamos sempre vendo o prefeito, inclusive ele parou de usar isso, disposto a colocar até as contas do município para avalizar a Saneago para ela fazer os investimentos em Anápolis.

AVA – Inclusive tem uma proposta dizendo que eram R$ 50 milhões que seriam tomados emprestados pelo município?

JL – Isso. Mas com essa investigação, com essa descoberta nossa, descobrimos que a Saneago tem dinheiro para investir no estado inteiro. Não precisa do dinheiro municipal, não precisa do prefeito colocar as contas do município para avalizar empréstimo coisíssima nenhuma, entendeu?! Até isso dá para você cogitar. Inclusive, o governador depois dessas ações nossas já começou atuar, tanto na transposição do Capivari, quanto na parte do saneamento que tinha obras iniciadas que estavam paralisadas e que retomou agora.

 

AVA – Foi a sua atuação que barrou essa ideia?

Joao da Luz – Exatamente! Nós fomos em cima para poder investigar isso e conseguimos detectar que a Saneago não tem problema financeiro.

 AVA – O próprio presidente da Saneago disse isso na Câmara.

Joao da Luz – Inclusive, a denúncia foi feita duas semanas antes da audiência e motivado por essa denúncia, o conselheiro do tribunal acionou o presidente e ele se sentiu na obrigação de estar presente aqui e prestar contas para Anápolis. Ajudou até a trazê-lo porque muitos vereadores estavam céticos com relação à presença do presidente Jalles Machado aqui em nossa audiência.

AVA – Você se considera um vereador da base do prefeito Roberto Naves?

João da Luz – Eu estou no preâmbulo da cordialidade. Estou aqui para conquistar a simpatia do prefeito porque realmente existe uma estrutura muito grande de prestação de serviço por parte dele. Também tenho uma postura enérgica em relação às posturas negativas dele. Então, estou no momento de conquistar espaço porque eu não fui parceiro do prefeito, nem no primeiro e nem no segundo turno. Eu não o ajudei a ser eleito. Essa que é a verdade. O PHS não faz parte do governo.

AVA – Existem outros vereadores que não estiveram na campanha e hoje estão dentro da base do prefeito.

João da Luz – Eu não me considero base. Eu considero que eu estou para contribuir nos projetos que o prefeito encaminhar para a Câmara que sejam de interesse da comunidade. Na verdade, a massa não tem entendimento do que é bom para eles. A verdade é essa. A massa, em 80%, não sabe o que é bom e às vezes tem críticas levantadas e a pessoa não consegue formar opinião. A gente tem que fazer uma análise crítica se é bom ou se é ruim para o povo. Na verdade, eu estou na Câmara para exercer o papel de vereador. Essa é a nossa função ali. E doa a quem doer. Se precisar, nós vamos falar a verdade. Inclusive nós falamos da necessidade, nós sabemos do problema da saúde que é complexo, que a saúde em Anápolis é uma caixa fechada. Claro que existem muitos interesses, mas eu não poderia deixar de falar das necessidades das UTIs que estão muito precárias e eu acompanhei algumas pessoas morrendo na fila da regulação. A saúde é responsabilidade do município, do estado e do governo federal.

AVA – Você considera que a gestão municipal tem entendimento da real situação da saúde em Anápolis?

João da Luz – A secretaria Luzia, em uma reunião que fizemos agora, foi bem transparente. Ela falou que a satisfação hoje de atendimento da saúde para Anápolis e para a região chega a 57%. Eu fui duro com ela. Eu falei que estamos longe de alcançar pelo menos a nota boa. Estamos praticamente com a nota vermelha, abaixo de 60%. A meta dela era alcançar pelo menos 70% esse ano e eu vi uma sensibilidade dela no sentido de mostrar a realidade e que precisa buscar soluções.

AVA – Você afirma não ser da base e de fato tem falas independentes, diferentemente de alguns que assumem uma única postura em suas falas. Há uma orientação do prefeito Roberto Naves para esses vereadores?

JL – Mas é claro. Tem vereador que é fechado mesmo. Ele tem que fazer a defesa do que ele acha que é cabível ali. Mas esse não é o meu pensamento. Eu estou ali para fazer uma análise desse ponto de vista. Eu quero ver os projetos que vão entrar no planejamento do prefeito, que vão sair do papel. Eu quero ver do nosso prefeito atual, eu quero que nossa legislatura seja capaz de motivar o prefeito a fazer obras e que a gente deixe de herança para as próximas legislaturas, muitas obras para serem inauguradas já bem iniciadas e bem encaminhadas. Isso é o que é importante.

AVA – Qual a avaliação que o senhor faz nesses oito meses de gestão do prefeito? Ele conseguiu chegar nas pessoas? Conseguiu dar a sua cara pra gestão?

João da Luz- O prefeito iniciou o mandato muito pé no chão. Principalmente ao assumir algumas dívidas do governo passado e que ele não quis questionar, assumindo como gestor essas dívidas e as administrando para não causar um caos na cidade. Por exemplo: os fornecedores de remédios, os fornecedores da área da saúde, a própria GC Ambiental que presta serviço de coleta. No meu entendimento, ele teve a habilidade de gerenciar isso daí como gestor. Ele sabe muito bem que todas as prefeituras enfrentam dificuldades financeiras. Tem índices para ele obedecer, a exemplo do limite prudencial que tem que ser obedecido por orientação do Tribunal de Contas do Município. Então, ele tem feito gestão e medidas administrativas para equacionar a conta, a receita e a despesa. Ele tem feito isso e eu acho que ele tem feito com sabedoria porque você precisa de gestão. Só que essas gestões de medidas administrativas que ele está fazendo estão virando uma reforma administrativa, de fato. Eu acho que ele tem agido com cautela. Agora, as ações deles em relação ao plano de governo e que não têm sido colocadas em prática, ainda, devido a essas questões das contas. A gente espera que ele coloque esse plano de governo em prática.

AVA – Qual é a expectativa do PHS, em especial a sua, para 2018? Quais são os planos em relação ao ano eleitoral?

JL – O PHS regional, estadual, já definiu que vai lançar candidato em todas as possibilidades possíveis. Me fizeram o convite para ser o candidato a deputado estadual ou federal e eu já me posicionei e disse que não sou candidato, que não tenho esse pleito nesse momento. A não ser que haja uma coisa muito diferente com relação a eu ser candidato a deputado do estado que é uma estrutura completamente diferente. O PHS deve lançar um candidato aqui, a deputado estadual. Ele não fala se é meu nome, ou pode ser o nome do pastor Elismar Veiga que já demonstrou densidade eleitoral. Inclusive, eu já manifestei apoio pra ele.

 AVA – Para encerrar, cite três notas: uma para gestão Roberto Naves, uma para Câmara Municipal, e outra para o seu mandato, de 0 a 10.

JL – Para o prefeito, eu daria a nota 7 e já expliquei as razões. O legislativo ainda está engatinhando, como tem muitos novatos até eu mesmo. Acho que para esse início seria uma nota 5. O gabinete do vereador, eu acho que precisamos melhorar muito ainda, eu estou com uma nova lei que eu protocolei e devo defender que é a de instituir o dia do presidente de bairro. Muitos vereadores já falaram para eu tirar o projeto porque presidente de bairro é concorrente, mas e eu não vejo assim. Já rolou ciúmes. Mas a nota do gabinete é uma nota 6. Nós precisamos melhorar muito ainda. Nós estamos aprendendo, mas ao final de dois anos nós teremos mais experiência.

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