Valdete Fernandes: “Prefeito está tentando se organizar, não sei se está conseguindo”

Paulo Roberto Belém e Felipe Homsi

O parlamentar estreante Valdete Fernandes (PDT) é um dos vereadores mais bairristas da atual legislatura da Câmara. Embora ressalte que é vereador de Anápolis, tem suas atividades, todas, focadas na região do Bairro Polocentro e setores próximos. Tanto que um dos seus projetos, audacioso por sinal, vislumbra a construção de uma passagem que ligue o Bairro Polocentro ao Residencial Morumbi, demanda que Fernandes diz ser um anseio de Anápolis. Na conversa, Valdete alega estar buscando conhecimento. Mas isso não o impediu de avaliar o trabalho da Câmara, o seu pessoal e ainda o trabalho do executivo.

A Voz de Anápolis – Qual a avaliação que o senhor faz do trabalho da Câmara, do conjunto dos vereadores, nesses dez meses completos da atual legislatura?

Valdete Fernandes – Eu acredito que a Câmara Municipal de Anápolis, hoje, pelo o que ela está desempenhando, na minha condição de principiante, creio que ela está muito atuante. Se você analisar bem, está correspondendo muito aos anseios da sociedade. Eu acredito que ela está fazendo um bom papel. Nesses 10 meses, apesar de ter tido uma reforma muito grande, estão tentando fazer o melhor.

 AVA – Essa renovação que o senhor citou foi importante para a cidade?

VF – Sou até leigo em dizer, porque sou um dos participantes dela, mas acredito que no anseio da comunidade, eles propuseram que haveria uma mudança que de fato aconteceu.

 AVA – Em uma próxima oportunidade, o senhor vai deixar de ser um vereador novato se tiver a pretensão de se reeleger. Nesse sentido, o senhor vai continuar com essa mesma postura de renovação?

VF – A gente tem que olhar, até porque aquele ditado de que “time que está ganhando não se mexe” pode ser válido. Vai ser proveniente à questão do tempo. Cada tempo é uma questão. Muitas vezes em time que está ganhando não se mexe, em time que está perdendo você tem que mudar tudo. Mesmo eu sendo “um” desse time. A gente tem que ser até imparcial em relação a isso.

AVA – Qual a avaliação que o senhor faz do seu trabalho na Câmara nesses 10 meses de atuação?

VF – Acredito que eu estou tentando, da melhor maneira, atender não só a minha comunidade, porque hoje eu sou um vereador não pela região sul, mas de Anápolis. Dentro dessa colocação, eu tento. O que for bom para Anápolis, estarei apoiando.

AVA – O senhor pediu uma linha de ônibus para a região do Polocentro e uma ação social para aquele setor. O senhor está começando por lá para depois, a partir do segundo ano de mandato, ir para outras localidades da cidade ou o senhor quer mesmo privilegiar aquela região?

VF – Não. É como eu havia falado no princípio. Eu sou um vereador por Anápolis. Apesar de que a gente tem, conhece mais os problemas, porque eu sou mais ligado lá, moro há quase 40 nessa região. Então, eu sou do tempo que lá tinha só 12 casas. Então a gente tenta, da melhor maneira, tentar resolver esses problemas que eu conheço. Na medida do possível, o que for aparecendo dentro da cidade de Anápolis, porque eu já atendi vários setores. Tive uma participação lá no Jardim da Promissão que é do outro lado.

AVA – O senhor poderia citar os principais projetos ou iniciativas do senhor desde o começo do ano até agora?

VF – Dou um exemplo: a conclusão do asfalto do Polocentro 1. Essa é uma demanda que existe há muito tempo. Pois veja, o Polocentro 2 tem uma parte pavimentada. O Polocentro 1 e o Residencial Polocentro também pavimentada, mas ficou aquele meio sem a pavimentação. Essa é uma das minhas reivindicações prioritárias porque a comunidade exige que isso seja feito.

AVA – Quais têm sido as suas dificuldades pessoais no exercício do mandato?

VF – Acredito que ainda não teve um obstáculo que poderia ser destacado em relação a isso. Não houve perda nem ganho. Na medida do possível a gente está tentando no decorrer do tempo.

AVA – Há a informação de que existe uma frente de vereadores que utilizam muito da tribuna e outra de que existem vereadores que são aqueles que trabalham nos bastidores. Onde o senhor se encaixa?

VF – Eu fico com essa segunda hipótese. Toda vida eu fui desse jeito. Não é porque eu sou vereador que eu iria para o outro lado. Eu sou desse sistema.

