Fernando Paiva: “Fica a sensação de que poderia estar se fazendo mais, mas sabemos de todas as dificuldades”

Paulo Roberto Belém e Felipe Homsi

O vereador Fernando Paiva (Podemos) entende que por ser servidor de carreira do estado, atuando no Detran desde 1984, foi capaz de pleitear a presidência da comissão dos Direitos dos Servidores no Legislativo neste que é o seu primeiro mandato. Entretanto, comenta que o “arrocho das prefeituras é muito grande”, mas, logo em seguida, diz que ainda se pode ser feito algo, falando em benefícios à classe. Paiva também comenta sobre o seu posicionamento em relação a principal demanda atual do Issa: o aumento da alíquota de repasse dos servidores ativos.

A Voz de Anápolis – Qual a avaliação que você faz do trabalho da Câmara, do conjunto dos vereadores, nesses nove meses completos da atual legislatura?

Fernando Paiva – Eu vejo com bons olhos e com uma esperança muito grande, até pela qualificação desses pares. Eu estou acompanhando e percebo que realmente todos têm compromisso, cada um na sua área, porque a gente atua em áreas distintas. É natural que isso aconteça. Quando estamos em campanha, geralmente atuamos em áreas diferentes. Num contexto geral, todos ali têm compromisso com a cidade, têm compromisso com a ética e com o trabalho, realmente.

 AVA – E qual a avaliação do seu trabalho na Câmara?

FP – Eu venho do setor público. Sou funcionário de carreira do Detran desde 1984. Fui gestor da Ciretran de Anápolis por um bom tempo. Sei a dificuldade que o servidor encontra. Então, quando eu fui eleito, vim com aquela ideia de atuar muito na área do servidor público e até almejei ser o presidente da comissão respectiva e estou trabalhando realmente nesse sentido. Sei e todos sabem das dificuldades. O arrocho de todas as prefeituras é muito grande, a falta de condições de melhorar para o servidor público, mas a gente continua trabalhando nesse sentido. Em contrapartida, tenho atuado muito nos bairros, principalmente naquelas regiões que tive maior densidade eleitoral, a exemplo da grande Jaiara e na Santa Maria, Jundiaí e Anápolis City, que é a minha região realmente. Gosto de estar com o povo, do calor do povo, até por conta da minha formação. Estou sempre junto da população e tenho sido recebido pelos secretários por conta dessas demandas.

 AVA – Um dos debates dos servidores é quanto a proposta da gestão municipal em elevar a alíquota de 11 para 14% do repasse dos servidores ao Issa. Qual a sua posição?

FP – Sabemos das dificuldades do Issa e é importante que o servidor tenha noção do que está acontecendo, para que as pessoas possam saber o que acontece realmente com o Issa.

 AVA – O senhor é favorável ao aumento?

FP – Particularmente, não. Mas vou verificar o que é viável e o que não é. Às vezes eu sou contra algo que é retirado do servidor público, mas se lá na frente chegar a um ponto em que não tem como beneficiar esse servidor, a gente tem que rever essas posições. Mas a audiência pública é justamente para o debate.

 AVA – O senhor vem do Detran. O senhor não tem levantado essa questão do trânsito, na tribuna, por exemplo. Por que é que o senhor ainda não chegou nesse ponto de tocar na área de onde o senhor veio?

FP – Quando eu assumi a vereança, já estava em fase de implantação essas obras que estão causando uma reviravolta no trânsito. Eu já tive acesso a esse projeto relacionado às vias exclusivas para ônibus e outras questões. É um momento difícil para essa atuação específica. Está sendo feito alguma coisa. Então a gente tem que ver realmente o que isso vai beneficiar a cidade para depois eu me posicionar, realmente. É um interesse que eu tenho, mas eu não deixo de atuar. Sempre estou procurando e tenho a felicidade de estar sendo atendido pelo Carlos César (diretor da CMTT) na questão dessas barreiras eletrônicas, do redirecionamento do sentido de algumas vias, porque muitas vezes a população entende de uma forma e quando o órgão competente vai fazer o estudo, não tem como atender o que a população imagina.

 AVA – A população tem medo de mudanças no trânsito?

FP – Principalmente nessas ruas e avenidas que têm o comércio intenso, de colocar mão única. Eles acham que vai diminuir o movimento, mas eles esquecem que vai aumentar o estacionamento. Mas é claro que é um estudo. Não se muda um trânsito sem estudo prévio. Existe um engenheiro para isso.

 AVA – A Prefeitura falou em área azul digital. Os vereadores foram consultados para participar dessa discussão?

