“Quem não tem dinheiro para ir a Goiânia, morre”, denuncia vereadora sobre a Saúde de Anápolis

“Falta agulha, seringa”. As declarações são de Vilma Rodrigues (PSC), mas poderiam ser um eco triste de centenas de anapolinos que se deparam com a mesma realidade nos postos de Saúde da cidade. Ao procurar atendimento, são recorrentes as queixas de falta de material, de pessoal para o atendimento e de equipamentos fora de funcionamento.

Por conta de um relato cru e sincero da parlamentar que, com coragem, fez um apelo por diversos pacientes que ela própria conhece, a Câmara Municipal realizou um enorme debate sobre as condições da Saúde na cidade e a forma como a pasta é conduzida pela titular, Luzia Cordeiro. Apesar das pressões e das reclamações até mesmo de vereadores da base do prefeito Roberto Naves, Cordeiro segue no comando.

“O que aconteceu hoje é muito grave. Quando eu venho aqui para dizer isto é porque é muito grande. Eu venho pedir ajuda”, bradou Vilma, que fez o relato de um paciente que estava na espera da vaga na UTI de alguma unidade. “Para se conseguir atendimento ou leito em UTI, o anapolino precisa procurar um vereador, um conhecido que tenha acesso. E quem não tem esta entrada?”, questionou. “Vá até os corredores dos hospitais e veja a espera por atendimento”, pediu Vilma aos demais parlamentares.

Rodrigues fez este pronunciamento na segunda-feira (21), relatando o caso de alguns pacientes que ela vem acompanhando, entre elas o de um acidentado que, pela demora no atendimento, ao invés de precisar fazer uma cirurgia, agora terá de fazer duas.

Redução

Vilma ainda destacou a redução no número de integrantes e de equipes de Saúde da Família. “Tínhamos até bem pouco tempo equipes que iam nas casas fazer o atendimento de saúde. Hoje, acabou”, lamentou. Em outro caso que ela ressaltou para mostrar a situação, a parlamentar contou passo-a-passo da agonia de uma paciente em busca de vaga na UTI durante a última semana. Ela não resistiu e foi sepultada na terça-feira (22). “Tentei ajuda uma pessoa a semana toda e hoje ela veio a óbito, esperando por uma cirurgia. Ela não conseguiu operação porque o médico dizia que não tinha chegado o material”, revelou.

“A gente enfrentar esta realidade é duro. O que eu quero pedir a vocês é uma união pela Saúde. Não sou adversária de ninguém aqui. Mas temos de ter uma união para ajudar estas pessoas que nos colocaram aqui. Hoje são estas pessoas nesta condição, amanhã pode ser a gente”, encerrou a vereadora.

Luto

Os relatos da vereadora Vilma Rodrigues se somam à manifestação dos médicos da rede municipal de Anápolis. Desde o mês passado, por decisão do SIMEA – Sindicato dos Médicos de Anápolis – os profissionais estão trabalhando com uma faixa de luto no braço.

O objetivo é denunciar à população as dificuldades que os profissionais estão passando sobre as condições de trabalho. Até mesmo uma denúncia foi encaminhada pelo sindicato para o Ministério Público, relatando algumas faltas de condições ideais de trabalho para o exercício da Medicina.

Versão

Domingos Paula (PV) fez as vezes da liderança do Executivo e rebateu as críticas da parlamentar no dia seguinte. Em sua fala, Paula rebatou a afirmação de que “quem não tem dinheiro para ir a Goiênia, morre”, dizendo que, se isto for verdade, a solução para a população que adoecer é mudar de Anápolis. “Como usuário, eu discordo. Precisei usar o sistema de Saúde e usei e foi bom”, declarou o vereador Domingos Paula.

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