Em audiência com o governador Marconi Perillo, o prefeito Roberto Naves pleiteou informalmente ao Governo que a área de cerca de 10 hectares da Plataforma fosse utilizada para a instalação do Distrito Agroindustrial de Anápolis 2 – o chamado Daia 2: plataforma é promessa desde 2001
Paulo Roberto Belém
Autoridades do meio político e também do empresariais de Anápolis que têm experiência testada em gestão na área de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio ficaram divididas quanto a uma pretensão do prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PTB). Anunciada com exclusividade por A Voz de Anápolis, a intenção do prefeito é mudar a destinação do espaço que hoje é ocupado pelo projeto da Plataforma Logística Multimodal. Na semana passada, Naves, em agenda no Governo do Estado, pleiteou informalmente ao governador Marconi Perillo que a área de cerca de 10 hectares da Plataforma fosse utilizada para a instalação do Distrito Agroindustrial de Anápolis 2 – o chamado Daia 2.
O pedido de Naves se justifica em razão da área onde seria consolidada a Plataforma possuir toda uma infraestrutura pronta e adequada à reativação da expansão industrial de Aná-polis. Esta infraestrutura é disposta de vias asfaltadas, água e energia elétrica, que são itens essenciais para tal e que até então estão inutilizados.
Anunciada desde 2001, ainda durante a primeira gestão de Marconi Perillo no Governo de Goiás, a Plataforma Logística Multimodal, se já fosse realidade, seria um espaço de escoamento pleno da produção industrial da região, reunindo modais rodoviário, aeroviário e ferroviário. O projeto vem sendo reincidentemente renovado como promessa pelo próprio Perillo, mas pouco avanço em 16 anos. O espaço da plataforma é localizado entre a pista do Aeroporto de Cargas e o pátio de manobras das ferrovias Centro-Atlântico e Norte Sul que se localizam no Porto Seco.
Simpáticos
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), Anastacios Apostolos Dagios, é um dos simpáticos à ideia do prefeito e assegura que esta conversa já havia sido iniciada com o governo em outubro passado. Foi nesta época, lembra Dagios, que Marconi Perillo recebeu a “Carta por Anápolis”, um documento com reivindicações da Associação direcionadas ao governador. “Àquela época, o governador já havia sinalizado que disponibilizaria 30% da área da Plataforma para novas indústrias. Se o prefeito pediu também, ótimo”, disse.
Dagios confirma a existência dessa infraestrutura adequada e disse que Anápolis perde enquanto ela está abandonada. “Estamos pedindo ampliação do Daia há anos e temos uma área enorme lá, parada. Qual será o investimento do governo? Tirar o mato. É a saída mais rápida”, relatou.
Ele faz uma crítica quanto a não existência de projeto da Plataforma. “Tem projeto para aquela plataforma? Não. Então usa para as indústrias. Estamos com desemprego na cidade. Para nós, é mais importante ter empresas do que uma Plataforma. Estamos com 90 empreendimentos na fila da Codego para se instalar aqui”, reivindica.
Sonho
Quem também acredita na proposta é o deputado federal Alexandre Baldy (PTN). Ligado ao setor industrial, Baldy já foi titular da secretaria estadual de Indústria e Comércio do Governo de Goiás. “Eu, particularmente, acredito que isto deveria ter sido feito antes”, afirmou. Ele considera a Plataforma como um sonho não realizado e, do jeito que está, não funciona.
“No momento que vivemos hoje, Anápolis tem um custo imobiliário alto, o que dificulta a desapropriação de áreas privadas para a concepção de novas empresas. Deveríamos, sim, aproveitar de um equipamento público que já está pronto”, enfatizou.
Baldy, que é do ramo empresarial, foi questionado se a proposta seria interessante às empresas que já estão instaladas e sobre aquelas que poderiam vir por conta, exclusivamente, de uma Plataforma em operação. “O pior de tudo é ver aquilo como está. Vai ser desafiador utilizar a área como uma plataforma logística, sendo que nós temos diversos desafios nacionais em termo de infraestrutura”, citou.
“Roberto está sonhando, mas não está errado: ele não quer perder tempo”, explica Ridoval, contrário à ideia
Por outro lado, outros nomes consultados consideram mais interessante a ideia original da Plataforma Logística Multimodal. Um deles é o empresário Ridoval Chiareloto, que atualmente preside a Agência Goiana de Regulação (AGR), mas que já ocupou a pasta no governo estadual da Indústria e Comércio. Chiareloto também presidiu a GoiásIndustrial (atual Codego).
“O importante é não desmanchar a ideia da Plataforma”, disse. Entretanto, Chiareloto disse que entende o pleito do prefeito. “O Roberto está sonhando, mas ele não está errado. O que ele está é ansioso e não quer perder tempo”, justificou.
Perguntado, então, qual seria a solução para a implantação do Daia 2, Chiareloto lembrou que já existe uma área que comporta a ideia e que, inclusive, já foi adquirida pelo Estado. “São 12 alqueires nos quais poderia ser aplicada a infraestrutura para a consolidação do Daia 2 e não no terreno da Plataforma”, citou, complementando que esta área específica fica atrás das instalações do Laboratório Teuto e que também fica próxima à estação de tratamento de água e esgoto do distrito.
“Organização”
Quem também apoia a ideia da manutenção do projeto original da Plataforma é o atual secretário de Desenvolvimento Econômico, o empresário Francisco Pontes. Ele, que é empresário atuante em Anápolis, disse que já discutiu com o prefeito a sua ideia, mas que o Estado dispõe de outras áreas adquiridas e legalizadas que poderão ser destinadas ao Daia 2. “A Plataforma Multimodal está com um modelo de ocupação interessante e revolucionário desenvolvido pela SED que no momento oportuno iremos anunciar”, disse.
O braço direito do governador do Desenvolvimento Econômico ainda citou que a efetivação do Daia 2 vai vir de um entendimento entre o prefeito e o governador. Perguntando sobre quando, de fato, o projeto pensado para a Plataforma terá andamento, ele disse que este está em fase de organização. “Em dois ou três meses queremos dar início à licitação para a ocupação definitiva do espaço. A Plataforma é primordial para as empresas que vierem a se instalar e as já instaladas em Anápolis porque lá não vai ser um modal de indústrias, mas um modal de distribuição”.
Prefeito confirma ideia, mas diz que ainda não fez pedido formal
O prefeito Roberto Naves disse que não é crítico da Plataforma Multimodal de Anápolis, mas confirmou a sua intenção. “Estamos, com certeza, pleiteando junto ao Governo do Estado para a instalação do Daia 2, mas não sabemos se o governador vai abrir mão dessa área”, afirmou.
Naves complementou que a sua ideia não é justificada pelo atraso da efetivação da Plataforma. “Eu não tenho controle sobre as obras do estado, mas reconheço os atrasos das obras do anel viário, do Aeroporto de Cargas e do Centro de Convenções”, citou.
Questionado se ele já havia recebido um posicionamento do governador, ele afirmou que ainda não esteve com Marconi para realizar o pedido formal. “É uma ideia, a cidade de Anápolis merece e nós vamos levar para o governador essa demanda”, finalizou.
Governo de Goiás ainda espera ser formalmente provocado sobre troca
A Reportagem de A Voz de Anápolis entrou em contato com o gabinete do governador Marconi Perillo a fim de obter um posicionamento sobre o tema. No entanto, a assessoria do Governo de Goiás informou que, como ainda não foi formalmente informado da proposta, o governador não irá se posicionar. Até o fechamento da edição, ainda não havia uma nova informação sobre a possível troca de finalidade das áreas da Plataforma Multimodal com o Daia 2.