Teles Júnior: “Não podemos perder aquilo que conquistamos”

Paulo Roberto Belém e Felipe Homsi

Teles Júnior faz parte da leva de vereadores estreantes da atual legislatura da Câmara Municipal. Ele cita o que aprendeu do primeiro semestre de trabalho do legislativo avaliando a sua atuação pessoal e dos demais vereadores da Casa. Ele fala da sua bandeira de trabalho, o empreendedorismo, e avalia algumas ações executadas pelo Executivo em relação ao tema. Ainda sobre a gestão Roberto Naves, ele faz uma avaliação ampla dos seus primeiros sete meses de comando à frente da Prefeitura reconhecendo ser um vereador da base do prefeito, mas que não deixa de comentar as medidas impopulares adotadas pelo petebista.

A Voz de Anápolis – Estamos na semana de início do trabalho da Câmara neste segundo semestre. Para os anapolinos terem uma ideia, qual foi a agenda do vereador Teles Júnior neste primeiro recesso parlamentar desta legislatura?

Teles Júnior – Aproveitei o tempo para voltar às minhas bases eleitorais e fazer visitas, atividade que não havia dado tempo, ainda, de fazer. Foram os primeiros seis meses de um parlamentar de primeiro mandato. Então, foram seis meses de busca de conhecimento e de aprendizado. Foquei muito no trabalho na Câmara, nas comissões e quase não tive tempo de fazer trabalhos externos.

AVA – Qual a avaliação que você faz do trabalho da Câmara neste primeiro semestre?

TJ – Foi o momento de mostrar a que viemos. Foi uma renovação grande, de quase dois terços, e, neste cenário, tínhamos uma responsabilidade de fazer diferente. Tentamos mostrar projetos, trazer uma qualidade aos requerimentos, aos ritos, fazer a discussão sem vícios, sem medo, enfrentando, às vezes, as opiniões formadas, aquelas que estavam em formação, trazendo o consenso nos debates. Tivemos conversas nacionais, estaduais, mas, claro, pautadas sempre na municipalidade. Então, esse trabalho dos primeiros seis meses mostrou uma Câmara que queria apresentar algo diferente e, a meu ver, mostramos a diferença. Marcamos território. Cada um na sua bandeira mostrou a sua expertise e eu acho que a população está bem representada nesta legislatura.

AVA – Seus gastos para ser eleito não foram altos. Neste caso, você optou pelo corpo-a-corpo. Você acha que isso será uma constância nesta nova fase política que vive o país?

TJ – A última eleição foi determinada por pessoas que tinham um trabalho prestado para a sociedade. Isso pesou muito. Foram rejeitados muitos projetos políticos que foram firmados e apresentados para a sociedade apenas com grandes volumes de dinheiro. Então, a sociedade não aceita mais isso. Eu acredito que o eleitor continuará, nas próximas eleições de 2018, a escolher melhor os seus representantes com base no histórico de trabalho, com base nas novas temáticas que chegam que é a busca da sustentabilidade, que são temas não antes valorizados pela sociedade e que hoje são debatidos. Então, aqueles que trazem essa modernização do discurso, que trazem o uso das tecnologias da informação, que têm esse contato direto com o eleitor via redes sociais, determinantes nos dias de hoje, esses, sim, vão se sobressair e eu acho que o eleitor vai continuar buscando esse tipo de representante. Como servidor público e membro do governo anterior na coordenação do trabalho do empreendedorismo, consegui mostrar, também, trabalho nesta área, bem como no segmento religioso onde atuo, no ramo empresarial, principalmente na área do comércio varejista em Anápolis. A gente conseguiu no espaço da campanha atingir esse público mostrando as propostas e eles (os eleitores) aceitaram.

AVA – Falando em empreendedorismo, que é a sua bandeira principal, como você avalia o momento de Anápolis, hoje? Qual o cenário do empreendedorismo na cidade, atualmente?

TJ – Acredito que a política econômica municipal foi atingida pelas crises econômicas do país. E isso fortalece os pequenos negócios. Anápolis ganhou com isso. O atual governo tem buscado acertar nesta área. Embora tenha demorado a nomear o gestor da área econômica do município, conseguiu dar essa resposta a tempo e mostrar o plano de desenvolvimento que esta gestão quer fazer. É claro que se encontram dificuldades fronte à arrecadação que caiu. Acredito muito que este governo está mostrando inteligência nesta área e que vai sobressair muito, ainda. Temos que avançar. Não podemos perder aquilo que conquistamos. Continuamos defendendo as feiras para o pequeno empreendedor, os espaços para os artesãos, porém, é preciso avançar com a abertura de uma feira de aplicativos, buscar a robótica, buscar a tecnologia. O pequeno empreendedor da internet tem que buscar espaço nesse desenvolvimento que já é atuante.

AVA – O senhor irá apresentar algum projeto nesse sentido?

TJ – Sim. Penso, nesse semestre, apresentar projetos na área do desenvolvimento econômico. Tomei posse, recentemente, no Comitê Gestor da Micro e Pequena Empresa de Anápolis. Esse comitê será responsável pela discussão das políticas públicas neste segmento. Na Câmara Municipal, sou presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico e de Indústria, Comércio, Agricultura e Turismo. Então já fiz audiências públicas que abordaram o tema ‘desburocratização’, uma das minhas bandeiras. E nisso, já tivemos resultado. O governo atual apresentou um portal que traz justamente isto e julgo que foi resultado da pressão inicial que essa comissão, gerida por nós, atuou junto com as entidades classistas, a exemplo da CDL, do Sincovan, da Acia e das demais entidades.

