Antônio Gomide: “O anapolino espera que o prefeito fale menos e faça mais.”

Considerado líder da oposição na Câmara Municipal, o vereador Antônio Gomide passou o ano de 2017 protagonizando grande parte dos debates ocorridos nas sessões plenárias. Desde o posicionamento em defesa dos servidores municipais até a cobrança pelo pagamento de incentivos como o Bolsa Atleta, passando pelas reivindicações dos diabéticos e outros temas, o ex-prefeito de Anápolis criou em torno de si a referência que se era esperada desde quando se lançou candidato. “As pessoas nos bairros ainda estão esperando pela visita do prefeito Roberto, o Novo. Elas ainda estão aguardando as promessas saírem do papel”, avalia.

A Voz de Anápolis – Qual a sua avaliação sobre os trabalhos da Câmara no primeiro ano legislativo?

Antônio Gomide – Avalio positivamente. Houve uma atuação efetiva de diversos parlamentares, principalmente diversos iniciantes. Os estreantes começaram o ano usando o plenário, marcando posições. A ideia do Legislativo é esta mesmo: promover o debate, o diálogo, em prol da cidade, da defesa de ideias que melhorem a vida das pessoas. Um dado chama a atenção e serve de análise para o ano de 2017: foram assinados 2459 requerimentos pelos vereadores para o Executivo. São demandas das mais diversas, como pedidos de asfaltamento, tapa-buraco, melhoria na iluminação, poda de árvores, limpeza urbana, entre outros. Isto mostra a atuação dos vereadores em suas comunidades. No entanto, não vimos nem mesmo 10% destes pedidos sendo atendidos pelo prefeito, o que nos dá outra conclusão: a falta de atuação do Executivo. A Prefeitura está bastante atrás do que o povo está esperando e precisando nos bairros. Isto é sentido pela busca da população por ajuda no gabinete dos vereadores.

AVA – Quais os projetos mais importantes ocorridos no ano passado na sua legislatura?

AG – Encampamos diversas bandeiras e lutas em defesa de grupos que foram prejudicados pela gestão neste ano que passou. Começamos na defesa da retirada de direitos e cortes de salários dos servidores, defendemos os interesses dos diabéticos que ficaram sem receber insulina apropriada pela Secretaria de Saúde. Apresentamos projetos para dar mais segurança social aos beneficiados do programa “Minha Casa, Minha Vida”, com o intuito de barrar a especulação imobiliária, bem como criamos uma lei para dar transparência na lista das cirurgias eletivas. Para este projeto entrar em vigor o prefeito pediu um prazo de 1 um ano para se adequar na publicação de uma lista!

AVA – E qual a avaliação da gestão do prefeito Roberto Naves?

AG – Toda gestão tem dificuldades. Nós, que já estivemos lá, sabemos bem como funciona, mas ao contrário de reclamar, optamos por seguir o caminho que a população nos indicou: criar soluções, fazer, realizar. Em 2009, o orçamento da Prefeitura de R$ 369 milhões. No ano passado, o primeiro do prefeito, o orçamento superou a marca de R$ 1 bilhão e 260 milhões. É possível fazer muito mais. Somente nos dois quadrimestres, a Prefeitura anunciou um lucro nas contas de R$ 78 milhões. Nós ainda não vimos melhorias para a cidade e o povo com esta arrecadação. Outro ponto preocupante é esta perseguição ao contribuinte, através da criação de um sistema de ameaças de negativar as pessoas, criando uma política do medo e do confronto, quando deveria ser a de aproximação e diálogo.

AVA – Uma das críticas recorrentes que você fez no plenário foi quanto ao recuo de ações ou programas já existentes. Isto tem a ver com o Orçamento ou com a vontade de apagar realizações anteriores?

AG – Somente o prefeito Roberto Naves pode responder sobre a sua estratégia política ou conceito de gestão. O que vimos em 2017 foi um recuo em todas as áreas. Conquistas importantes deixaram de existir por decisão do prefeito. Houve o fechamento do Centro Cultural do Filostro Machado, os dois feirões que desabaram nas chuvas de 2016 até hoje não foram reconstruídos, o programa Esporte Para Todos atendia 16 mil crianças e foi banido, acabou. O programa Samuzinho também acabou. O pagamento do Bolsa-Atleta, que é uma lei municipal, não foi cumprido em 2017, ficando só na promessa. Vimos em 2017 a perseguição política a servidores e ainda o corte de incentivos, benefícios e direitos de trabalhadores da administração pública. A Saúde, por sua vez, foi alvo de críticas até de aliados do prefeito que detectaram problemas e criticaram abertamente no plenário. A avaliação é simples e fica clara quando vemos que ao longo do último ano, o prefeito Roberto Naves não deu conta de lançar uma ordem de serviço sequer para Asfalto, Habitação ou obras na Educação. A cidade vinha num crescente de demandas e novas obras e neste ano isto foi interrompido. A Prefeitura está em débito com a sociedade.

