Audiência para discutir o Transporte é ‘esvaziada’ por lojistas do Terminal, que dominam discussões

Paulo Roberto Belém

A Câmara Municipal foi palco no último dia 25, de uma audiência pública proposta pelo vereador Domingos de Paula (PV) com a intenção de discutir o transporte público em Anápolis. Vários vereadores, representantes da Urban e da CMTT marcaram presença, entretanto, o assunto que se sobressaiu não foi propriamente a qualidade do transporte em si, mas a demanda de lojistas que reclamam do valor de taxas cobradas para permanecerem exercendo comércio no interior do Terminal Urbano.

Essa tendência foi percebida antes do início da reunião. Mais de 100 pessoas uniformizadas, entre lojistas e pessoas ligadas à classe lotaram o pequeno espaço do Plenário Teotônio Vilela e os cartazes exibidos remetiam dizeres como: “Nosso Trabalho Nossa Vida”, entre outros relacionados ao interesse dos comerciantes.

O mesmo ocorreu nos pontos abordados pelos populares inscritos na audiência que tiveram direito à fala. Dos seis que falaram, somente um mencionou problemas relacionados ao transporte público, a exemplo dos recorrentes atrasos dos ônibus. Os demais defenderam a bandeira dos lojistas que não concordam em pagar o valor estipulado pela empresa que corresponde à manutenção das instalações do terminal urbano. Um deles foi o presidente da Associação dos Lojistas do Terminal Urbano de Anápolis, Lourival Lemes Batista. “Não podemos aceitar que a Urban aja como uma imobiliária”, citou.

Valor

Esta conta, segundo o diretor de operações da Urban, Humberto El Zayek, foi estipulada em R$ 106 mil mensais e, de acordo com o contrato de exploração do transporte público em Anápolis que inclui a administração do prédio do terminal urbano, deve ser rateado entre os cerca de 80 lojistas que estão localizados no interior do espaço. “Não podemos onerar o transporte público com este valor, por isso essa divisão”, disse.

Alguns vereadores citaram que embora a forma de cobrança esteja especificada em contrato, não concordam com a forma que se pretende aplicar. O vereador Teles Junior (PMN) enxerga que a cobrança vai prejudicar, principalmente, os pequenos comerciantes do local. “No terminal são negócios de família e a cobrança é abusiva. É preciso revisar o contrato”, afirmou. Seguiram essa tendência os vereadores João da Luz (PHS) e Luzimar Silva (PMN).

Providências

De toda a audiência, o diretor jurídico da Urban, Carlos Leão, enumerou três pontos principais debatidos. Sobre a tratativa dos lojistas, ele disse que a empresa cumpre com o que consta no contrato. Em resposta à possível intenção de implantação do transporte alternativo, o advogado citou que é papel da Casa analisar a legalidade do pedido. Por final, ele falou sobre a questão da má prestação de serviço da Urban. “Recentemente, fomos visitados pelo Procon que comprovou que os atrasos são mínimos e dentro do considerável”, explicou Leão.

O diretor da Companhia Municipal de Transportes – CMTT, Carlos Toledo, minimizou as questões levantadas na audiência e assegurou que a Companhia – que é a responsável, de fato, para fiscalizar o transporte público – está tomando as providências que vão dar resposta à população e também aos lojistas. “Sobre os atrasos, peço paciência até julho para apresentar um sistema de controle de frota onde o usuário poderá acompanhar em tempo real o deslocamento dos ônibus”, afirmou Toledo.

Opiniões

Propositor da audiência, o vereador Domingos de Paula (PV) que é o presidente da Comissão de Urbanismo, Transporte, Obras, Serviços e Meio Ambiente considerou o encontro proveitoso. Perguntado se ele considerava que as demandas dos lojistas se sobressaíram ao debate sobre a qualidade do transporte público ele minimizou. “Os lojistas também são usuários do transporte público. Achei importante a presença de todos aqui”, disse.

O vereador Antônio Gomide (PT) entende que o debate é importante, mas que as discussões têm que ir além do discurso. “É preciso tomar atitude, é preciso tomar decisões. São estas decisões que vão melhorar o transporte na cidade, resolvendo as questões de horário e colocando ônibus mais novos, por exemplo”, citou. Gomide complementou que o que deve ocorrer é a observância das prerrogativas que rezam o contrato. “É preciso que elas estejam de acordo e que possam cumprir o papel social que é o ir e vir da população anapolina que utiliza o transporte”, finalizou.

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