A internet não foi acessada por 30% dos goianos e ainda não estava em 645 mil domicílios, o equivalente a 28% dos lares do Estado, em 2016, o que revela uma grande exclusão digital. Além da falta de interesse, o maior obstáculo era o alto custo do acesso ao serviço, resultado da desigualdade de renda no País, que provoca outra desigualdade: do acesso à informação e ao conhecimento. É o que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada ontem pelo IBGE.

Mas Goiás ainda estava acima da média nacional em uso da internet no domicílio em 2016: 71,8% dos 2,2 milhões de lares estavam conectados, para uma média nacional de 69,3%. Por incrível que pareça, em 41,5% dos lares onde a internet ainda não havia chegado, o principal motivo era o desinteresse.

O superintende do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, lembra que essa aversão ocorre, principalmente, entre a população de idade mais avançada, que tem mais dificuldade para aprender a usar novas tecnologias. À medida que a faixa etária cresce, o porcentual de acesso à internet cai: enquanto 91,2% dos jovens entre 20 e 24 anos estão conectados, apenas 21,6% das pessoas com mais de 60 anos usam a rede.

Mas outro grande motivo era o alto custo do serviço. Para Edson Vieira, o custo da instalação de uma internet Wi-Fi ou mesmo de um plano de internet móvel ainda é proibitivo para muitas famílias brasileiras. O problema é que muitas dessas famílias possuem crianças em idade escolar, que ficam com o acesso mais restrito à informação e ao conhecimento, um diferencial no mundo da educação e até do mercado de trabalho. “Isso acaba se tornando um círculo vicioso”, adverte o superintendente.

A pesquisa também mostra que, quanto maior o nível de instrução, maior é a propensão das pessoas ao uso de novas tecnologias de informação e comunicação, como a internet. Cerca de 97,1% das pessoas com curso superior incompleto estão conectadas, contra apenas 45% daquelas que têm apenas o ensino fundamental incompleto.

Sinal digital

Em 2016, 74,7% dos domicílios goianos já tinham aparelhos de TV com conversor para o sinal digital, mas os 23,3% restantes ainda não podiam acessar o sistema. Com o desligamento do sinal analógico, no ano passado, esse número foi reduzido, o que deve se refletir na próxima pesquisa do IBGE sobre o tema.

Uma boa notícia é que, naquele ano, o número de domicílios com aparelhos de tela fina já tinha chegado a 66,2%, bem superior ao de lares com televisão de tubo, que era de 43,3%. Mas o sinal de televisão por assinatura ainda estava presente em apenas 23,7% dos domicílios do Estado. Os principais motivos para a baixa adesão eram a falta de interesse e o alto custo do serviço.

Segundo a pesquisa, a banda larga fixa estava em apenas 17,3% dos lares em 2016.