Pedro Mariano: “Estou na expectativa de ver o trabalho de Roberto Naves para poder avaliar”

Pedro Mariano (PRP) está em seu quarto mandato como vereador em Anápolis. Na entrevista, ele faz questão de citar todos os chefes do Executivo que conheceu enquanto vereador, abordando os pontos negativos e positivos de cada um. Sobre Roberto Naves, Pedro Mariano acredita que ainda seja cedo para avaliar o chefe do Executivo e entende que seria injusto comparar uma administração que mal começou com gestões anteriores.

Paulo Roberto Belém e Felipe Homsi

A Voz de Anápolis – Você entrou no seu quarto mandato e se passaram dez meses desse mandato. Que avaliação você faz do trabalho dos vereadores?

Pedro Mariano – Eu faço duas avaliações: tem uma positiva. Eu estou vendo que os novatos estão mais prudentes. Você não os vê usando a tribuna e usando palavras indevidas. Acho que teria que voltar a sessão ordinária para a parte da tarde, 15, 16 horas. As comissões não estão andando como deveriam andar, porque choca com a sessão ordinária. E quando tinha sessão à tarde, as comissões na terça e quinta funcionavam, porque eram de manhã. Eu tenho uma proposta, quero conversar com os vereadores, para fazer uma resolução para o ano que vem. Eu entendo que é o único Legislativo em que o horário é de manhã. Pode olhar em outras câmaras municipais. As sessões são no período da tarde. As sessões no período da tarde são mais produtivas.

AVA – O senhor faz parte da Comissão de Ética e Decoro, da de Educação e da de Orçamento e Finanças. Na de Educação, existem perspectivas de projetos estruturais para o setor e para melhoria da infraestrutura nas instituições de ensino?

PM – Eu votei na Professora Geli, que faz um bom trabalho na Comissão de Educação. Eu admiro muito ela, o conhecimento que tem da Educação. Ela sempre tem um projeto. Ela tem alavancado requerimentos e propositura. Ela é o carro-chefe da comissão. Eu acho que não tem uma pessoa mais adequada. E ela sempre tem o apoio da comissão. O apoio que ela tem da comissão, ela tem no plenário. A Geli, em matéria de Educação, é uma pessoa que desenvolve muito bem a comissão.

AVA – Na comissão de Ética, o senhor é levado a mediar conflitos, por causa de atitudes ofensivas de vereadores? Existe algum trabalho para coibir este tipo de atitude?

PM – É a primeira vez que tem essa comissão na história de Anápolis. A comissão foi eleita por membros do plenário, não por representação de partido. Eu tive 19 votos. Nem eu votei em mim, tive 19 votos. Nós tentamos conversar, para evitar que haja confronto entre vereadores, fugindo do debate, levando para as coisas pessoais. Isso prejudica a própria instituição, os 23. O povo não quer ouvir brigas, o povo quer ouvir debate de ideias que venham ajudar os problemas da cidade. Isso é importante. Teve um determinado vereador, nós conversamos uma vez. Outra coisa: a comissão, para ser acionada, tem que partir de ofício direcionado ao presidente. O presidente aciona a Comissão de Ética. A comissão de ética tem que respeitar o regimento. Mas nós estamos fazendo trabalho de bastidores. Dialogando, tentando. Porque quando chegar um ofício, direcionado pelo presidente, a comissão tem que tomar suas decisões em cima do regimento. E nós fomos eleitos, os 23, para estarmos unidos pela cidade, não para o individualismo de cada um.

AVA – Essa Legislatura tem discutido o que realmente a cidade precisa?

PM – Eu vejo assim, porque os vereadores, quando usam a tribuna, vão sabendo o que querem falar. Nas outras legislaturas, muitas vezes usavam a tribuna e falavam uma coisa na tribuna, e desmentia o que falou nos bastidores. Faziam denúncias e não tinham provas. Hoje, não. Os vereadores estão indo na tribuna documentados. Isso é bom para o Legislativo. Eu mesmo quase não uso a tribuna. Para eu usar a tribuna tenho que estar consciente, documentado. Se for para eu não falar coisa com coisa, para aparecer no áudio que está sendo transmitido, eu prefiro não, prefiro ficar ouvindo.

