Seria ‘The Ozarks’ uma simples variação de Breaking Bad?

Série que estreou no canal de streaming Netflix em julho vem conquistando ótimas classificações ao narrar uma história profunda com personagens complexos fugindo do drama policial americano

 

Henrique Morgantini

 

A resposta para a indagação do título é ambígua: Sim e Não.

Isto porque a semelhança entre os dois protagonistas que se envolvem no mundo do crime para garantir a sobrevivência da família é inevitável, mas ocorre em condições diferentes. A formatação dos personagens também destoa, uma vez que é como se a nova série disponível na Netflix fosse uma evolução em termos de cenário e composição de personagens em relação ao já clássico drama vivido por Walter White até a sua total conversão em Heinsenberg.

E, por fim, é preciso que se diga que a série passada no Missouri precisa percorrer um chão muito grande e comer muito feijão com confusão até chegar ao patamar da saga de Breaking Bad, uma das produções mais adoradas pelos fãs das séries americanas.

Mas o fato é que The Ozarks chama a atenção e prende o espectador desde o início. O drama é semelhante a Breaking Bad: um anti-herói clássico. Enquanto White é um professor frustrado que se torna um Senhor das Drogas, o personagem vivido por Jason Bateman é algo como um contador. E não há nada mais desanimador que um herói protagonista que trabalhe com planilhas e números. Exceto, no entanto, por um fato: ele é o responsável por lavar a receita milionária de um dos maiores carteis do narcotráfico do México.

Jason Bateman tornou-se conhecido por uma série que, no Brasil, ainda é cult e pouco acessada, embora também disponível na Netflix. Trata-se de Arrested Development que, aliás, fica já recomendada. Como Marty Birde, Bateman evoluiu substancialmente tanto como ator principal de um personagem sombrio, com momentos de ingenuidade alternados com ações de profunda frieza e a dose certa de manipulação de quem está à sua volta, mas também como diretor. É ele quem dirige os dois primeiros e os dois últimos episódios da primeira temporada, formada por nove capítulos de uma hora cada um. O último episódio tem 80 minutos.

 

Trama

A trama gira em torno de um crime entre criminosos e de um ato de improviso que, além de definir a trama inicial também se torna uma marca registrada das ações de Birde. Ele é um improvisador acidental sempre vivendo no fio da navalha. Se seu gesto instintivo der certo, ele ganha para si e para sua família alguns dias de vida. Do contrário, todos perdem tudo, a começar pela vida.

O nome de série é proveniente deste estilo. Ozarks é uma área inundada no Estado do Missouri para o funcionamento de uma usina hidrelétrica. Uma espécie de Lago Corumbá gringo. E, por lá, a movimentação na cidade se dá por ocasião do verão e por castas de famílias cujos negócios não estão à disposição para serem atrapalhados. E é lá, pelo improviso inicial, que a família Birde precisa ir para continuar viva e fazendo o que seu provedor faz: lavar dinheiro do tráfico.

Os vários dramas paralelos incluem uma crise moral de valores éticos, familiares e sociais. Uma relação confusa na criação de filhos em puberdade e na adolescência e, ainda, um casamento em crise com direito a uma infidelidade que martela a cabeça de ambos. Definitivamente, ainda não dá para saber se Ozarks será um Breaking Bad. Mas se for, sabia: tem potencial para ser ainda muito melhor. É hora de aguardar a segunda temporada.

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