“Quem dirige bêbado tem dias contados”, avisa delegado

No combate à embriaguez ao volante, Manoel Vanderic afirma, ainda, que vai ser “duro com universitário, patricinha, político” e demais grupos que historicamente se acham acima da lei

Felipe Homsi

Delegado Manoel Vanderic Filho, que comanda a Delegacia de Apuração de Crimes de Trânsito, informou que, somente em 2016, 60 pessoas morreram no trânsito vítimas de pessoas embriagadas. Ele destaca que quem dá mais trabalho são pessoas de alto poder aquisitivo no município. “O pobre tem mais educação do que o rico”, afirma, assegurando que vai ser duro com “universitário, patricinha, político” e demais grupos que historicamente se acham acima da lei, como os empresários.

Blitz serão realizadas em toda a cidade, para coibir ação dos motoristas embriagados

“As pessoas têm a imagem, na cabeça, no subconsciente de que cadeia é para preto, pobre e puta. Quando é uma pessoa dessas que você pega, você pode bater, espancar, algemar, arrastar no chão que todo mundo bate palma. Mas se você pegar um universitário, uma patricinha, um político e você prender, você leva mil pedradas. A própria sociedade cobra que a lei seja igual para todos, mas quando você prende o rico, ela te apedreja. Porque ela se reflete na pessoa. Poderia ser eu no lugar dela. Aí ela critica o papel da polícia”, desabafa o delegado.

À frente da Delegacia de Apuração de Crimes de Trânsito, Vanderic já realizou a primeira blitz, com 30 abordagens de condutores de veículos, sendo que 17 estavam embriagados. Quinze motoristas sofreram punições administrativas, com a apreensão da CNH e multa de até R$ 3 mil e algumas podem chegar a ter o direito de dirigir suspenso. Nestes casos, a quantidade de álcool detectada pelo bafômetro foi abaixo de 0,34 miligramas por litro de ar.

“Motorista bêbado é muito pior do que um ladrão, do que um assaltante, do que um bandido desses que é algemado, que é jogado na carceragem”, revela. E ele afirma que está disposto a atuar em favor das famílias que perdem seus entes queridos por causa da ação criminosa de motoristas que insistem em dirigir após ingerirem bebidas alcoólicas.

Método

Com um carro descaracterizado, a equipe da Polícia Civil chega a locais de grande movimento e abordam pessoas dirigindo de maneira irregular. Uma parceria com a Polícia Militar será estabelecida em breve. Vanderic destaca que prefere abordar pessoas em carros de luxo, pelo alto potencial destrutivos destes veículos e pela sensação de impunidade que os “ricos” têm. “Eu não tenho medo de ninguém. De político, de juiz, de promotor”, esbraveja.

O delegado afirmou que já sofreu pressão de políticos e empresários por não fazer distinção entre quem vai ser abordado. “Hoje a imprensa me blinda”, garante. Ele reclama que pessoas de alto poder aquisitivo, em geral, apenas defendem a lei quando esta lhe favorece.

Para ele, a abordagem dos pobres é mais fácil do que a do rico, já que “o pobre tem mais educação do que o rico”. Uma parceria será feita com o Juizado da Infância e Juventude, conforme pontuou, para coibir ainda a ação dos menores infratores. Ele critica muitas famílias, que “colocam no colo” filhos que dirigem bêbados.

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