Prometida para julho passado, licitação para manutenção não sai do papel e abandono de espaços ambientais afasta frequentadores

Esta é a realidade do Central Parque, Parque da Liberdade e Parque da Cidade, que foram visitados pela reportagem; Parque Ipiranga até recebe apoio emergencial, mas placas de “trabalhando” viraram equipamento fixo do local: secretário garante que licitação está pronta

Paulo Roberto Belém

Virou o ano e uma das grandes demandas da Secretaria de Meio Ambiente continua sendo a de dar atenção ao serviço de manutenção dos parques e praças do município. São obras que, como todas as demais, sofrem com a ação do tempo. Entretanto, a promessa de se contratar uma empresa para que arque efetivamente com esta responsabilidade ainda não saiu do papel. Defendida desde o primeiro semestre de 2017, a Prefeitura ainda não conseguiu lançar a licitação para contratar este serviço e enquanto estes espaços não recebem a manutenção correta, menos eles vêm sendo frequentados pela população.

De todos os parques do município, dois exemplos representam bem esta realidade. Ambos estão localizados na região central. O pior deles é o Central Parque Onofre Quinan. Faz um bom tempo que lá a falta de manutenção se tornou um problema para os moradores da região e para os poucos frequentadores do local que mesmo com o desleixo, ainda encontram ânimo para frequentá-lo. É nessa condição que se encaixa o aposentado José Tarcísio de Carvalho. Diariamente, ele ainda usa o Central Parque para as suas caminhadas. “A situação é essa aqui, muito precária. Não limpa. A sujeira está à mostra aí para quem quiser ver. Não tem manutenção. Não tem nada”, desabafa.

Pista de caminhada que era para abrigar frequentadores abriga somente sujeira

Lembrança

Morador da região do parque há décadas, o aposentado recorda dos tempos em que o local era um dos principais atrativos da cidade. “Tirando o Parque da Matinha, este o principal parque que recebia visitação na cidade há 10, 15 anos”, lembrou. Ele comenta o principal prejuízo que a falta de manutenção dá ao Central Parque. “O parque não é frequentado. O único horário que eu venho aqui e durante a tarde e é difícil ver uma ou duas pessoas. Meu desejo é ver esse lugar bonito novamente”, pediu.

Aposentado José Tarcísio de Carvalho é um dos poucos que frequentam o local. “Quero ver esse parque bonito novamente”, deseja

Já nos arredores do parque, o que se encontra é morador na bronca pela falta de manutenção e abandono do espaço. A dona de casa Usleia Pimentel se diz uma das mais prejudicadas. Para ela, o que pega é a falta de segurança. Usleia mora bem em frente à área do parque que contém uma construção em alvenaria localizada em seu interior, que segundo ela, só traz prejuízo.

Construção em alvenaria abandonada no interior do Central Parque é considerada como principal problema do abandono do espaço

“A gente não dá bobeira aqui na rua. É um assalto cedo, um de tarde e outro de noite. A gente fica aqui de fora e não sabe o que está acontecendo ali dentro (da construção em alvenaria). Se não forem fazer nada, que pelo menos desmanche esse problema”, reclama.

Morando bem em frente a uma das áreas do parque, a dona de casa Usleia Pimentel teme pela segurança da região

Desatenção

Perto do Central Parque, o segundo exemplo na região central de parques ambientais que esperam pela manutenção da Prefeitura é o Parque da Liberdade. Lá, o que falta é o conserto dos brinquedos do playground e das estruturas do parque, que compreendem o calçamento e outros itens. A dona de casa Celeste Ribeiro estava acompanhada de seu filho, o pequeno Eduardo, bem na área do parque enquanto a reportagem visitou o local. Ela comenta o serviço de manutenção que o Parque da Liberdade tem recebido. “Não está bom, já foi melhor. Os brinquedos estão estragados. Quase não tem ninguém aqui”, disse.

Mãe e filho, Celeste e Eduardo, sentem saudade de quando o Parque da Liberdade era bem cuidado

Celeste cita que a desatenção ao parque intensificou no último ano e que isto faz com que as pessoas não frequentem o local. Preocupação para ela, a falta de segurança não deixou de ser comentada. “Quando você dá manutenção ao parque, coloca vigilância, ou seja, dá vida a este espaço, quem é que não se interessa em frequentar?”, questiona. E complementa. “Nosso parque é muito bonito, só que precisa de cuidado. Tenho saudade de quando ele era bem cuidado e quando as pessoas vinham aqui”, recorda.

Imagem demonstra brinquedo que precisa ser reparado no Parque da Liberdade

 

“Está pronto para licitar”, defende secretário sobre contratação do serviço

Em entrevista, o secretário do Meio Ambiente Daniel Fortes voltou a comentar sobre as dificuldades que a sua secretaria tem para dar manutenção aos parques. “Quando se estraga um equipamento, por exemplo, no Parque Ipiranga, eu tenho que montar um processo licitatório ou de compra indireta para consertá-lo. Hoje eu não tenho nenhum contrato que me dê esse respaldo”, citou.

Placa “Trabalhando” se tornou fixa no Parque Ipiranga: esta ponte passa pela “reforma da reforma”

Ele garantiu que o processo que vai licitar este serviço está no setor de licitações da Prefeitura à espera, somente, do lançamento do edital. “Espero que esse processo se finalize ainda no primeiro trimestre para dar sequência ao trabalho”, prevê.

Sobre o cronograma de atendimento após o serviço ser contratado, o secretário defende, agora, que as prioridades são o Central Parque e o Parque da Matinha – localizado no Maracanã. Isto porque a equipe própria da Prefeitura consegue dar um apoio emergencial ao principal parque da cidade – o Ipiranga. Entretanto, placas de “trabalhando” é rotina constante no local. Segundo Fortes, a previsão de orçamento também mudou. Em agosto, a Prefeitura previa gastar R$ 6,5 milhões com a contratação deste serviço. Agora, o secretário citou um valor de R$ 11 milhões. “Não quero ter mais problemas com a manutenção dos parques”, finalizou. Já sobre a manutenção das praças, ainda não se comenta qualquer programação.

“Não quero ter mais problemas com manutenção de parques”, sonha secretário Daniel Fortes

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