Pastor Elias Ferreira: “Não queria assumir a presidência, mas sou um soldado do PSDB”

Pastor evangélico, Elias Ferreira foi eleito presidente do PSDB em Anápolis nesta semana, para o chamado “mandato-tampão” e deverá ficar no posto até o final do ano, quando deverão ser feitas novas eleições. Pela frente, terá que decidir sobre o posicionamento da legenda em Anápolis quanto ao alinhamento dos discursos nacionais, que ainda não sabe se fica ou se sai da base de Michel Temer. Apesar de se mostrar contra o Governo Temer e com o modo como este vem conduzindo os rumos do país, o vereador afirma que seguirá a linha de Marconi Perillo, ou seja, a favor da permanência do PSDB na base do PMDB. Recentemente, o edil criou polêmica ao usar a tribuna para dizer que sonhou que um acidente irá ocorrer na próxima pecuária. “Eu também tenho direito de sonhar”, declarou.

A Voz de Anápolis – Como foi a eleição para a presidência do PSDB?

Vereador Pastor Elias Rodrigues Ferreira – Boa.

 AVA – Porque a necessidade de uma nova eleição para presidente do PSDB anapolino, visto que o Erivelson Borges também passou por um processo eleitoral ainda neste ano?

ERF – Não ocorreu eleição para o novo diretório. O diretório é o mesmo anterior. Só houve mudança na Executiva. Na questão do diretório, foram mantidas as mesmas pessoas.

 AVA – Mas qual foi a necessidade?

ERF – É que quando ocorreu a eleição anterior, em que o Erivelson foi o presidente, houve pessoas que votaram, mas que não fazem parte do diretório. Foi levado para o Conselho de Ética em Goiânia. Foi avaliado e comprovado que realmente pessoas que não faziam parte do diretório votaram.

 AVA – Essa reclamação de pessoas que votaram sem ter esse direito partiu da chapa do Glayson Reis ou foi do próprio PSDB em conjunto?

ERF – Foi da conjuntura em geral. Alguém se sentiu (prejudicado), foi atrás, reclamou e comprovou.

 AVA – O senhor foi convidado pelo partido a participar do pleito?

ERF – Com a ocorrência do fato, eu como vereador me vi na obrigação de conversar tanto com o Adhemar Santillo, quanto com o Ridoval Chiareloto. Porque é muito difícil você ficar apagando fogo todo dia, todo dia. Quando eu cheguei e conversei com o Adhemar Santillo, ele olhou para mim, estávamos eu e o vereador Américo, ele disse para mim: “acabei de conversar com a Onaide. Ela chegou de Palmeiras, estava acompanhando o governador Marconi Perillo. Ela chegou aqui. Nós já pensamos de todo jeito. Um nome para dar um consenso para o PSDB tem que ser o senhor”. Eu quase caí da cadeira. Porque eu não fui lá atrás disso. Para mim, foi uma surpresa e eu falei não.

 AVA – O senhor não queria?

ERF – Não. Jamais. Mas como eu sou um soldado do partido, não posso me furtar. Eu disse a ele: o senhor é a primeira pessoa que me fala essa situação.

 AVA – E isso aconteceu há quanto tempo?

ERF – Olha, há quase um mês. Foi no início, quando surgiu a informação que foi desfeita a outra presidência. Eu disse a ele: “vou conversar com minha família”. Porque sou muito família. Se eles aprovarem, eu vou ainda conversar com meu presidente. Eu congrego em uma igreja há mais de trinta anos. Então, eu tenho uma base. Não faço nada sem conversar com ele, em obediência. Não é que ele manda em mim, mas eu obedeço. Eu acho que é bom ter pessoas que te orientam. Quando conversei com meu pastor-presidente ele disse que se tinha sido um consenso, por que não? Eu fui e dei a resposta. Quando eu falei com o Ridoval e com a outra parte, ninguém se opôs. Conversei com o deputado Carlos Antônio, gravamos uma entrevista com ele, ele me deu seu apoio. Não tenho nada contra Carlos Antônio, ele é meu amigo. Tanto que ontem, no fechar, não teve outra chapa, não teve outro nome. Foi por aclamação, todo mundo aprovou e assinou a ata. Foram 31 votos dos que poderiam votar. Foram olhar quem estava na ata, porque se não ia infligir igual à outra.

AVA – Houve uma conferência à risca?

ERF – Sim. Olhou-se quem estava e quem pode.

AVA – O senhor avalia que o PSDB anapolino é protagonista, levando-se em consideração este episódio de desestruturação de presidência? O PSDB é um partido forte?

