Revoltados, diabéticos acusam município de entregar “atestado de morte” a pacientes

O telefone toca na atenção farmacêutica do município. De um lado da linha, uma funcionária atende ao telefonema. Um paciente pergunta: “chegaram as fitinhas do aparelho de glicemia?”. Como de costume, a resposta se repete: “ainda não”. A gravação da ligação foi enviada por um paciente diabético, que todos os meses sofre pela falta de insumos, como lancetas, fitas e medicamentos para diabetes.

Roberto Naves promete desde o início da sua gestão regularizar a questão e dar um alívio aos diabéticos Tipo I e II. Hoje, em frente à Atenção Farmacêutica se reuniu para protestar, juntamente com representantes da associação que os representa. O que pediam? O básico, o direito constitucional de acesso gratuito e restrito à saúde. Eles querem que as leis federal e municipal sejam cumpridas.

Alguns entrevistados informaram que chegam a gastar um salário mínimo na compra dos insumos que a Prefeitura não fornece. Uma das mães informou que possui três pessoas com diabetes em casa. O gasto médio é de quase mil reais por mês. Crianças, adultos, jovens e adolescentes fazem parte do ciclo que se estende desde o início da gestão Naves.

Eduardo Lúcio Franco, que é diretor de regulação do Departamento de Atenção Básica, especificou que os problemas de abastecimento dos produtos para diabéticos decorrem de dívidas que a Prefeitura possui, o que deixou o município em descrédito junto a fornecedores. E especificou que existem problemas nas empresas fornecedoras, que não têm entregue de maneira satisfatória os insumos para os pacientes com diabetes.

“A oferta de insulina está regularizada. A dificuldade que a gestão ainda enfrente no momento é a dificuldade da oferta dos insumos. É uma questão meramente comercial neste momento”, explicou.

“O fornecedor desses insumos, por causa de um problema de credibilidade com a Secretaria Municipal de Saúde, não entregou todo o quantitativo que nós solicitamos”, continuou. Eduardo ainda explicou que existem dívidas desde o ano de 2012 com fornecedores que “impactam na entrega” dos insumos.

Ele informou que hoje Roberto Naves se reuniu com a empresa responsável por estes produtos para encontrar uma solução. Um projeto de lei elaborado pela gestão municipal prevê um calendário para o pagamento de fornecedores, uma espécie de parcelamento das dívidas. Com isso, Naves pretende fazer com que as empresas voltem a vender para a Prefeitura, sanando a falta de abastecimento.

Enquanto isso, pacientes da cidade esperam e gastam do próprio bolso ou participam de “rateios” feitos por associações, para que não lhes falte os insumos necessários. O pai de uma criança, revoltado com a situação do seu filho, entende que a Prefeitura está entregando um “atestado de morte” para os pacientes diabéticos da cidade e indicou que quem tem a doença não pode esperar a boa vontade municipal.

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