Deusmar Japão: “O prefeito precisa dar uma melhorada em seu secretariado”

Paulo Roberto Belém e Felipe Homsi

Deusmar Chaveiro, mais conhecido como Deusmar Japão, é servidor de carreira da Prefeitura há 31 anos e sempre trabalhou no Hospital Municipal Jamel Cecílio. Ele revelou que a pretensão política veio em 2012 afirmando que mesmo tendo desistido da candidatura de vereador no meio do caminho, foi o mais bem votado pelo PTC naquele ano com 898 votos. A estreia veio nessa legislatura e Japão confessa que chegou a perguntar o que “ele estava fazendo ali” (na Câmara), mas que, agora, compreende o poder que o mandato tem. Reconhecendo sua inexperiência parlamentar, ele diz praticar a política assistencialista na área da saúde. Nessa condição, ele comenta sobre a saúde ofertada pelo município relatando casos pontuais da unidade que tem vivência, o Hospital Municipal. Japão também avalia o executivo e levanta o ponto da qualidade do primeiro escalão do governo Roberto Naves.

A Voz de Anápolis – Depois de 11 meses, qual a avaliação que o senhor faz da Câmara Municipal nesta legislatura, do trabalho dos vereadores?

 Deusmar Japão – Por essa experiência na Câmara, eu olho que têm as pessoas boas e as pessoas diferentes. Eu me espelho muito no vereador [Antônio] Gomide, um vereador experiente, de fala firme. Eu aprendo muito com ele, pois ele já foi prefeito. Ele na oposição é muito firme. Olho muito o Jakson [Charles, PSB], mas eu me espelho mais nele (Gomide). Eu acredito que nesse período o trabalho da Câmara foi muito importante. No começo eu comecei a me desanimar, mas depois eu percebi a importância que a Câmara tem para as pessoas. Antes eu não sabia, mas através da Câmara foi possível eu ajudar uma pessoa que estava precisando de um atendimento específico na área da saúde. Os vereadores têm esse poder de articulação, de ser ouvido por outras autoridades e ajudar as pessoas.

AVA – O que exatamente o senhor pôde fazer e que não dava para fazer antes, sem o mandato?

DJ – Ganha-se um certo respeito. Antes, eu ficava lutando para conseguir um transporte para um paciente que precisava. Era difícil demais. Você precisava se humilhar. Hoje, não. Às vezes quando não tem, eu mesmo peço para um dos meus assessores fazer esse serviço, no meu carro mesmo. Antes eu não tinha condições de colocar gasolina e hoje a gente tem condições. Estou achando isso bom.

AVA – O senhor esteve recentemente com um grupo de vereadores em uma visita ao Ministério dos Transportes para pedir ajuda para determinadas demandas da cidade, como por exemplo, a questão do acesso ao Bairro Recanto do Sol. Vocês conseguiram algo concreto nessa reunião?

DJ – Eu achei essa reunião importante. Eles prometeram uma verba para poder arrumar isso aí. Até o Vinicius Sousa (secretário de Obras) estava junto. Mas eu não disse nada lá, só estava ouvindo.

AVA – Qual seria a solução para aquele acesso específico?

DJ – Eu não entendo muito dessa área. Eu entendo mais da área da saúde. Mas lá foi falado em se pensar e fazer outras saídas daquele setor, que não fosse somente essa que existe.

AVA – Então, falando em Saúde. Da sua vivência, como você avalia a saúde ofertada pelo município?

DJ – A saúde é difícil. Eu trabalho há muitos anos e vejo que ela está longe de estar boa. O que eu posso fazer e esse trabalho social, de auxílio às pessoas. Mas a dificuldade na saúde não está na secretária, nem no prefeito.

AVA – Você trabalhou muito tempo no Hospital Municipal, a primeira unidade 24 horas da Prefeitura. Quais as prioridades para essa unidade específica, já que o senhor conhece a realidade de lá?

DJ – O que falta são leitos de UTI porque é aonde o povo sofre. É preciso brigar por essas vagas. Por outro lado, tem a questão dos aparelhos que estão danificados, a exemplo do ultrassom que está a quase dois anos estragado, e também o aparelho de ressonância. O paciente se ficar três meses à espera de um desses dois aparelhos, às vezes ele sara naturalmente. É preciso dar atenção à manutenção não só desses aparelhos, mas de todos que estão lá no Hospital Municipal.