ERF – Forte. Eu até pedi para a doutora Maristela, que é a vice, para darmos uma olhada em como está, quem são os filiados. Mas eu acredito que o PSDB hoje passa de três mil filiados em Anápolis. Que outro partido tem esse tanto de filiação aqui? Por que não dizer que o partido é um partido forte? O que depende para ele ser forte é mostrar para a população que ele é forte, precisa de união. Nesse lado, estamos trabalhando. Agora tem condições de trabalhar. Se dentro do próprio partido começa a ter dissenções, que credibilidade demonstra? Nenhuma. Mas quando há um consenso, isso leva (a um fortalecimento do partido) quando você deixa a vaidade, quando você deixa o eu.

AVA – Tinha muita vaidade no PSDB anapolino?

ERF – Não estou falando que tem vaidade. Mas se você não vigiar, cai na vaidade. Quem faz alguma coisa sozinho?

AVA – Você representa uma nova leva de vereadores na Câmara, inclusive em substituição a um grupo do PSDB, a nova cara do partido. Como foi este desafio? Como você avalia o seu trabalho e da Casa neste primeiro semestre?

ERF – Uma renovação boa. Eu falo do Américo, que tem feito um excelente trabalho, mesmo às vezes mais calado. O Maurão todo mundo conhece e sabe, mas também é um ótimo companheiro. Não tenho nada a falar do Maurão. E eu hoje faço meu trabalho como vereador, mas é um trabalho que eu exerço há 30 anos em Anápolis. Eu não caí de paraquedas.

AVA – Qual é esse trabalho?

ERF – Área da saúde, da segurança e da educação. Toda vida eu primo por isso. Na área da saúde, então, já tem uns 27 anos. Eu vim de Tucuruí no Pará. Eu me formei no Corpo de Bombeiros em Tucuruí. Eu trabalhava na Camargo Correa – Eletronorte, fiquei dez anos. Quando fui dispensado, me propuseram três cidades para eu escolher. Eu preferi vir para Anápolis, porque eu sou criado em Goiás. Já morei em 22 cidades, mas nunca morei em Anápolis. Eu cheguei aqui em março de 1990. Como eu lidava no Corpo de Bombeiros, passei a ter amor pelas pessoas, de ajudar na área da saúde, passei a fazer amizade. E sempre fui voluntário na igreja, da ação social. Hoje temos uma creche com quase 700 crianças, que nós ajudamos a criar.

AVA – Um tema polêmico é o possível desembarque do PSDB do Governo Temer. Em Anápolis, qual vai ser a postura do partido?

ERF – Eu quero deixar esta resposta, porque agora eu preciso me adequar lá em cima com o nosso estadual. Porque eu acho que tem que ser alinhado. Mas eu vejo, tudo leva a crer, se as coisas estão andando, eu creio que o Temer não saia. Mas eu tenho que ter a resposta de lá, para te falar.

AVA – Mas o senhor defende o Governo Temer?

ERF – (O vereador Pastor Elias balança a cabeça, em sinal negativo, e balbucia a palavra “não” sem emitir som da voz, dando a entender que não defende o Governo Temer).

AVA – O senhor entende que é um bom governo?

ERF – (repete o gesto).

AVA – O senhor tem alguma área específica com a qual o senhor não concorda?

ERF – Com o Governo Temer? Algumas. Eu prefiro deixar em off.

 AVA – Se você for seguir a linha do estadual, o Marconi Perillo, que é um vanguardista do PSDB a nível nacional, representa um grupo que defende a permanência. Seguindo essa linha, o senhor está com o Marconi Perillo?

ERF – Marconi Perillo. Vou seguir pelo seguinte: se você faz parte do partido, tem que obedecer, porque se não, não adianta. É certo que nem tudo você vai (obedecer). Agora eu sempre fui obediente. Sempre fui obediente.

AVA – Mas a obediência sobressai à convicção pessoal?

ERF – Às vezes sim. Às vezes sim.

 AVA – Em Anápolis, o senhor citou Onaide Santillo, Adhemar Santillo e Ridoval Chiareloto. O senhor entende que essas três pessoas vão retornar à cena política e serão as principais lideranças do PSDB em Anápolis?

ERF – Em respeito, eu acredito que nós precisamos ouvi-los. Agora, quanto ao Adhemar e a Onaide, ele me disse que a Onaide não será candidata, que ele não será candidato. Vão ficar na retaguarda. Assim disse ele.

AVA – Quais serão os nomes do PSDB para o pleito eleitoral em 2018?

