Thaís Souza: “Meu partido é da base do prefeito, mas eu sou a favor de Anápolis”

A vereadora Thais Gomes de Souza é vice-presidente do legislativo anapolino e também é vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos daquela casa, mas foi, principalmente pela defesa dos animais, que ela ficou conhecida. A parlamentar recebeu no começo de agosto uma homenagem na Câmara dos Deputados, justamente por este trabalho. Ela garante que sua atuação vai além das propostas para os bichos, que incluem um “castramóvel público”. Ela afirma que pretende usar seu mandato para atuar em prol do Meio Ambiente e reafirmou seu papel para que a volta dos presos de Aparecida de Goiânia fosse possível. Assim como muitos colegas vereadores da base do prefeito, ela assegura que, antes de ser parte do grupo de apoio a Roberto Naves, vai trabalhar pela população.

A Voz de Anápolis – Neste segundo semestre dos trabalhos do Legislativo você chegou com uma nova perspectiva ou sua postura vai ser idêntica ao primeiro semestre?

Vereadora Thaís Gomes de Souza – Com certeza esse primeiro semestre foi de aprendizado. Minha postura vai ser a mesma, trabalhar pela cidade, pelo cidadão anapolino. O que for bom para a cidade vou continuar trabalhando, lutando, correndo atrás para melhorias em prol do município. Mas acredito que voltamos mais revigorados, com mais força e com o aprendizado mais renovado para continuar nesta missão.

AVA – A Câmara é como que você imaginava?

TGS – A Câmara é aquilo que eu imaginava, só que as dificuldades de aprovar um projeto, para dar sequência, são maiores do que eu imaginava. Porque existem todos aqueles trâmites nas comissões e tudo requer um prazo. Às vezes nós precisamos de um parecer na secretaria do município. Acaba dando uma travada, uma parada naquele projeto. Às vezes a população não entende, acha que você entra com um projeto de lei e rapidamente aquele projeto vai ser aprovado, aquele projeto vai ser colocado em execução. Então existe todo esse trâmite, que eu sabia que existia, esses entraves, que são necessários também para o andamento desse procedimento.

AVA – Você é bem presente nas mídias sociais. Você acredita que a população entende um pouco mais o que se passa na Câmara? É possível transmitir a mensagem ao cidadão?

TGS – É possível. Eu acredito que eu preciso fazer ainda de uma forma que se entenda mais. Eu acho que está um pouco tímido isso. Nós tentamos passar uma mensagem, mas nem sempre a população entende. Eu acho que quanto mais a gente puder demonstrar para a população que existe esta burocracia, que existem essas etapas a serem cumpridas, melhor. Nós precisamos mostrar. Tenho tentado fazer vídeos interativos, inclusive na minha audiência pública eu passei um vídeo sobre qual é o papel do vereador, como funciona. E muita gente ficou surpresa e falou que não sabia que funcionava daquela maneira.

 AVA – Você é vice-presidente da Mesa Diretora e isso lhe trouxe visibilidade. Foi algo buscado por você, ter a vice-presidência para obter mais visibilidade e para que seus projetos pudessem sair do papel?

TGS – Na verdade, isso aconteceu. Como a renovação foi muito grande, os novatos se reuniram para que colocassem até quem iria para a Presidência da Casa. Indicaram meu nome, mas naquele momento eu achei que era muito precoce e não era o momento de tentar estar na Presidência da Casa. Então chegamos a um consenso de que nós queríamos uma mesa formada também por novatos, para realmente mostrar essa mudança, essa renovação da Câmara. Alguns colegas fizeram essa exigência de que meu nome fosse para a vice-presidência da Casa. Eu me senti lisonjeada, aceitei este desafio e acabei sendo eleita.

AVA – Os novatos, quase dois terços da Câmara, têm cumprido este papel de renovação?

TGS – Com certeza. Nós vemos, não somente dos novatos, mas também dos vereadores antigos, a vontade de trabalhar pela cidade, o empenho, a dedicação, a presença nas comissões, nos requerimentos, no trabalho em geral. Os novatos têm muito respeito pelos antigos, até porque temos muito que aprender com eles.

