Com a chegada das chuvas, intervenção de engenharia, mesmo se ficar pronta, corre o risco de não ser utilizada: enquanto isto escolas começam a liberar alunos por falta de abastecimento
Paulo Roberto Belém
O mês de outubro chegou com a confirmação de que, mais uma vez, o Governo de Goiás descumpriu mais uma previsão da sua típica política de obras atrasadas. Desta vez, a Saneago não conseguiu cumprir o prazo inicial que foi defendido quando do início das obras de transposição do Rio Capivari para o Ribeirão Piancó, que solucionaria o problema da falta de água emergencialmente já para 2017. Em junho, a obra foi lançada em evento político reunindo o governador Marconi Perillo e o prefeito Roberto Naves. Na oportunidade, a data defendida pelos gestores, à época, para a entrega, foi setembro de 2017.
Passada a previsão, a população de Anápolis percebeu que mesmo se a obra tivesse sido entregue dentro da data defendida pelo governo, ela não resolveria o problema da falta da falta de água em 2017. Isto porque a partir da segunda quinzena do mês de agosto e durante todo o mês de setembro, foram recorrentes os casos de desabastecimento de água em várias regiões da cidade, em centenas de bairros. Em duas edições consecutivas, publicadas por A Voz de Anápolis no último mês, foi divulgada a insatisfação dos moradores que novamente sofreram no pior mês de estiagem para os anapolinos.
Chuvas
Se por um lado a chegada do mês de outubro confirmou o costume do estado em atrasar obras, o mês trouxe consigo a chegada das chuvas intensas e em grande volume na região de Anápolis. Alívio para a população e também para a Saneago que espera o aumento da vazão de água por conta do reabastecimento natural da origem hídrica de onde é captada a água que abastece Anápolis. “Com certeza a chegada das chuvas favorece bastante a produção de água”, confirmou a gerente da Saneago em Anápolis, Tânia Valeriano.
Por se tratar de uma transposição, a obra que levaria água do Rio Capivari para o Ribeirão Piancó, se tivesse ficado pronta a tempo, só seria utilizada caso fosse necessário, conforme antecipou Tânia Valeriano à Voz de Anápolis quando foi consultada em setembro. Nesta ideia, se as chuvas continuarem a ponto do Piancó não ser influenciado, mesmo que a obra fique pronta, ela não precisará ser utilizada.
Obras
Consultada pela reportagem, a gerente da Saneago em Anápolis disse que a obra da transposição segue em andamento e que as intervenções concentram-se na finalização das travessias da extensa tubulação que já foi instalada. Depois disso, faltará a instalação da bomba de captação que Tânia Valeriano disse já ter sido adquirida. “Só vamos levá-la para lá quando estiver no ponto de ser instalada”, confirmou. Segundo Tânia, depois que a bomba for instalada, a área precisará ser vigiada para evitar o roubo do equipamento.
Com isso, segue a segunda previsão para a entrega da obra “final do mês de outubro, início do mês de novembro deste ano”, conforme informou, em nota, a assessoria de imprensa da Saneago.
Sem água, estudantes são liberados mais cedo da aula
O exemplo mais recente da falta de água aconteceu na região da Vila São Joaquim, que além de prejudicar a rotina das residências que ficam reféns do abastecimento de água pela Saneago para realizar atividades simples, prejudicou, também, os estudantes que frequentam a Escola Municipal Maria Aparecida Gebrim que atende quase mil alunos nos três turnos do dia: matutino, vespertino e noturno.
Durante a última semana de setembro, no portão de entrada da instituição, o aviso era bem claro: “Saída 15:30 h – Motivo Falta de Água”. Normalmente, os alunos do período da tarde entram pouco antes das 13 horas e saem pouco depois das 17 horas. Um prejuízo, segundo Rosana Alves, mãe que aguardava a saída antecipada da filha. “Isso prejudica muito os estudantes que ficam perdendo conteúdo”, afirmou ela, que também citou o prejuízo ao não poder fazer compromissos por conta do pouco espaço que tem entre deixar e buscar a filha na escola.
Quem também reclamou da situação foi Adriana Gomes, mãe do pequeno Samuel. Ela relata que a liberação dos alunos fora do horário não é novidade. “Chega setembro, é a mesma coisa. A gente vive um problema duplo, falta de água em casa e na escola”, lamentou.