Temer obstruiu investigações, afirma PF; Janot denuncia presidente por corrupção passiva

A Polícia Federal entregou um relatório final ao Supremo Tribunal Federal que contém a informação de que o presidente Michel Temer atuou para obstruir investigações e deixou de dar informações relevantes sobre a corrupção de representantes do Judiciário e do Ministério Público.

A gravação de Joesley Batista com Temer foi um fator crucial para que os delegados responsáveis pelo caso chegassem à conclusão de que a “única interpretação possível” é a de que o chefe do Executivo não somente foi conivente, mas também incentivou pagamentos a Eduardo Cunha comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados.

Cunha foi preso em outubro do ano passado e continua encarcerado no Paraná. Após a apresentação da conclusão da Polícia, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou denúncia contra o presidente.

“Entre os meses de março a abril de 2017, com vontade livre e consciente, o Presidente da República Michel Miguel Temer Lulia, valendo-se de sua condição de chefe do Poder Executivo e liderança política nacional, recebeu para si, em unidade de desígnios e por intermédio de Rodrigo Santos da Rocha Loures, vantagem indevida de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) ofertada por Joesley Mendonça Batista, presidente da sociedade empresária J&F Investimentos S.A., cujo pagamento foi realizado pelo executivo da J&F Ricardo Saud”, destacou Janot na denúncia.

“Além do efetivo recebimento do montante espúrio mencionado, Michel Temer e Rodrigo Loures, em comunhão de esforços e unidade de desígnios, com vontade livre e consciente, ainda aceitaram a promessa de vantagem indevida no montante de R$38 milhões”, continua.

Joesley teria cometido o mesmo crime de Michel Temer, assim como Geddel Vieira Lima, que quis manter pagamentos a Lucio Funaro, apontado como operador de Eduardo Cunha. Funaro está preso desde julho do ano passado.

A constatação da Polícia Federal é a de que o presidente Michel Temer  agiu “por embaraçar investigação de infração penal praticada por organização criminosa, na medida em que incentivou a manutenção de pagamentos ilegítimos a Eduardo Cunha, pelo empresário Joesley Batista, ao tempo que deixou de comunicar autoridades competentes de suposta corrupção da Magistratura Federal e do Ministério Público que lhe fora narrado pelo mesmo empresário”.

A PF já havia apontado na semana passada, em que parte da investigação foi concluída, que Michel Temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures teriam cometido crime de corrupção passiva.

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