AVA – Você foi vereador durante a gestão de Pedro Sahium, Ernani, Alcides Rodrigues, Antônio Gomide, João Gomes e Roberto Naves. Tem como fazer uma avaliação se está mais difícil ou mais fácil o trabalho na Câmara?

PM – Em 2000, 2001, foi minha primeira legislatura, no governo Ernani. Na minha região, ele fez algo, escola, asfalto. Na do Pedro Sahium, eu fiquei muito pouco. Com cada prefeito, eu tenho que ser justo. O Gomide veio, fez uma bruta de uma administração, principalmente na minha região. Os vereadores tinham ciúme, porque a região que mais recebia benefícios era lá. O Gomide tinha uma visão muito grande daquela região. O Gomide já morou naquela região. Então, ele sabia todo o diagnóstico daquela região. Eu estava no momento certo, na hora certa de ter sido eleito. Tudo contribuiu, benefício para a região, não para mim. Eu moro lá, fui beneficiado. Meus imóveis valorizaram, minha casa, meu lote. O João também, nesses dois, anos, levou obras, benefícios. E agora, na gestão do atual prefeito, estão terminando as obras que não deu para terminar no governo do João, o asfalto na Pedro Ludovico. É essa expectativa. Cada administrador na sua época e cada um é importante na cidade. Falhou nisso, falhou naquilo, mas tem o lado positivo. O governo Ernani, Sahium, Gomide, João e agora é o Roberto. Tem dez meses. Tem que fazer essa avaliação.

AVA – Qual é a região?

PM – Bairro Paraíso, Mariana, aquela região. Houve uma transformação. Principalmente no governo Gomide, que eu não ficava nem no gabinete. Mas é porque não era o vereador, a região que precisava daquilo. O povo tinha aquela esperança do asfalto no Vivian Parque, Vila União, ginásio, escolas, tudo amparado. Como diz o ditado: eu estava jogando no time. Estava no momento certo, as bolas estavam sobrando para mim também fazer gol. Eu acho que tenho muito que agradecer a Deus. Meus momentos na política sempre foram desgastantes, não só agora.

AVA – Qual é sua avaliação do trabalho do Executivo?

PM – Temos reivindicado e, na medida do possível, estamos sendo atendidos conforme o momento. Também não se pode comparar: os outros têm uma avaliação total e esse tem um ano, começou agora. Todo começo de mudança, como se diz: não tem jeito de fazer um omelete sem quebrar os ovos. Toda mudança, todo governo mudado, o jeito de administrar, mas até agora temos reivindicado e os secretários, uns atendem, outros não. Mas temos que discutir e estamos indo atrás. Uma avaliação mais profunda será daqui a uns quatorze meses. Aí já se assentaram os móveis na casa. Governo é isso, tem que passar por esse tanto de governo. Minha avaliação é que, em um ano e seis meses você tem um diagnóstico total da atual administração.

AVA – Você quis dizer que está esperando essa mudança?

PM – Estou na expectativa.

AVA – Você acha que esse é o mesmo pensamento da população. Ela entende esse lapso?

PM – Uns entendem, outros não. Tudo depende dessa retomada (das obras). Por exemplo, os viadutos: a população achou que não tinha que ter interditado, mas é o processo. O próprio prédio da Câmara. Nós tínhamos expectativa de ter terminado no governo passado, mas a obra, a empresa (não atendeu a contento).

AVA – O senhor é autor do projeto Sinal Feliz no Trânsito, inclusive utilizado pelo CMTT. E o senhor tinha um projeto que proibia transporte de bebidas alcoólicas no interior de veículos na cidade. Mas o senhor retirou o projeto. Esse projeto não poderia ser um reforço para a segurança no trânsito?