FP – Ele (Carlos Toledo) já falou disso no plenário da Câmara e particularmente apoio esse projeto. Sou a favor.

 AVA – Falando em uma atuação da fiscalização do trânsito que ocorre em Anápolis, o Governo realiza as blitzen fazendárias e a da Lei Seca. Você apoia essas blitzen?

FP – Sobre a blitz fazendária, existem outros mecanismos para atuar nesse sentido. Você pode autuar o condutor, inserir o nome dele nos órgãos de proteção. Então eu vejo o IPVA especificamente, a fiscalização deveria ser nesse sentido: autuar aqueles que realmente estão devendo, não por meio dessas blitzen. Agora, a blitz, ela seria interessante? Sim. Desde que mesmo aqueles que não estão com a documentação irregular, sejam abordados. O problema maior que nós temos não é documento vencido, é claro que a arrecadação é interessante. A própria segurança pública depende de arrecadação, mas eu acho que o mais importante seria uma revista no veículo para verificar outras coisas. Eu, como gestor de trânsito, acredito que as blitzen deveriam atuar nesse sentido. Pelo que eu vejo, as pessoas que passam por aquele equipamento e não acusa nenhuma crítica, não são abordadas. Quanto à blitz da Balada Responsável, sou a favor, mas não somente em um local específico, até porque prejudica determinada região. Ela deve ser pulverizada até para que haja uma eficiência maior. A maioria das pessoas a cidade de Anápolis já sabe que vai ter blitz na Praça Dom Emanoel.

AVA – Há uma dificuldade da fiscalização perceber isso ou há uma falta de vontade?

FP – Pergunta difícil de responder. Eu, inclusive, já estive com o coronel Mota, responsável por essa área. Eles alegam que tem que ser um local que tenha uma área de escape e que seja de difícil fuga. Eu até indiquei alguns locais com esse perfil.

 AVA – E em relação a outros projetos? O que o senhor tem pensado?

FP – Tenho um projeto em andamento relacionado à criação de um conselho do pequeno produtor rural. Estou trabalhando ativamente nele. Outra intenção que tenho e a respeito do parcelamento de multas, porque já existe hoje um parcelamento de multas da CMTT, porém este parcelamento é em cinco vezes e até que você termine de quitá-lo, você não tem acesso ao documento. Estou com uma ideia que ainda não apresentei através de projeto para ampliar esse parcelamento para em até sete vezes, sendo que se o participante pagando a primeira parcela, já pode pegar o documento. Este praticamente está pronto e pretendo discutir com os pares.

 AVA – O senhor se considera um vereador da base do prefeito?

FP – O vereador Fernando é da base do prefeito Roberto Naves.

 AVA – Como que você avalia a gestão do executivo?

FP – Enquanto vereador, também sou cidadão. Como os demais moradores da cidade, eu fico ansioso para que algo aconteça, para que as obras que estão aí terminem. Parece que dá a sensação de que poderia estar se fazendo mais, mas sabemos de todas as dificuldades. Anápolis de certo tempo para cá se desenvolveu muito rápido, com gestores competentes e isso veio rápido. A população, a cidade, não estava preparada para isso. Então, com o novo prefeito, tem também dificuldades. Vejo que o prefeito está focado em terminar obras que já tinham sido iniciadas e eu acho que é caminho. Imagino que a partir do ano que vem, com as coisas bem encaixadas, porque não é só o prefeito que muda, muda todo o secretariado e enquanto não se adaptam a todas às necessidades, não é fácil realmente. Mas eu acredito. Eu ainda acredito no prefeito Roberto Naves.

 AVA – Você foi eleito pelo extinto PTN, o atual Podemos. Recentemente, tivemos a sinalização de um possível desligamento do deputado Alexandre Baldy que é a figura mais regional da legenda e, também agora, mais recente, houve o desligamento do Vander Lúcio Barbosa da presidência do partido na cidade. Como está o Podemos hoje em Anápolis? O senhor vai permanecer ou vai se desligar?

FP – O partido não está sem uma liderança. A secretária Joice de Paula está na liderança interina e o Alexandre Baldy realmente, em conversa recente que tive com ele, não definiu se sai realmente do Podemos. Ele está naquela situação de resolver essa questão. Nos aqui na cidade também estamos esperando essa decisão dele para que em seguida possamos tomar uma decisão. Se necessário for, até eu assumo o partido, sem problema.

 AVA – Isso não trava as suas perspectivas pessoais para as eleições de 2018?

FP – Falar para você que não sou candidato é complicado. Meu nome estará à disposição, caso necessário. Não é aquilo que eu realmente estou pretendendo, mas numa eventual necessidade…

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