Maioria dos eleitos para a Assembleia é ligada ao Agronegócio

Homens, brancos, com ensino superior e ligados majoritariamente ao setor do agronegócio e da segurança pública: esse é o perfil da Assembleia Legislativa de Goiás para a próxima legislatura, segundo levantamento feito pelo jornal O Popular com base em informações prestadas pelos parlamentares eleitos.

Em termos de religião, a maior representatividade deve ser dos evangélicos. Embora haja grande número de católicos eleitos para a Casa, a temática das pautas religiosas esteve mais forte no discurso dos candidatos ligados à Igreja Evangélica. O segmento, aliás, elegeu três novos representantes, e dois deles foram os mais votados: Henrique César (PSC) e Jeferson Rodrigues, que tiveram, somados, mais de 92 mil votos.

O levantamento também revela a redução pela metade no número de mulheres e a ausência de negros e homossexuais assumidos entre os eleitos. Antes, a Casa tinha quatro mulheres: a delegada Adriana Accorsi (PT) e Lêda Borges (PSDB) foram reeleitas, mas Isaura Lemos (PCdoB), que concorreu para deputada federal, perdeu; e Eliane Pinheiro (PSDB) não conseguiu a reeleição. O único a se declarar negro na atual gestão, Marlúcio Pereira (PRB), também não se reelegeu.

Da segurança pública, são cinco representantes diretos: Adriana e Major Araújo (PRP), que conseguiram a reeleição, e assumem seus primeiros mandatos: Coronel Adailton (PP) e os delegados Eduardo Prado (PV) e Humberto Teófilo (PSL).

Outro segmento com muitos representantes é o da Saúde. São três médicos na bancada, Dr. Antonio (DEM), Helio de Sousa (DEM) e Gustavo Sebba (PSDB), além do ex-secretário de Saúde de Senador Canedo Julio Pina (PRTB).

Reflexo

Para o cientista político Robert Bonifácio “isso é reflexo dessa onda conservadora em todo o País”. Além disso, o perfil da Assembleia Legislativa também remete, ressalta ele, a preponderância econômica do agronegócio e a forma de atuação das igrejas evangélicas, que têm um perfil mais político: “São os fiéis eleitores.”

Em relação à baixa representatividade de mulheres, homossexuais e negros, ele diz que uma das explicações é que o debate sobre grupos minoritários, ainda que parte deles componham a maioria da população, não foi suscitado durante a campanha e não é forte mesmo em outras casas: “Basta lembrar que a Câmara dos Deputados tem 513 parlamentares e só um é assumidamente gay”.

“Um dos mecanismos para que as parcelas marginalizadas tenham políticas públicas é que elas tenham representantes nas casas legislativas, mas a eleição se deu muito em cima de críticas ao governo à pessoa do (ex-governador) Marconi Perillo (PSDB)”, analisa.

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