AVA – Sobre a região do Polocentro, existe uma ideia, um anseio da comunidade não só do Polocentro, mas ali do Calixtolândia, do Vivian Parque e outros, em efetivar uma passagem entre aqueles setores. Você acha, realmente, que isso é viável?

VF – É viável. Porque desde quando você põe um objetivo, não medindo consequências, porque eu vou tentar, não digo que eu concretize, mas vou fazer o possível e o impossível para que essas travessias sejam realizadas. Se você analisar todos os ângulos, até o morador do Bairro da Lapa, para ele acessar o Daia ele usufruiria dessa travessia, economizando tempo e tudo mais. Essa passagem desafogaria o trevo do Daia, a Avenida Pedro Ludovico. Então seria muito viável a todos. Vou citar um exemplo: se você for sair do Polocentro para ir ao IFG, se for pelo Rodovia seria 12 km e pelo Parque das Primaveras 14 km. O mesmo exemplo vale para o Cemitério Parque e para o IML. Agora, pela passagem, não daria 2 km.

AVA – Essa é uma intervenção cara.

VF – Tem que ter recurso. Inclusive eu estive com senadores, deputados federais e com o prefeito para que a gente possa tentar viabilizá-la da melhor maneira possível.

AVA – O que o prefeito te disse sobre essa passagem específica?

VF – Ele prometeu empenho, apesar do custo razoável. Não sei se é ignorância minha, mas eu não tenho medo de fantasma porque eu nunca vi. Então eu estou disposto e não quero saber o preço. Quero ir atrás e de uma forma ou de outra a gente tentar, ele do lado dele, eu do meu lado, procurar todos os segmentos para que a gente possa concretizar essa travessia.

AVA – É uma obra para esse mandato do Executivo?

VF – A gente ainda não sabe. Não posso garantir.

AVA – O senhor está se aprofundando em questões políticas com as quais o senhor não tinha muita afinidade?

VF – Eu estou tentando fazer o meu melhor, na melhor maneira possível. A gente não aprende da noite para o dia. A gente vê vários políticos que a gente pode se espelhar, mas você não os copia. Você pode aprender com o passar do tempo.

AVA – Qual tem sido esse método pessoal de adquirir conhecimento?

VF – Procurar ouvir é muito bom. E a própria lida.

AVA – A população entende isso ou exige uma cobrança?

VF – Pelo menos, aparentemente, as pessoas que eu convivo não me questionaram nesse sentido.

AVA – O vereador é da base do prefeito Roberto Naves?

VF – Eu sou a favor de Anápolis. Independente de ser A ou B. Cada caso é um caso. Se tiver a situação que eu ver que é boa para Anápolis, terá o meu apoio. Se não for, da mesma forma, seria contra.

AVA – Com essa postura de ser a favor de Anápolis, qual a avaliação que o senhor faz do trabalho do prefeito Roberto Naves?

VF – A gente tem que a analisar por um lado e pelo outro. Por que. Está difícil? Está! Não só para Anápolis, mas de modo geral. Não pela questão da mudança, não estou me desfazendo dos anteriores, porque toda vida o meu relacionamento foi bom com todos eles. Essa luta minha não é de hoje. Tive êxitos e decepções.

AVA – A pergunta é simples. O senhor considera as ações do prefeito o caracteriza como um bom gestor ou não?

VF – Eu acredito que ele, na medida do possível, está tentando se organizar. A missão dele é tentar, não sei se está conseguindo.

AVA – Você é um vereador bairrista e pode dizer o que está ouvindo nos bairros das pessoas. A população está satisfeita?

VF – Pelo entendimento que eu tenho, eu acho que eles estão dando mais um tempo.

AVA – Teve um episódio no primeiro semestre envolvendo seu nome, sobre a aquisição de medicamentos para diabéticos e a dispensação gratuita de insulinas. Como está isso hoje?

VF – Antes de ser vereador, eu sou diabético. Então eu acho que não justifica essa repercussão negativa àquela época. Mas não estou pegando mais insulinas na rede municipal. Enfim, isso é assunto do passado, resolvido.

AVA – Como está o PDT anapolino em relação às próximas eleições? O senhor é atuante, partidariamente falando?

VF – Estou aguardando a diretoria superior, municipal, estadual. Ainda é muito cedo. Mas temos bons nomes no partido e eu acredito que vai ser estudada uma chapa que seja competitiva. Só por sair, não.

AVA – O senhor tem essa pretensão de pleitear um cargo?

VF – Se o partido achar que é por bem, estarei à disposição.