Prefeito fecha Cais Mulher e encerra atendimento 24h do Abadia Lopes: população perde duas referências em Saúde

Ninguém foi consultado. Pior: ninguém foi avisado. Por decisão do prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PTB), duas referências na Saúde de Anápolis foram fechadas na última segunda-feira (05) na cidade. A primeira baixa é o fechamento do CAIS Mulher que, desde 2012, tornou-se um ponto de apoio estratégico para a Saúde da Mulher e, principalmente, para o atendimento à gestão.

Criado com esta função, a unidade foi construída com uma estrutura física para atender a todas as fases da gestação, desde os exames até mesmo o completo procedimento de pré-natal. A unidade, no entanto, localizada no Bairro Maracanã, foi fechada com a alegação de cortes de custos no setor.

Na última segunda-feira, quem chegou no CAIS Mulher, no Bairro Maracanã, se deparou com as portas fechadas. No aviso, um aviso duvidoso: fechado para reforma.

Uma semana antes do fechamento da unidade, servidores e usuárias da unidade realizaram uma manifestação na tentativa de sensibilizar o prefeito a desistir da decisão. Elas pediram que a intenção não fosse efetivada. Grávida de sete meses, Thaís Pereira (foto) manifestou contrariedade. “Um absurdo. Se sair daqui, ficarei perdida. Não pode acontecer o fechamento de uma unidade exclusiva nossa”, reclamou.

Não adiantou, a unidade foi fechada de fato na segunda-feira seguinte (05). Quem chegou para o atendimento se frustrou. É o caso da diarista Eunice Santos, 24 anos. Ela tirou o dia para procurar atendimento ginecológico, mas não encontrou nem mesmo um servidor para que pudesse ser informada. “Sempre que precisei usei o postinho (CAIS), todo mundo na minha família vem aqui, agora não sei como vai ser porque parece que o outro lá é longe, né”, disse, referindo-se ao novo endereço onde o CAIS Mulher será adaptado.

CAIS Abadia Lopes

Acontece que as mudanças do prefeito que prejudicam a Saúde na cidade não se limitam em fechar o Cais Mulher. Ele também tirou o atendimento 24 horas da unidade Abadia Lopes da Fonseca, no Jardim Calixto. Segundo ele, a explicação para esta atitude é a “falta de procura”. “Fui lá num sábado à noite e tinha só três pessoas procurando atendimento”, disse Naves em entrevista.

Para o prefeito, o atendimento só se justifica se houver filas. Agora, o atendimento em emergência deverá ser centralizado em uma única unidade, na UPA do Jardim Esperança. Uma das principais demandas do CAIS Abadia Lopes em seu atendimento de emergência era nos casos de traumas ortopédicos.

Mudanças

A mudança promovida por Naves na Saúde prevê a acomodação de alguns dos serviços que funcionavam no Cais Mulher no CAIS Abadia Lopes. Um dos servidores da Saúde lotados no Cais Mulher explicou a situação encontrada por eles. Sob a condição de anonimato, ele considerou a mudança um retrocesso. “O espaço é pequeno e a gente não sabe se vai conseguir adequar tudo”, observou.

A fonte prevê outro problema: os consultórios do CAIS Abadia Lopes não têm banheiro, o que pode provocar uma reclamação dos médicos, pois ele disse que consultórios de obstetrícia devem ser equipados com sanitário. “Jogaram a gente aqui”, disse. E emendou: “isso vai dar problema”.

Na manhã desta segunda-feira, a reportagem da Voz de Anápolis esteve nas duas unidades e nem mesmo no CAIS Abadia Lopes havia atendimento. Algumas mulheres chegaram a ir no novo endereço e também se frustraram: por conta da mudança, não houve qualquer atendimento. Também não houve atendimento na terça-feira (06) não CAIS Abadia Lopes pela mesma razão: a adaptação ao novo local.

Em tempo

Prestes a completar 22 meses de mandato, o prefeito Roberto Naves (PTB) ainda não inaugurou unidades de Saúde cuja construção foi deixada em andamento pela gestão anterior. Os postos de Saúde do Arco-Iris, Leblon e Tropical não tiveram suas obras retomadas. Algumas delas, caso do Leblon, sofrem com estágio avançado de abandono pela ação do tempo e pela depredação.

A única finalizada foi a do Parque Iracema que também foi deixada pela gestão anterior e teve a continuidade por parte da administração Naves. Nas unidades paralisadas, nem mesmo a ação de vigilância tem sido feita.

Thais Pereira, grávida, participou da manifestação pedindo que o prefeito recuasse da decisão de fechar a unidade: CAIS Mulher encerrou atividades na última segunda (05)

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