Nasa lança hoje novo satélite para buscar exoplanetas habitáveis mais próximos

A próxima etapa na caça aos exoplanetas começa nesta segunda-feira (16), com o lançamento do satélite Tess. Ele deve vasculhar nada menos que 200 mil estrelas próximas em busca de mundos de porte comparável ao da Terra — uma larga amostra distribuída por 85% da abóbada celeste.

Proposto por um grupo do MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, ele fará algo que seus predecessores não fizeram: deve se concentrar em estrelas mais próximas do Sistema Solar. O objetivo agora é encontrar mundos suficientemente próximos para permitir que os novos telescópios espaciais e em solo possam estudá-los em detalhe.

Em 2009, veio a primeira grande revolução no campo, quando a Nasa lançou o satélite Kepler, cujo objetivo era fazer um censo dos exoplanetas com base em uma amostra limitada. A missão encontrou quase 4.000 exoplanetas e demonstrou que planetas rochosos, similares à Terra ou um pouco maiores, são ainda mais comuns no Universo que os gigantes gasosos — o que faz total sentido, visto que exigem menos massa para se formarem.

Contudo, a amostra veio com um grande problema: praticamente todos os exoplanetas do Kepler estão distantes demais para que se possa estudá-los mais a fundo. O satélite fez um censo espetacular, mas não colheu bons exemplares para a próxima etapa de estudos — em que os astrônomos devem observar a composição atmosférica desses planetas e descobrir se são mesmo habitáveis, quiçá habitados.

Aí é que entra o Tess, sigla inglesa para Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito. Financiado de início pela Google, o projeto do MIT foi abraçado pela Nasa em 2011. A um custo de cerca de US$ 200 milhões (mais o lançamento, que custará outros US$ 87 milhões), ele usará quatro câmeras para observar faxias sucessivas do céu, nos hemisférios Norte e Sul.

A técnica de descoberta é a mesma do Kepler, mas o enfoque é diferente – o Tess terá como foco buscar as estrelas mais brilhantes, a uma distância que varia entre 30 e 300 anos-luz da Terra. Praticamente todos os achados do Kepler estão mais distantes. A missão inicial terá duração de dois anos, mas pode ser estendida. O satélite será colocado numa órbita especial, jamais usada por uma missão científica, em que ele completa duas voltas ao redor da Terra enquanto a Lua completa uma. Isso confere notável estabilidade e economiza combustível para o andar da missão.

“Esperamos achar pelo menos 50 exoplanetas do porte da Terra em estrelas próximas”, diz George Ricker, pesquisador do MIT e líder da missão. “Esse é nosso critério para declarar sucesso da missão.”

A expectativa é que esses mundos poderão então ser esquadrinhados por equipamentos como o Telescópio Espacial James Webb (a ser lançado em 2020) e novos observatórios em solo, como o GMT e o E-ELT (ambos em construção), em busca de assinaturas de luz que indiquem a composição de suas atmosferas. Hoje, há poucos candidatos já descobertos que viabilizem esse tipo de estudo, e o favorito no momento é o sistema Trappist-1, a 40 anos-luz de distância.

“A estimativa é encontrar vários sistemas parecidos”, diz Claudio Melo, astrônomo brasileiro no ESO (Observatório Europeu do Sul). “Acho que ainda estaremos vivos quando detectarmos a primeira atmosfera parecida com a nossa.” O lançamento do TESS, com um foguete Falcon 9, acontece nesta segunda às 19h32 (de Brasília), e o Mensageiro Sideral transmite ao vivo.

Notícias Relacionadas