AVA – Do seu trabalho, o que te trouxe satisfação?

TGS – Eu fiz três audiências públicas, visitei secretários de estado, buscando apoio para meu trabalho. Uma das principais bandeiras minhas é o Meio Ambiente, e não só a causa animal. A causa animal em Anápolis, não só em Anápolis, tem pouca representatividade. Estamos começando do zero, não temos nenhum projeto firmado. Estamos construindo. Costumo dizer que estamos construindo um castelo. É uma bandeira que sempre foi esquecida e abandonada. Estou lutando por esta bandeira, gosto desta bandeira. Minha prioridade não será só esta bandeira, mas eu sinto que a dificuldade é grande.

 AVA – O que a população pode esperar do seu trabalho nesta causa específica de atenção aos animais?

TGS – Meu maior projeto e meu interesse pessoal (é esse voltado aos animais), até porque sou militante da causa desde os 17 anos. Faço um trabalho preventivo na cidade. Sem mandato, sempre trabalhei por esta causa. Então minha grande satisfação pessoal é colocar um projeto de castração móvel pública na cidade que vai beneficiar pessoas de baixa renda. Meu alvo são essas pessoas. E através do castramóvel vamos atingir essa população que necessita. Até porque as pessoas da periferia não têm conhecimento da necessidade de uma castração. E nós precisamos evitar a natalidade. Até porque os animais nas vias públicas é problema de saúde pública. Não tem como nós fecharmos os olhos para esta realidade e não adianta fazermos um trabalho de captura, de extermínio de animais, que cientificamente ficou comprovado. A Organização Mundial de Saúde tem uma pesquisa sobre isso, o Governo de Nova Iorque, que essa não é a solução.

AVA – Você é da base do prefeito Roberto Naves. Como você avalia esses primeiros meses de gestão do Gabinete Municipal?

TGS – Meu partido é da base do prefeito, mas eu costumo dizer que sou a favor de Anápolis. Nós vamos votar, o que não for bom nós não vamos votar. Eu avalio muito positivo os sete meses de gestão, até porque nós sabemos de todos os entraves, de todas as dificuldades de todas as gestões. Quando muda uma gestão tem todo o resquício de uma gestão passada. Ele está colocando a casa em ordem. Eu vejo empenho, eu vejo vontade de trabalhar, lógico que com dificuldade. Eu avalio muito positivamente, até porque temos visto o resultado em ações políticas.

AVA – O que você enxerga de dificuldade para a gestão?

TGS – Com certeza, na Saúde e na Segurança as dificuldades são muito grandes. Até porque não depende somente do Governo Municipal, depende do Governo Estadual, do Governo Federal. Isso é um conjunto de ações políticas que precisam ser feitas, no todo, no geral, para que o município tenha um respaldo maior e consiga fazer mais. Então só o Governo Municipal às vezes não consegue dar esse respaldo para a população e fazer chegar (o benefício na ponta). A médio, a longo prazo esse é o desafio.

AVA – Você ainda abre mão de algum benefício do gabinete, assim como abriu mão do telefone corporativo?

TGS – Na verdade, o vereador em Anápolis não tem grandes benefícios. Eu respeito. Eu não quis o celular por questão pessoal, até porque eu tenho o meu celular e eu acho que um celular só já dá trabalho. Eu abri mão, mas o contrato que a Câmara tem é fixo. Independentemente, os aparelhos chegam porque fazem parte do plano. Mas eu abri mão por questão pessoal mesmo, até porque eu não tinha interesse em ter dois telefones.

 AVA – Então não é que a vereadora Thais ache que o Legislativo Anapolino gaste muito ou que as verbas de gabinete sejam altas?

TGS – Eu acho que o vereador tem condição de pagar seu telefone. Eu abri mão também por causa disso, por convicções pessoais. Não condeno quem pegou (celular corporativo).

AVA – Quando o governador esteve em Anápolis para o lançamento do projeto Goiás na Frente, houve a sinalização de parceria entre município e estado de um hospital veterinário. Como foi esse processo?

