Dizem por aí que “a vida começa aos 40”. Se isto for verdade, há um homem em Anápolis perto de começar novamente pela terceira vez a “vida”. Morador do Conjunto Filostro Machado, Adão Virgínio de Sousa completou seu 112º aniversário no último dia 28 de março. E não é conversa ou folclore. Isto porque, com orgulho, seu Adão apresenta a carteira de identidade comprovando a avançada idade. Adão nasceu em 1905. Para se ter noção, ele é quase dois anos mais velho que a cidade de Anápolis – emancipada em 1907.
Este piauiense que vive em Anápolis há 40 anos está entre as pessoas mais velhas do Brasil e do mundo. Quem contou os detalhes dos longos 112 anos de sua vida foi ele próprio, esbanjando lucidez. Ao lado de sua esposa, quase 48 anos mais nova, dona Marinalda Francisca de Sousa, ele narrou os acontecimentos da sua vida até a sua chegada à Anápolis.
O mais que centenário ao lado de sua esposa, Marinalda de Sousa, quase 48 anos mais nova
Adão nasceu no dia 28 de março de 1905 no Piauí e com poucos dias de vida foi para o estado do Maranhão, onde viveu por 67 anos. De lá, ele veio para a cidade de Gurupi, quando o município ainda fazia parte do estado de Goiás, morando por lá mais cinco anos.
Sua vinda para Anápolis foi no ano de 1977, quando já tinha 72 anos de idade. Ele relata que veio morar na cidade a partir do convite de um sobrinho à época. “Quando cheguei aqui, ainda trabalhava como servente de pedreiro”, lembra. Perguntado sobre as qualidades que fizeram ele permanecer em Anápolis, Seu Adão é seguro. “Fiquei aqui mais pelas pessoas que são muito gente boa”, afirmou.
Nos dias de hoje, ele mora somente com a esposa e mais um filho dos seis que teve na vida. Atualmente, quatro deles estão vivos. Sobre os seus netos, bisnetos e tataranetos, ele diz que têm, mas que já perdeu as contas de quantos são.
Segredo
Seu Adão confessa que durante a vida não extrapolou muito, mas que praticou hábitos de fumar e beber. O segredo, segundo ele, vem da fé em Deus. “Inclusive, tive um problema de câncer na próstata quando tinha passado dos 80 anos de idade. Fui curado na época, então, era para eu viver mesmo”, brincou.
Seu Adão atribui a longevidade à fé em Deus
O único medicamento que faz parte da rotina de Seu Adão é para controlar a pressão arterial. “De resto, ele não tem nada”, revela a sua esposa, Dona Marinalda. É ela quem confessa os hábitos do marido, revelando um cotidiano muito ativo. “Ele anda para todo o lado e gosta muito de ficar sentado à porta de casa, observando o movimento”, explicou.
Seu Adão também dá um recado para as pessoas que, segundo ele, têm bem menos idade que e já estão desanimadas por achar que já viveram muito. “É Deus que dá a vida e sabe o tempo certo de que cada um deve viver”, diz. Sua esposa finalizou dizendo que tem nele, um exemplo. “Sou agraciada por tê-lo como companheiro de vida”, disse. Perguntada sobre como ele a conquistou, considerando o fato de Seu Adão ter bem mais idade que ela, ela resumiu: “Deixa quieto”.
Recorde
A informação mais recente sobre a pessoa mais velha do mundo reconhecida pelo Guinness foi dada nessa última semana. Com a morte da italiana Emma Martina Luigia Morano de Vercelli, que tinha 117 anos, no último dia 16, outra estrangeira foi reconhecida com o título: a jamaicana Violet Brown, também de 117 anos. No Brasil, informações dão conta de pessoas centenárias, a exemplo de Maria Gonçalves dos Santos, de 126 anos que reside na Bahia e de José Souza, um senhor que teria 132 anos, morador do Acre. Entretanto, eles não são reconhecidos oficialmente por ausência de documentações.
A jamaicana Violet Brown de 117 anos tornou-se a pessoa mais velha do mundo reconheida pelo Guiness
De qualquer forma, Seu Adão Virgínio de Sousa não fica muito atrás com seus 112 anos confirmados. O idoso até que não pode ser reconhecido como o mais velho do Brasil, nem do mundo, mas em Anápolis, um requerimento proposto pelo vereador Lélio Alvarenga que tramita na Câmara Municipal, pode conceder, nos próximos dias, título de cidadão anapolino à pessoa mais velha de Anápolis que se tem conhecimento.
