Operação Câmbio, Desligo mira 47 pessoas após delação de doleiros

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (3) a Operação Câmbio, Desligo para prender 47 pessoas após a delação dos doleiros Vinicius Claret e Cláudio Barbosa. O principal alvo é o doleiro Dario Messer, espécie de mentor de Claret e Barbosa e apontado como o maior doleiro do país.

Claret e Barbosa detalharam em delação premiada como funcionava um sistema que reunia doleiros de todo o país que movimentou cerca de US$ 1,6 bilhão envolvendo mais de 3.000 offshores em 52 países. Conhecido como Juca Bala, Claret já foi citado por executivos da Odebrecht, o corretor Lúcio Funaro e os doleiros Renato e Marcelo Chebar, que atuavam para o ex-governador Sérgio Cabral (MDB).

Claret operava tanto contas no exterior como era capaz de fornecer dinheiro vivo para corruptores interessados em pagar as quantias a agentes públicos. Concentrava, assim, as duas pontas da operação dólar-cabo, usada para despistar as autoridades financeiras do país.

Embora atuassem no Brasil, os dois operavam o complexo sistema de dólar-cabo desde o Uruguai. Grande parte dos recursos em espécie eram movimentados pela transportadora de valores Transexpert, já mencionada na delação do operador Álvaro Novis.

Claret e Barbosa foram presos em março do ano passado no Uruguai em decorrência da Operação Eficiência, feita com base na delação dos irmãos Chebar e que prendeu o empresário Eike Batista. Claret foi citado como tendo auxiliado na evasão de US$ 85,4 milhões de Cabral  ?—o que agora revela-se ser apenas uma fração de toda operação da dupla.

Assim como a Odebrecht, o sistema “bankdrop” dos doleiros identificava os responsáveis pelas transações por apelidos. Os irmãos Chebar, por exemplo, receberam o nome de “Curió”.

Os Chebar procuraram a ajuda de Juca Bala após o volume de propina do ex-governador aumentar consideravelmente após ele assumir o estado. Em razão de sua prisão ter ocorrido numa operação da Lava Jato do Rio, ele acabou identificado como “doleiro do Cabral”, embora os dois tenham se conhecido de fato apenas na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, para onde foi levado em janeiro após ser extraditado do Uruguai.

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