AVA – Você acabou de fazer uma avaliação positiva da gestão municipal nesta área específica. No geral, qual a avaliação que você faz destes primeiros sete meses da gestão Roberto Naves?

TJ – Eu estive na campanha passada junto com o ex-prefeito João Gomes. Fomos para o segundo turno, fui fiel ao meu partido, ao projeto político apresentado naquele momento, mas não deu. Saiu vencedor o Roberto Naves. Então, o governo, buscou conversar com todas as lideranças vitoriosas no legislativo. Sou líder do PMN na Câmara e posso dizer que pelo projeto pró Anápolis, para que a cidade continue no rumo certo e também avance mais, eu aceitei fazer parte da base do prefeito Roberto na Câmara. Então, a minha avaliação foi de conhecê-lo mais, entender mais deste projeto e percebi que é um projeto inteligente. É claro que nestes primeiros meses ele teve de tomar medidas impopulares, mas terá tempo para mostrar porque as tomou e convencer, tanto na prática com os resultados, que foram benéficas para a cidade. Avalio que a gestão mostrou um grande poder de articulação, de aglutinação, dentro da Câmara, mas entendo que é preciso avançar, mais ainda. Vejo, também, que a gestão deu espaço nas secretarias para que a gente pudesse participar com indicações de temas importantes para a cidade e entre eles a gente busca a realização através de uma cobrança nossa. Cito como exemplo a guarda municipal.

AVA – Na sua visão, em relação às medidas impopulares, o prefeito precisava ser drástico da maneira que foi?

TJ – Cada governo tem a sua forma de executar cortes. É claro que, da forma em que foram feitos, muitas vezes podem ter contrariado os servidores que da noite para o dia tiveram eliminadas algumas gratificações. Teve o exemplo de cortes nos Rápidos de servidores também da noite para o dia e isso, com certeza, foram medidas impopulares que poderiam ser tomadas até de outra forma. Porém, tiveram saldos positivos.

AVA – O senhor apresentou um projeto relacionado à implementação do hino da Câmara. A pergunta é direta, até porque gerou certa polêmica? Este projeto é realmente necessário?

TJ – Vejo como necessário porque falta. Não existe o hino. Qualquer instituição é fortalecida a partir do momento que começa a sua exaltação. Uma cidade, um time de futebol, a Polícia Militar tem o seu hino, o Corpo de Bombeiros tem o seu hino e uma casa que é a responsável pelas leis do município também pode ter o seu hino. Outras câmaras municipais Brasil a fora têm os seus hinos. Isso traz, com certeza, uma exaltação da importância que é Câmara Municipal. Traz uma exaltação histórico-cultural para a cidade de Anápolis, pois temos bandas, temos conjuntos, coral de vozes que poderão, em suas apresentações, ter como opção, também, o hino da câmara da sua cidade. A Câmara, em si, tudo o que coopera para o fortalecimento da sua imagem, da sua atuação, da sua história, mostrando o valor da sua cultura, com certeza, é positivo. Por isso, o projeto do hino da Câmara Municipal veio em momento certo. Momento que a política está esquecida e debochada. E, com certeza, é algo que não traz custo para o município, não trouxe custo para a instituição. Encontramos um servidor público da casa que tem a sua formação em letras que compôs o hino e temos um servidor, na casa, que foi maestro da banda da Polícia Militar que cifrou o hino. Então, por que não apresentar esse projeto? Claro que tudo concernente à política, a massificação da temática é educação, saúde e segurança. Porém, todas as demais políticas públicas vão cooperar para uma melhor educação, saúde e segurança. Esses temas são os mais cobrados, porém uma cidade, um povo, não se constitui apenas desses três temas.

AVA – Qual a expectativa para esse segundo semestre de trabalho da Câmara?

TJ – Acredito que cada um vai trazer a ênfase na sua bandeira específica. Quero, nesta oportunidade, parabenizar os colegas parlamentares. Na minha opinião, todos têm buscado mostrar a melhor representatividade que Anápolis teve na sua história. Essa legislatura vai deixar um bom legado. Temos, ali, parlamentares professores na matéria, exemplares e com muita bagagem de experiência. E claro, também, muitos novos querendo fazer muito. Eu faço parte disso. Então, nesse segundo semestre, talvez não tenhamos que mudar o rumo, mas, sim, enfatizar mais. Eu, por exemplo, tentarei buscar uma cobrança mais ativa em relação à segurança do comércio de Anápolis. Buscar o que não foi melhorado. Fizemos audiência pública em relação ao tema, requerimentos, moção de pedido ao governo do Estado para isso, mas precisamos ter atuações mais enfáticas em relação à segurança pública da cidade de Anápolis. Outra questão que podemos atuar muito é na organização que está o Código de Posturas do município. E tem outro código que eu acho que será debatido bastante na Câmara que é o da Vigilância Sanitária. Mas eu trago, aqui, a questão da Postura pela atuação no centro da cidade. Eu quero, nesse segundo semestre, enfatizar, mais ainda, a minha cobrança em relação a essa organização de ambulantes no centro da cidade. Não sou contra os ambulantes legalizados, mas o centro de Anápolis está tomado pela ilegalidade, pelos ambulantes ilegais que não são moradores de Anápolis. Estes precisam conhecer as nossas leis, o nosso zoneamento, nossa forma de atuar na cidade. Eu preciso trazer essa discussão para a Câmara como vereador e como presidente da comissão do tema econômico da cidade. A história de Anápolis não pode parar e ser morta por uma crise que trouxe muitos para informalidade. Vou trabalhar em cooperação com o Executivo para desenvolver a fiscalização mais efetiva em relação a essa questão porque é algo que precisa muito ser melhorado.

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