ERF – A priori, o Carlos Antônio é o nosso candidato. Vão haver novas conversas.

 AVA – Vai ter um nome de Anápolis para deputado federal?

ERF – Eu vou ter uma conversa com o Giuseppe Vecci, presidente estadual, com o governador Marconi é com o Jose Eliton. Nós vamos ver esta situação. Porque nós precisamos trabalhar, Anápolis merece. Por que não?

AVA – O senhor deu uma declaração nesta última semana na Câmara dos Vereadores sobre um suposto sonho. Poderia explicar e falar novamente do que se trata?

ERF – Às vezes a mídia torce a coisa. Eu não sou de sonhar. Mas também ninguém me tira o direito de sonhar, não é verdade? Então, naquele sonho que eu tive, eu vi um acidente de frente, próximo à BR. Isso não é ser vidente. Eu fiquei feliz que quando eu acordei foi um sonho. Eu tenho minha comunhão com Deus. Muitos falam, bateram, para mim pouco interessa. O que eu já passei eu sei que, quando Deus me mostra, nós pedimos para Deus revogar. E por que não passar para frente, para nós cuidarmos e fazer. Vamos cuidar e fazer. Deus pode cortar o laço e tirar aquilo da frente. O povo distorce muito as coisas.

 AVA – Não seria o caso de utilizar as suas mídias sociais ou grupos de Whatsapp, ao invés da tribuna?

ERF – Eu tenho a opção. Todos nós temos a opção. Como eu trato e falo de alguns assuntos, eu não vou me ocultar de passar. Não prejudica ninguém, mas deixa um alerta para as pessoas. Porque, depois disso, vem a confirmação. E eu recebo a ligação do Policial Rodoviário Federal, preocupado com a situação. Eu não tenho nada contra a Pecuária. Aliás, estou lutando e trabalhando. Vamos fazer tudo, porque vai acontecer a pecuária. Mas tudo que você pode precaver antes, por que não? Aí foi quando ele me disse: “a situação está desse jeito. Não fomos oficializados”. E hoje quem comanda a parte da BR é a Polícia Rodoviária Federal, DNIT…. Mas que não foi por falta dos presidentes do Sindicato Rural. Foi porque se esqueceram. Porque costumavam fazer a festa aqui dentro, no perímetro urbano. Porque tem toda uma precaução e tem toda uma lei para fazer esse pedido.

AVA – Com relação às festas religiosas, que o senhor defende no município, o senhor e demais lideranças religiosas teriam o mesmo ímpeto para defender um festa cultural tradicional da cidade? Ou o senhor entende que estas festas religiosas tenham mais privilégio?

ERF – Não. Não pode ter mais privilégios. Tem que ser direitos iguais. Não é porque eu estou lá ou outro vereador está lá. É direitos iguais. Todo mundo tem seu direito. Desde que se faça dentro da lei, da normalidade.

 AVA – Qual é sua avaliação pessoal da gestão do prefeito Roberto Naves nestes oito meses de trabalho?

ERF – Tivemos muitas dificuldades, mas hoje eu vejo que deslanchou. Cem por cento? Não, mas já mudou a concepção de muitas pessoas. O país não passa por tantas dificuldades? Porque aqui não passaria? E passa. Mas está pegando o rumo. Aliás, nós vemos na pessoa do Roberto uma firmeza de um administrador. Primeiro, passou por muitas dificuldades para adequar a Casa, não é verdade? Hoje, infelizmente, nós temos muitas pessoas que fazem parte do mundo político que querem ganhar antes de trabalhar. E eu sou da forma de que para você ganhar, você tem que trabalhar.

 AVA – Qual é a perspectiva para o Legislativo neste segundo semestre?

ERF – Muito trabalho. Eu disse a todos os colegas trabalhadores: “vamos trabalhar mais”. Ninguém é melhor do que ninguém. Todo mundo pode dar mais um pouco de si. A população merece, não é verdade? Todos merecem.

AVA – Mas o ritmo está lento?

ERF – Não. Todos eles trabalham, mas eu acho que se pode doar mais um pouco. Agora foi bom você me fazer a pergunta. Quero deixar bem claro: não tenho nada contra a Pecuária. Aliás, vamos fazer de tudo e vai acontecer a Pecuária. E vai ser uma ótima Pecuária, mas com segurança, não é verdade? Porque eu não quero que no dia de amanhã vejamos famílias chorando porque perderam pessoas, não é verdade? E a Polícia Rodoviária me disse assim: não vamos alisar. Todos os dias nós vamos fazer blitz com bafômetro.

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