TGS – Esse é um pleito meu. Naquela ocasião, ele acabou sinalizando favorável. Eu vou a São Paulo visitar o Hospital Veterinário do deputado Ricardo Trípoli, para nós podermos ter uma ideia do funcionamento, da logística, para trazer para Anápolis, sentar com o governador. É uma questão muito importante, de saúde pública.

 AVA – Você vislumbra algum projeto político para 2018? O PSL anapolino terá você como representante no pleito?

TGS – Uma conversa foi feita no começo do ano com o presidente estadual. Ele falou para a gente amadurecer um nome para Anápolis. Eu não tenho pretensões, mas eu deixo meu nome à disposição do partido, da comunidade, da população, se achar que é interessante.

AVA – Você faz parte da Comissão de Direitos Humanos. Como você observa a vinda para Anápolis dos presos de Aparecida de Goiânia, que foram levados de volta nesta semana?

TGS – Estivemos junto ao Depen em Brasília, pedindo um apoio na questão dos presos. O presídio estava inacabado. Tivemos uma sinalização muito boa do Depen. Salvo engano, 15 dias depois eles estavam fazendo uma vistoria no presídio em Anápolis e em Aparecida. Até porque existiam recursos para a reforma de presídios. Foi muito importante, porque somou forças, para que o que ocorreu pudesse ter acontecido, a volta dos presos. Foi um clamor da sociedade organizada, da sociedade civil, do judiciário, do Ministério Público, da Câmara de Vereadores, que acabou somando para que isso ocorresse.

 AVA – Como você enxerga o trabalho do Legislativo para este semestre?

TGS – Eu vi nos colegas todo o empenho de voltar para este semestre, de trabalhar, realizando ações em prol da cidade. De obras inacabadas que precisam ser concluídas. Estamos trabalhando em prol da Saúde. A Saúde na cidade precisa entrar nos trilhos, caminhar melhor. Sabemos de todas as dificuldades, não só no município de Anápolis, no Estado, no Brasil. A Saúde padece de um problema no país inteiro. Vemos o empenho dos colegas, cada um tem sua bandeira, acho que isso é louvável. Temos que respeitar todos os colegas, que juntos agregam uma soma de valores para a cidade. Eu acredito que neste semestre vamos poder trabalhar com mais empenho.

 AVA – Algumas pessoas dizem que certos vereadores ainda não apareceram. Você concorda com esta afirmação?

TGS – Não, até porque tem vereador que é mais tímido em questão de redes sociais, mas que está fazendo um valioso trabalho na sua comunidade, que está trabalhando em prol da população. Eu acho que não só o vereador que está fazendo requerimento é o vereador que trabalha. Tem muito vereador que vai até o local, que vai até o secretário, que pede pessoalmente aquele requerimento. Vou citar um nome, porque ele é meu colega e faz este trabalho muito bom na comunidade dele, que é o Deusmar Japão. Ele é um vereador mais tímido, porém que faz um grande trabalho na comunidade dele. Ele está fazendo um grande trabalho pela cidade.

 AVA – Você acha que há uma lacuna na credibilidade do meio político com a população?

TGS – Eu acho que, principalmente depois desta votação da semana passada, para que o Michel Temer não fosse investigado, eu acho que isso vai trazer às urnas nas próximas eleições cada vez mais um olhar mais crítico do eleitor. Até porque eu não acredito em má política. Eu acredito na forma errada como a política sido feita. Não no descrédito da política. Mas a população tem aberto os olhos. Eu acredito que a política precise de uma reoxigenada. Esses bons candidatos, esses candidatos novatos, que tem empenho, que querem trabalhar vão estar em destaque no cenário, principalmente estadual, nacional, para que a população possa avaliar.

AVA – A memória do eleitor não vai ser fraca desta vez?

TGS – Acredito que não. Acredito que, cada vez mais, o eleitor tem estado atento e é preciso essa reoxigenação na política.

 AVA – O que a população espera de um político hoje?

TGS – A população espera que o político não faça da política um balcão e negócios, não faça essa antiga política toma-lá-dá-cá. Espera um político ético, responsável, que trabalhe com dignidade e que honre o seu voto. É isso com certeza que eu vejo que a população espera de um político.

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