Espinha dorsal do Governo Temer, PSDB libera bancada para dar voto como quiser e sinaliza abandono de presidente

O PSDB foi a legenda decisiva para que o então vice Michel Temer conseguisse arquitetar a votação necessária para que a presidente Dilma fosse afastada do cargo. Em uma combinação com os tucanos, além do PMDB e de outros partidos de menor expressão, foi esta parceria que elevou Temer à condição de presidente e terminou por cassar o mandato da hoje ex-presidente.

O retorno deste apoio veio em forma de espaços no Governo e, ainda da votação de projetos estratégicos. O principal deles é o mais polêmico: a reforma trabalhista que deve ser votado hoje no Senado. Legendas como o PSDB e o DEM se tornaram a espinha dorsal do Governo Temer, ocupando pastas consideradas de primeira grandeza. Desde 2002, por exemplo, que o DEM não tinha um representante no primeiro escalão. Hoje, cuida da Educação do país.

A reconfiguração política do país se deu, portanto, de forma indireta, com a troca do presidente sem o voto, mas com o instrumento do impeachment. E é esta nova estrutura que devolveu o PSDB e o DEM ao governo que começa a ruir. A tendência é que Temer, antes apoiado, agora passe a ser sistematicamente abandonado.

O começou deste processo de saída aconteceu na noite de segunda-feira (10) quando após uma reunião de quatro horas, os caciques do alto tucanato decidiram liberar a bancada do partido na Câmara para votar a favor da autorização para o Supremo Tribunal Federal (STF) analisar a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer.

O tão esperado desembarque não veio. Ainda. Mas esta é a primeira ação efetiva que denota que o caminho do PSDB é não ficar com Temer e deixá-lo sucumbir. Se os tucanos estiveram na decolagem do então vice na chapa do PT, é o mesmo tucanato que não quer estar com ele em seu naufrágio.

Naufrágio este que se tornará ainda mais eminente no caso da saída do PSDB, uma vez que este gesto irá criar um efeito dominó, reverberando na decisão de outros partidos e também deixar Temer.

O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Trípoli (SP), afirmou que a maioria dos deputados tucanos (30 de um total de 46) é favorável ao desembarque da sigla do governo e da investigação de Temer.

Governador de Goiás, Marconi Perillo é, ao lado dos senadores José Serra e Aécio Neves, um dos poucos que ainda defende a permanência. Já senadores como Tasso Jereissati e Cássio Cunha Lima (PB) e o líder da bancada na Câmara advertiram que o voto a ser dado será dos deputados, onde a maioria é pelo afastamento.

Uma das preocupações é que o pior prejudicado com todo este movimento seja o senador Aécio Neves que está na berlinda com relação às denúncias de corrupção envolvendo as delações da Lavajato e da JBS. Rifar Aécio Neves pode ser o caminho para que o PSDB crie um novo discurso em um universo político pós-Temer.

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