Morre aos 72 anos o radialista esportivo Miguel Squeff, dono do jargão “tá lá dentro”

Morreu neste domingo (18) o radialista anapolino Miguel Squeff, que há mais de 50 anos comandava os Titulares da São Francisco, programa esportivo de rádio que ia ao ar todos os dias. Atualmente estava à frente dos programas Tocando de Primeira e Resenhando. Squeff atuou nas extintas Rádio Carajá, Rádio Santanna e também na Rádio Imprensa de Anápolis.

De acordo com o site de notícias esportivas Futebol Interior, Miguel foi o criador dos jargões esportivos “tá lá dentro” e “pode vibrar, torcida tricolor”. “Luciano do Valle, maior nome da televisão brasileira, morto antes da Copa do Mundo, em 2014, pediu autorização a Miguel Squeff para usar o jargão “tá la dentro”, em suas transmissões na TV. Antônio Porto, outro gigante da comunicação, também adaptou jargões para suas narrações esportivas”, afirma o portal Futebol Interior em matéria sobre os 50 anos de carreira do radialista anapolino.

O radialista Miguel Squeff Começou sua carreira como repórter e teve sua ascensão profissional no período em que a Anapolina chegou à elite do Campeonato Brasileiro, entre as décadas de 1970 e 1980. “Um radialista se tornava também um empresário”, afirmou certa vez em entrevista.

Sua história como narrador começou em 1971. Em 1979, fundou sua empresa de comunicação e até o início dos anos 1980 possuía uma das poucas equipes completas de rádio do Estado de Goiás, com aproximadamente 10 profissionais.

“A partir da década de 80, me transformei em empresário, terceirizando programas de rádio”, disse o radialista Miguel Squeff. Segundo seu próprio relato, atuou na antiga TV Tocantins, juntamente com o jornalista Nilton Pereira. O final dos anos 1980 e início da década de 1990 marcaram sua principal fase na locução esportiva.

Por meio de uma parceria com Jorge Kajuru, Miguel Squeff cobriu em 1989 a antiga Copa Sul-Americana, atual CONMEBOL. Em 1990, fez a cobertura da Copa do Mundo da Itália. As transmissões internacionais lhe deram prestígio e reconhecimento.

“Eu procuro me manter sempre atualizado”, dizia. Em um determinado momento, Miguel Squeff precisou escolher entre o Rádio e a TV. Preferiu a primeira opção. Seu trabalho inovador em Anápolis levou os repórteres de rádio para as arquibancadas dos estádios, acompanhado junto com a torcida os lances das partidas.

Na Rádio São Francisco, nos últimos anos, levava ao ar diversos boletins esportivos diários, desde o início da manhã. O Café com Bola, por volta das 7h, transmitia os principais lances do mundo da bola para os ouvintes. E às 11 horas, apresentava mais um programa esportivo na São Chico. À noite, o programa Tocando de Primeira encerrava seu expediente.


Radialista Miguel Squeff

“A minha vida foi dentro do futebol”, disse certa vez. Há aproximadamente quatro anos, ainda participava de jogos de futebol com os amigos: “Até hoje faço as minhas peladas”. Mas sua paixão era o radialismo.

“O rádio foi minha vida”, declarou ainda no ano de 2014, arrematando com as frases “através do rádio eu construí minha vida” e “é prazeroso para mim fazer rádio”. Ele não poderia ser o melhor representante do Rádio anapolino, “atual, moderno, profissional e bem feito”.

Empresário e político

Miguel Squeff foi foi secretário de esportes das gestões dos ex-prefeitos Wolney Martins e Pedro Sahium e ainda no governo do ex-governador Alcides Rodrigues. Era sócio de uma cerâmica, mas “fora do rádio, eu seria um peixe fora d’água”.

Squeff passou pelas dificuldades de se fazer rádio em um momento em que nem mesmo existiam equipamentos profissionais na cidade. “Uma das maiores dificuldades é que o faturamento que nós temos no mercado é muito aquém daquilo que a gente precisa”, reclamava.

“Hoje, por exemplo, nós não temos como sequer incluir um repórter para cobrir a Copa do Mundo”, disse ainda sobre as dificuldades deste veículo na cidade. Ele ainda se queixou dos obstáculos que encontrava em contratar mais profissionais para os programas esportivos.

Para sobreviver na profissão, ele precisou se reinventar: “Se eu não tivesse me transformado em vendedor, eu não teria feito o que eu fiz no rádio esportivo”. Liderados por Miguel Squeff, a equipe dos Titulares da São Francisco também teve que aprender a vender anúncios para fazer o negócio prosperar.

“Rádio está mais viva do que nunca”

No momento em que a internet ampliava seu acesso aos lares brasileiros, Miguel Squeff continuou acreditando no poder do rádio para transmitir o noticiário esportivo. “Todos nós achávamos que a internet iria acabar com o rádio”, disse. Para ele, a rede mundial de computadores acabou sendo “ferramenta de apoio e de incremento do rádio”.

“A nossa voz, a nossa opinião, as nossas colocações, ainda são ouvidas, respeitadas, discutidas e também respeitadas”, defendeu. “Rádio está mais viva do que nunca”, continuava.

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