Centro Cultural do Filostro resiste à mudança enquanto PM aguarda reforma da prefeitura para instalar base

Jovens que utilizam o espaço em atividades durante contra turno escolar são contra a decisão: intenção do município é ceder à Polícia Militar a área, que será utilizada pela Companhia de Policiamento Especializada – CPE; local escolhido para novo centro também precisa de reforma e nada saiu do papel

Felipe Homsi

Nem uma coisa, nem outra. Assim pode ser resumida a atual situação do Centro Cultural Filostro Machado que foi sinalizado pelo gabinete municipal para ser repassado para a Polícia Militar. A ideia é desativar o centro cultural da região para que em seu lugar seja erguida uma base de policiamento da Companhia de Policiamento Especializado, a CPE.

Com isto, o Centro Cultural seria transferido para a área onde antes funcionava o Centro de Recondicionamento de Computadores – CRC, também no Filostro. No CRC também funcionava um telecentro, desativado pela atual gestão.

Em comum os dois endereços têm um mesmo problema: ambos precisam de reformas e adaptações. E enquanto não há uma ação da Prefeitura em reformar o Centro Cultural para virar quartel e em reformar um antigo depósito de computadores para virar centro de práticas artísticas, tudo fica como está e nada acontece.

Entre os problemas identificado é que, sob a ameaça da cessão do espaço para a polícia, não há investimento na revitalização ou mesmo na criação de uma agenda mais atraente para o atual Centro Cultural. O outro é que a ideia da mudança já incomoda jovens que se beneficiam do local, mesmo que o projeto não tenha ainda saído do papel.

Marcos Henrique tem 17 anos está no 2º ano do ensino médio. Ele tem aulas de Break no Centro Cultural. “Eu acho muito errado, porque aqui a gente não precisa de mais polícia, a gente precisa de mais espaço cultural, mais espaço para os jovens aprenderem”, comentou sobre a mudança que a Prefeitura irá fazer.

Marcos Henrique é contra a transformação do Centro Cultural em base da polícia

“Não só eu, mas todo mundo, a única coisa que fazemos (no contraturno) é vir treinar. Colocando esse posto policial, os meninos vão ficar muito desocupados na rua”, acrescentou. Ele teme que os jovens fiquem “sem a atividade que eles mais gostam”.

Victor Ribeiro, de 17 anos, também está no 2º ano do ensino médio. Ele pensa da mesma maneira que seu colega. “O Centro Cultural ajuda muito as crianças que ficam na rua durante o dia”, ressalta. “Isso aqui é um modo de salvar as crianças, de tirar elas da rua, poder ajudar elas também e nos ajudar a evoluir no break, que é nossa modalidade”, pontuou. Para ele, encontrar outro local para a base da CPE “é melhor do que desocuparem aqui”.

Victor Ribeiro teme ficar sem alternativas caso a Prefeitura mantenha decisão de retirar os jovens do Centro Cultural

Angústia

Sobre o Centro de Recondicionamento de Computadores, a informação é que o prédio se encontra em condições precárias e seria impossível realizar atividades do Centro Cultural naquele local. É por isso que os jovens ouvidos querem permanecer onde estão.

Aula de Break realizada no Centro Cultural: espaço parou no tempo no aguardo da ocupação da PM

Enquanto a Polícia Militar não finaliza o projeto da base de policiamento e a Prefeitura não reforma do Centro de Recondicionamento de Computadores, os jovens do Filostro Machado e região sentem a angústia de quem poderá perder a qualquer momento uma área que serve para a inclusão digital de centenas de garotos e garotas.

Explicações

O comandante-geral da PM em Anápolis, coronel João Batista de Freitas Lemes, explicou que o projeto para um posto de policiamento na área onde funciona o Centro Cultural está em fase de elaboração. “A ideia é futuramente transformar a companhia em um batalhão”, pontuou.

Ele destaca ainda que a área atual onde a CPE está localizada funciona em uma área emprestada e que o novo local, no Centro Cultural, será mais adequado para os projetos de crescimento da atuação da corporação na cidade. “O prefeito vai entregar essa área já com as adequações e os acertos com as construções de acordo com a nossa solicitação”, informou.

“Colocando uma unidade especializada em um determinado local quem tem uma demanda operacional maior, você vai automaticamente fazendo um trabalho de segurança pública”. O comandante coronel João Batista de Freitas Lemes informou que ainda em dezembro o projeto para construção da base de policiamento deverá estar pronto.

Cultura

Secretário de Cultura, Erivelson Borges explicou que a mudança da CPE para o Centro Cultural do Filostro deverá ocorrer apenas quando um outro local estiver disponibilizado. “Eu já tinha solicitado ao prefeito que só efetivasse isso quando nós tivermos um novo local para o Centro Cultural. Em momento algum eu iria suspender as atividades e não suspendi”, detalhou. Ao todo, 80 crianças e adolescentes são atendidos, nas mais diversas atividades do centro.

Ele informou que “possivelmente” as atividades do Centro Cultural passarão a funcionar na área onde era o CRC já em fevereiro de 2018. O Centro de Recondicionamento de Computadores irá se manter desativado. “O CRC já está desativado. Nós pegamos o CRC desativado”, informou. Ele vê como positiva a mudança, já que o Filostro irá “ganhar” um posto de policiamento e um novo espaço do Centro Cultural. Ele alegou ainda que a decisão de transformar o centro em base de polícia foi “conversado” com a população local.

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