AVA – Mas ainda há três anos para realizar intervenções. Integrantes da gestão afirmam que este foi um ano de justes…

AG – Mas então agora terão de correr contra o tempo! Porque quem passou por lá sabe que quatro anos é pouco tempo para a quantidade de desafios que você tem de enfrentar. Além do programado, dos compromissos firmados, ainda tem as demandas urgentes que surgem no dia-a-dia. Veja as praças e parques, que foram prioridade no Meio Ambiente: reformamos, modernizamos e ampliamos mais de 70 praças em dezenas de bairros, criamos quatro parques ambientais a partir de lixões ou áreas sem uso. Hoje, vários destes espaços são impróprios para se frequentar com a família porque estão acabados, sem segurança e manutenção. A única obra que andou de fato foram aquelas ligadas ao Plano de Mobilidade, cuja verba já foi captada em 2014. Se este foi o ano de ajustes, o prefeito Roberto Naves terá de correr para tirar do papel tudo o que prometeu.

AVA – Como você avalia o cenário nacional, com esta incerteza de Lula ser ou não candidato por conta da Justiça?

AG – Lula é o candidato que a população espera e esta demonstração já foi dada em todas as mais de 13 pesquisas divulgadas, colocando o ex-presidente na liderança. As expectativas são positivas. Lula é o único líder popular com capacidade de reconduzir a Nação ao processo avanços em todas as áreas, da macroeconomia à assistência social, do crescimento da Indústria ao combate à fome. Lula não vende sonhos, mas oferece a realidade que os brasileiros já experimentaram e aprovaram.
Há um processo claro de perseguição ao ex-presidente. Não ganharam nas urnas nos últimos 16 anos, deram um golpe e ainda assim sabem que não vai levar no voto, então querem ganhar no tapetão. Para ser julgado agora, dia 24, o processo de Lula furou a fila de sete outros que estão à sua frente. E ele será julgado antes. A lei que não permitiu nomear Lula como ministro de Dilma foi usada só para ele, agora Temer tem mais 10 ministros enrolados com a Lavajato e ninguém aciona a tal lei para retirá-los.
O Gás aumentou 67%, a luz aumentou 42%, a gasolina subiu mais de 29%, enquanto o salário mínimo aumentou 1,81% e mesmo assim ninguém foi para as ruas. Cadê os tais movimentos apartidários? O povo começa a ver dois anos depois daquele movimento que o que eles queriam era mudar o resultado das urnas e não fazer uma limpeza ética no País. Lula é o mais lembrado e o menos rejeitado de todos, o que mostra que a população já deu o indicativo do que quer para as eleições de 2018.

AVA – Qual a expectativa para as disputas estaduais? O cenário nacional tem influência nos Estados e, em especial, em Goiás?

AG – Os goianos terão pela frente uma eleição plebiscitária: entre a continuidade de um projeto com 20 anos de gestão e repleto de desgastes de credibilidade junto à população, em desalinho com os anseios da população e a escolha de um caminho renovado, com novas propostas e ideias arejadas, com bases mais próximas ao que o cidadão espera de seu Governo. Aqui, os grupos rivais são os mesmos, todos se encontram no cenário nacional. Há aqui uma disputa quase pessoal, mas na verdade, todos vêm do mesmo lugar. Afinal, Marconi Perillo e Ronaldo Caiado apoiaram o golpe parlamentar e deram apoio a Michel Temer, tanto é que PSDB e DEM mantém ministros no Governo Temer. Goiás precisa de um projeto que tenha equilíbrio, e que seja guiado pelo diálogo e sintonia com a população, longe do discurso de ódio e da perseguição política.

AVA – E, nesta análise, qual a importância de Anápolis nesta eleição?

AG – A participação de Anápolis é fundamental pela sua importância eleitoral e econômica. O anapolino mais uma vez terá a missão de escolher nomes que tenham sintonia com a cidade, que defendam os interesses do povo. Terão de escolher representantes que se apresentem ao debate, que firmem posições e que não se escondam quando as polêmicas surgem, como as diversas que tivemos nestes anos. É preciso destacar a importância em se formar lideranças e ocupar os espaços com pessoas que tenham credibilidade. Porque amanhã ou depois são estes escolhidos que poderão fazer a diferença na luta por Anápolis.

AVA – Você é candidato a deputado estadual?

AG – Sou pré-candidato a deputado estadual. E coloco ainda meu nome para a avaliação do partido para que seja feita a análise da melhor posição a ser ocupada no momento da formação das chapas, assim como fiz em outras oportunidades. Minha intenção para ser candidato a deputado é para defender sem medo os interesses da cidade, como o abastecimento de água, as ações efetivas pela Segurança, o término de obras paralisadas, a ampliação do Daia e atração de novas empresas e o fortalecimento da Educação e Saúde Pública, Gratuita e de Qualidade, principalmente defendendo a autonomia e os investimentos na UEG. E tudo isto, para acontecer, precisa de cobranças diárias de seus representantes na Assembleia em favor de Anápolis.

AVA – É possível pensar que terminaremos 2018 melhor que começamos?

AG – Esta é a grande expectativa e é uma meta totalmente possível. O processo eleitoral legítimo, com a participação de Lula e o amplo debate de projetos garantirá a devolução da democracia que foi suspensa no Brasil. Lula é a devolução de esperança. Em Goiás, temos a chance semelhante: interromper um ciclo de 20 anos. 2018 pode ser o ano de grandes conquistas e vitórias.

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