AVA – O senhor tem cobrado essa atenção junto à gestão municipal ou o senhor só está relatando a situação?

DJ – Tenho cobrado.

AVA – Qual a resposta que você tem dessa situação?

DJ – É de que o conserto está em processo de licitação. É complicado você querer resolver e ter situações dessa atrapalhando.

AVA – A gestão está demorando a dar resposta às demandas da saúde, como nesta específica, por exemplo?

DJ – Está demorando. Eu acredito estar demorando. Mas reconheço não ser fácil.

AVA – O senhor integra um grupo de vereadores que não tem o costume de usar a tribuna. Já que o senhor veio da saúde e reconhece ter esse perfil assistencialista, não seria o caso de utilizar a tribuna para dar resposta à comunidade, cobrando aquilo que o senhor acredita ser o correto?

DJ – Eu tenho dificuldade de falar em público. Mas tem hora que me dá vontade de ir lá e cobrar.

AVA – O senhor considera que essa área de saúde dá voto para quem queira se utilizar dela com pretensão de fazer essa política assistencialista?

DJ – Não é que dê voto. As pessoas ficam muito gratas quando recebem uma ajuda na área da saúde. Elas não se esquecem. Eu sempre gostei de ajudar nessa área de saúde. Esse é o meu jeito, o de tentar ajudar.

AVA – Então, de que forma o mandato agrega a esse seu jeito de ajudar as pessoas na área da saúde?

DJ – Agora eu estou podendo mais. A minha candidatura sempre foi focada em poder ajudar mais as pessoas. É como esse exemplo que eu citei de poder dar um auxílio para quem precisa ir para Goiânia buscar um atendimento ou um tratamento que não tem aqui. Antes eu não tinha condições de poder ajudar nisso, hoje eu tenho.

AVA – De fato, o senhor está ajudando mais pessoas?

DJ – Sim. Até o meio do ano, eu estava confuso. Até me perguntava o que eu estava fazendo aqui “nesse mundo”, só ouvindo. A partir daí eu comecei a ir a outro caminho, o de ajudar as pessoas através do mandato.

AVA – Qual é a avaliação do senhor da gestão Roberto Naves?

DJ – A gente vê que ele nem foi vereador, mas eu o considero uma pessoa boa. Não sou situação, nem oposição. Estou lá para fazer o meu trabalho. Se ele cumprir a conversa dele, se for real mesmo, a Prefeitura vai dar uma boa caminhada.

AVA – O senhor o avaliou como pessoa. E do trabalho dele? O que dizer?

DJ – O que eu enxergo como positivo e esse andamento nas obras que foram deixadas pela gestão anterior. Minha atenção é com os postinhos de saúde e ele começou a dar uma resposta.

AVA – O que está faltando para essa gestão dar uma alavancada?

 DJ – O prefeito precisa dar uma melhorada em eu secretariado. Não estou falando mal de nenhum deles, mas os secretários têm que dar resposta. Um dos secretários que eu avalio estar trabalhando muito é o Vinicius (secretário de Obras). Tudo que a gente leva de demandas mais simples, ele tem atendido.

AVA – O senhor já passou por algum problema específico em alguma pasta?

 DJ – Não. Mas essa é a minha avaliação geral. Eu não vou citar nomes, mas o prefeito tem que apertar o seu secretariado.

AVA – O prefeito tem falado muito que esse ano é o do planejamento dele. O senhor, na condição de vereador, enxerga isso? Na sua opinião, o ano que vem vai ser o ano de que para o prefeito?

DJ – Eu acho que vai ser melhor. Estou achando que vai melhorar.

AVA – Partidariamente falando, como está a organização do PSL municipal para as eleições de 2018?

 DJ – Eu estou mais isolado em meu gabinete. Eu não sei se a Thaís Souza (vereadora) vai pleitear algo, porque ela é o nome do partido aqui na cidade. Já eu prefiro cumprir o mandato de vereador para decidir o meu futuro político.

AVA – O que o senhor vislumbra pra o seu mandato para os próximos anos?

 DJ – Eu quero trabalhar. Mostrar que eu estava perdido, mas que agora não. Quero mostrar para a sociedade que eu estou ali para atendê-la.

AVA – O primeiro ano de mandato está chegando ao fim. Atualmente, você já tem uma perspectiva de permanência ou desistência da política?

 DJ- Se Deus quiser, eu quero permanecer na política. Porque eu vi que as portas se abrem para os políticos.

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