Anápolis oferece tratamento preventivo contra HIV/AIDS na rede pública para grupos de risco

Uma nova forma de abordagem preventiva contra a infecção pelo vírus HIV foi implantada nesta semana em Anápolis pela rede pública de Saúde. A cidade é a primeira no Estado a oferecer a pessoas dos chamados grupos de risco a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV, que consiste no uso de medicamentos antirretrovirais (ARV) para reduzir o risco de adquirir a infecção.

Em cartilha divulgada pelo Ministério da Saúde, a Pasta explica que “essa estratégia se mostrou eficaz e segura em pessoas com risco aumentado de adquirir a infecção como gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e profissionais do sexo. Além disso, destaca-se o crescimento da infecção pelo HIV em adolescentes e jovens”.

O fato de estar nos grupos de risco elencados pelo MS não basta para definir quem é elegível para os tratamentos preventivos contra HIV/AIDS.

O Ministério da Saúde elenca algumas práticas que podem levar à elegibilidade para à abordagem preventiva: repetição de práticas sexuais anais e/ou vaginais com penetração sem o uso de preservativo; frequência das relações sexuais com parcerias eventuais; quantidade e diversidade de parcerias sexuais; histórico de episódios de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST); busca repetida por Profilaxia Pós-Exposição (PEP); e contextos de troca de sexo por dinheiro, objetos de valor, drogas e moradia.

O médico infectologista Marcelo Daher explica que o método é eficiente e deve ser utilizado em conjunto com outras práticas preventivas de DSTs, como camisinha e lubrificantes. “Garota de programa, pessoa que comumente tem a relação e a camisinha rompe ou relação sem camisinha com frequência com pessoas desconhecidas, principalmente sexo anal e sexo anal desprotegido – essas pessoas têm o risco maior de ter a doença, de contrair HIV”, explica.

Além da disponibilização gratuita de medicamentos na Rede Pública, o acompanhamento e triagem trimestral será feita junto aos pacientes de risco, com orientações diversas e testagens para outras doenças além da AIDS. Em novembro do ano passado, a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV começou em todo o Brasil e em Anápolis o início foi nesta semana. A cidade é a primeira goiana a oferecer o serviço, informação confirmada pela Secretaria de Saúde de Anápolis.

“É uma modalidade que tem resultados positivos. Não é a única opção, mas é uma opção válida”, acrescenta ainda o infectologista Marcelo Daher. Conforme detalhou, a modalidade preventiva por meio da profilaxia medicamentosa ajuda a diminuir o índice de infecção e a transmissão da doença. “A gente busca atrair as pessoas que são mais vulneráveis”, ressalta, destacando ainda que o serviço atua para fazer com que os indivíduos que fazem parte dos grupos de risco se sintam “acolhidos”.

Marcelo Daher é médico infectologista

A abordagem inclui também o tratamento e diagnóstico de outras doenças, como patologias renais e hepatites. Em alguns, grupos, ainda de acordo com o Ministério da Saúde, a eficácia da prevenção ao HIV chega a 95%.

Grupos

O Ministério da Saúde estabelece alguns parâmetros para separação dos grupos de risco: “Estudos realizados no Brasil demonstraram taxas de prevalência de HIV de 4,9% entre mulheres profissionais de sexo; 5,9% entre pessoas que usam drogas (exceto álcool e maconha)14; 10,5% entre gays e HSH15 e 31,2% entre pessoas trans”.

“Ainda, mais recentemente, em estudo representativo para o país com pessoas que usam crack e similares, foi verificada prevalência de infecção do HIV de 5%. No entanto, ao se fazer o recorte entre mulheres e homens nesse estudo, constataram-se prevalências de 8% e 4%, respectivamente”, explica ainda o material informativo sobre a profilaxia preventiva de HIV/AIDS.

Pacientes já infectados pelo HIV não devem se submeter ao uso do PrEP, sob risco de seleção das cepas (vírus que sofreram mutação). Para a prevenção, são usados  os antirretrovirais fumarato de tenofovir desoproxila (TDF) e entricitabina (FTC) combinados, “cuja eficácia e segurança foram demonstradas, com poucos eventos adversos associados a seu uso”, detalha o MS.

É oferecido também a pessoas dos grupos de risco a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP). Após identificar que um indivíduo se expôs ao HIV nas últimas 72 horas, é dado início imediato ao PEP.

O quadro abaixo mostra os segmentos da população que fazem parte dos grupos de risco e os critérios para que haja indicação à Profilaxia Pré-Exposição ao HIV

 

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