PM – Quando eu apresentei o projeto, a imprensa trabalhou contra, não passou a consciência para o povo. O Jornalismo da Manchester, da São Francisco babaram no negócio, sem me ouvir. Fizeram uma pesquisa e passaram que estava proibindo de transportar bebida alcoólica. Não estava proibindo. Educando, carregar no porta-malas. Banco foi feito para carregar passageiros. A Manchester e a São Francisco soltaram o contrário, que eu estava proibindo. Jogaram nas redes sociais. Fizeram e não buscaram. Uma emissora fez até uma pesquisa. Na hora em que pôs ao vivo, falou o meu nome, eu disse: “estamos discutindo à toa, ele foi retirado ontem”. Mas ele foi lido na segunda de manhã, às 15h30 eu retirei. Por que? Porque ele passou a informação totalmente distorcida. Aí, como eu vou rever, na rede social?

AVA – O senhor vai continuar com esse projeto, mostrar primeiro para a população e depois retomá-lo?

PM – Eu vou fazer no ano que vem uma audiência pública para ouvir o povo, porque ele é um projeto educativo. Vocês conhecem e entendem. Só que as pessoas que entendiam da imprensa fizeram como se não tivessem entendido para jogar a população contra a gente. Nos maiores acidentes, tem álcool no meio. E talvez você está dirigindo, seu menino está atrás e tem uma caixa de cerveja atrás, seu menino (pode beber). Não pode. Seu filho vê. Ali você está dando mau exemplo. No porta-malas, a pessoa bebe quando chegar no local. Algumas pessoas ficam transtornadas (com o álcool). Infelizmente, a imprensa tomou um outro (viés). Eu falhei nesse projeto ao não ter trazido uma audiência pública para discutir, para conscientizar e aí apresentar. Aí já houve uma falha minha nesse sentido.

AVA – No começo do ano, o senhor elogiou o trabalho da PM e na sequência também defendeu a vinda da Força de Segurança Nacional. Não seria o caso de o Governo Estadual investir mais nessa PM que o senhor mesmo elogiou? Não soou contraditório?

PM – Eu elogiei certas pessoas que estavam no comando, pois conheciam o trabalho da cidade. Agora vem só (piorando o cenário). Não sei quantas pessoas passaram pelo comando (da PM). Quando muda, a pessoa vem com novas ideias. Mas parece que tem o lado político. A vinda da força seria pela violência na cidade. Acho que o Governo tem investido, principalmente com mais viaturas. Na gestão Gomide e João, das três cidades, Goiânia e Aparecida, o maior banco de hora era Anápolis, o que mais paga bem. Mas a falta de soldados (interfere). O governo está treinando 180 policiais.

AVA – O senhor acha que ainda precisa da Força de Segurança Nacional?

PM – O que eu quis? Criticar o governo. Porque, se vem a Segurança Nacional, é ruim para o governo. Porque aconteceram tantos homicídios e roubos. Acho que tem que ter esse investimento. Eu cobro também: temos três senadores de Goiás. O código penal está parado desde julho 2016 pelo senador Antônio Anastasia. Porque a decisão não é igual ao Fundo Partidário que, de um dia para o outro, votou em plenário. Tem que discutir o Código Penal. Essa lei é muito frouxa, é de 1940, tempo que minha avó tinha 40 anos. É outro cenário. O que não muda na nossa vida são os dez mandamentos, mas as outras coisas. E você não vê deputados, senadores discutindo Código Penal. Eles estão travados igual a políticos americanos sobre armas. O maior fiador, patrocinados deles são fábricas de armas nos Estados Unidos. E aqui, por que não mexemos? É uma maneira de mexer para podermos cobrar, porque aí o governo não pode pôr a culpa na lei.

AVA – Você está no quarto mandato de vereador. Está na hora do vereador Pedro Mariano alçar voos mais altos?

PM – Tem que ver como o partido vai seguir. Sou um soldado do partido. Se o partido acha que é viável, tudo bem. Se o partido achar que é viável, tudo bem. O Marcio Jacob, que é o presidente – eu sou o vice. O que o partido definir, o Braga definir, ele vai seguir. Ele é o presidente regional.

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