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Para ex-secretário, município deve retomar políticas sociais: ‘temos que retirar essas pessoas da rua’

Após a morte de Milton Pereira Salgado, o ‘Hulk’, morador de rua de Anápolis, foram colocadas em evidência as falhas do governo municipal em estabelecer políticas públicas que atendam a pessoas nesta situação.

Francisco Rosa, ex-secretário municipal de Desenvolvimento Social (2009-2016), lamentou que diversos programas e projetos sociais tenham sido deixados de lado pelo Governo Roberto Naves. Ele afirmou que ‘Hulk’ foi beneficiado pelo trabalho que era feito quando ainda era gestor do Social.

No ano de 2015, o ex-morador de rua foi internado e ficou 15 meses internado em uma clínica, gratuitamente, por meio de uma parceria entre a Prefeitura, Ministério Público e uma clínica privada para recuperação de pessoas com problemas relacionados ao álcool.

O dono da Clínica Valor da Vida, Wesley Muller, que abrigou Hulk nesse período, informou que procurou a atual gestão para que algo fosse feito por Hulk, mas não obteve retorno.

A campanha ‘não dê esmola, dê dignidade’ era amplamente divulgada. Ações de saúde, sociais e encaminhamentos para órgãos de referência ou abrigos eram iniciativas executadas no município. Existia um consultório de rua com profissionais de saúde e todas as pessoas em situação de rua eram cadastradas pelo município.

O centro POP, criado no Governo de Antônio Roberto Gomide em 2009, servia para fornecer alimentação e cuidados de higiene a essas pessoas. Vários mendigos e pessoas moradoras de rua eram levados para este local.

“Ali ele chegava, tomava banho, dormia, dava comida para ele e aí a gente fazia uma ficha dele, para ver o destino dele, para ele não ficar na rua, jogado aí de qualquer jeito, para ele não morrer à mingua”, explicou o ex-secretário Francisco Rosa (Chico Rosa).

Francisco Rosa, ex-secretário de
Desenvolvimento Social em Anápolis,
critica atual política municipal
para pessoas em situação de rua

As abordagens eram feitas em hotéis, bares, bancos e diversas outras localidades da cidade. Chico Rosa explicou que de 2009 a 2011, as verbas utilizadas nestes programas sociais eram inteiramente do município.

Apenas em 2011 o Governo Federal começou a dar apoio financeiro para estas iniciativas. Ele entende que a atual política de cortes de investimentos para ajudar quem mora na rua ou passa a maior parte do tempo ali não é adequada.

Ele também pontua que uma pessoa nessas condições não pode decidir plenamente sobre onde quer morar. “A constituição fala que ele pode – direito de ir e vir – mas esse direito de ir e vir é para mim e para você, que está com a consciência sã. Agora ele não está dando conta de exercer os direitos dele, muito menos as faculdades mentais, porque ele está com droga, outras coisas”, ressaltou.

Social

Chico Rosa critica que a atual política social deixe que o morador de rua decida permanecer na situação em que está. No caso de Hulk, que morreu nesta quinta-feira (3), Rosa pontua que ele atraia pessoas de todas as naturezas ao seu redor, que se aproveitavam para cometer crimes. Não que Hulk cometesse crimes, esta não é a questão, mas áreas com grande quantidade de mendigos podem gerar problemas sociais ao redor destas localidades.

“Se deixar por conta dele – ah, eu tenho direito de ir e vir -, como (está fazendo) hoje quem está tomando conta à frente da Prefeitura, ‘se ele quiser, nós temos, se ele não quiser, é direito dele’. Ele não pode porque ele não tem condições psicológicas para decidir por ele”, reforçou Francisco Rosa, ex-secretário de Desenvolvimento Social.

Hulk

Para Francisco Rosa, talvez Milton Pereira Salgado, o ‘Hulk’, tivesse em situação bem diferente do que a que foi encontrado nesta quinta-feira. Ele, que tinha diabetes e diversos outros problemas de saúde, foi encaminhado cinco vezes ao Hospital Municipal, três vezes para a Santa Casa e esteve quatro vezes internado no Hospital Espírita de Psiquiatria. Em todas as vezes, a política social do município falou mais alto. “Só no ano de 2015, nós tiramos o Hulk 12 vezes da rua”, ressaltou.

“Esse serviço acabou da Saúde”, pontuou. Para ele, Hulk tinha grandes chances de se recuperar políticas públicas adequadas: “Eu acredito que ele estaria saudável, estaria firme”. Para ele, ‘tirar essas pessoas da rua deve ser o passo a ser seguido’.

Existem quatro categorias que devem ser levadas em consideração ao classificar que permanece nas ruas: existem os moradores de rua, que ficam permanentemente nestes locais, pessoas em situação de rua, que não moram necessariamente em vias públicas, pessoas em situação de vadiagem e forasteiros – estes últimos vêm de outras cidades e muitas vezes estão envolvidos com drogas. Juntos, esses grupos somam em torno de 200 pessoas em Anápolis, ressaltou Francisco Rosa, ex-secretário de Desenvolvimento Social.

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