Vinicius Alves de Souza: “Dependo de projetos para execução de obras”

Felipe Homsi e Paulo Roberto Belém

Com graduação em engenharia civil e formação técnica em processamento de dados, o secretário municipal de Obras, Vinicius Alves de Souza, diz que já conhecia Anápolis e seus desafios na infraestrutura antes mesmo de assumir o cargo. Sua experiência vem da atuação como engenheiro em várias cidades goianas, além de outras funções em instituições públicas, destacando a coordenadoria de projetos do Dnit-Goiás. Na entrevista, ele fala sobre o andamento de obras paradas, sobre os gargalos de sua secretaria e também sobre problemas pontuais da cidade, a exemplo do serviço de tapa buracos.

A Voz de Anápolis – No início do ano, você fez um cronograma de expectativas de retomada das obras que haviam sido deixadas. Só que não tem se percebido muita movimentação. Quando, de fato, as obras paradas em Anápolis terão andamento?

Vinicius Alves de Souza – Vou falar das obras que terão andamento: praticamente quatro delas da Educação estão no setor de Licitações aguardando a publicação do chamamento se não nesta semana, na semana que vem. São elas: os CMEIs do Nova Aliança, Pedro Ludovico, Campos Elísios e do Santo Antônio. Nesta mesma licitação estão as reformas das escolas municipais Zilda Arns e Air Borges.

AVA – E sobre o CMEI da Vila Fabril?

VAS – Está andando e possivelmente será entregue em no máximo 60 dias, segundo uma programação da empreiteira que assinei nesta última semana. Agora estou com um problema da reforma da Escola Municipal Raimundo Paulo Hargreaves no Santo Antônio, pois a empresa largou a obra. Nesta eu terei que fazer outra licitação.

AVA – E sobre a retomada das obras das Unidades Básicas de Saúde?

VAS – Também estão em fase de licitação.

AVA – O que emperra o trabalho da secretaria no andamento das obras?

VAS – Eu considero como gargalo os processos licitatórios que não estavam a contento. Agora, tenho expectativa que caminhem melhor. Os fluxos foram reavaliados e dinamizados. Eu acredito que a partir desta reorganização as licitações terão resposta mais rápida. Porque, se um processo licitatório caminhar em 30 dias, é um prazo razoável.

AVA – A seu respeito, esta administração fugiu de secretários que já haviam ocupado a pasta. Você, por exemplo, veio de Goiânia. Qual foi a razão da sua escolha?

VAS – Acho que o Roberto buscou secretários que cabiam no perfil dele: que toque obras e que tenha gestão, enfim, que administrasse os problemas da cidade como um todo. Então, acho que ele procurou experiência. No meu caso: fui servidor do Dnit com experiência em diversas obras e com contatos em Brasília, fato que beneficia a captação de recursos. Acho que ele quis trazer, comigo, um novo dinamismo para a cidade.

AVA – Mas já teve tempo para conhecer os problemas de Anápolis?

VAS – Simples. Em um mês, eu conheci as demandas de toda a cidade. E também eu não cheguei em Anápolis há seis meses. Trabalhei em várias gestões anteriores, com o secretário Clodoveu Reis, com o Leonardo. Não caí de paraquedas. Tive contato até com o ex-prefeito Ernani de Paula à época. Enfim, Anápolis não foge muito do município pequeno. É claro que com problemas mais complicados. Os profissionais não são formados nos municípios. Eles pegam a experiência própria e a adequam à realidade de cada um, em particular.

AVA – Há alguma obra que você quer deixar como marcar da sua gestão?

VAS – Sim. Tem um viaduto que estamos pleiteando recursos que será o da Rua Engenheiro Portela [na verdade, é Avenida] com a Avenida Brasil, no qual estou trabalhando neste projeto muito antes de ser secretário. Tenho intenção de novos corredores estruturais que estão em fase de projeto para a busca de recursos no Ministério das Cidades. Tenho a canalização do Córrego das Antas do Central Parque até o Parque da Cidade e no outro trecho até a BR-153. Tenho a canalização do Córrego Água Fria. Tenho outro projeto para transformar toda a iluminação pública em LED.

Outro projeto para viabilizar o recapeamento de toda a cidade. Inclusive, para isto, estamos pensando em consolidar uma usina própria de massa asfáltica. Porque: iluminação sendo resolvida, tapa-buracos, também, e as canalizações, de resto, o serviço é mais sucinto. E para isso, estou buscando recursos. Nesta semana, cadastrei mais de R$ 30 milhões em recursos e vou atrás deles em Brasília. Do início do ano até hoje, catalogamos mais de R$ 250 milhões em projetos. Se sair pelo menos 1/3, 2/3 deles, vai ajudar bastante.

AVA – Tem alguma novidade sobre a retomada das obras do prédio da Câmara Municipal?

VAS – Não. Lá está em processo de auditoria. Enquanto não sair o seu veredito, o prefeito não me autorizou mexer.

AVA – E sobre o Parque da Jaiara?

VAS – A empresa já foi comunicada para finalizar o parque e ela sequer deu andamento. Já noticiamos isso ao Ministério Público para que tome as providências cabíveis. Agora, sobre as obras de infraestrutura da região do parque, estas serão feitas. Inclusive, a licitação está para ser publicada a fim de contratar este serviço. É uma obra de R$ 4 ou 5 milhões.

AVA – Vamos falar de problemas pontuais: as erosões. Qual será a providência?

VAS – A erosão que mais nos preocupa é a da Cidade Jardim e esta vai ser resolvida através de um TAC com uma empresa que vai construir um empreendimento naquela região. Acredito que em até 120 dias ela seja resolvida. Agora, a do Calixtópolis, do São Carlos e Santa Maria, que são outros pontos críticos, à medida que os recursos forem liberados, estas serão atacadas e esse processo não será de forma globalizada. Liberou recurso, executamos as obras.

AVA – Outro problema: os bairros que não foram pavimentados. Como está a programação?

VAS – Também estamos buscando recursos para isto. Recentemente, conseguimos um recurso de mais R$ 1 milhão que já estamos gastando em alguns setores. No Jardim da Promissão, que é um montante maior, estou cadastrando o projeto para uma verba maior.

 AVA – Problema de falta de pavimentação é só com os bairros mais antigos?

VAS – Vários bairros em Anápolis foram construídos sem a devida adequação, sem pavimentação, sem sistema de drenagem, sem nada. Estou em contato com a secretaria de Meio Ambiente e Habitação para que os loteamentos sejam somente liberados mediante uma vistoria de técnicos da secretaria de Obras para verificar se toda a estrutura está “ok”. Isso é para que eles sejam entregues com qualidade. Eu quero uma fiscalização durante a execução das obras dos loteamentos.

 AVA – Informações circularam de que haveria uma parceria entre os secretários de Obras e de Meio Ambiente, incluindo a nomeação de cargos em uma secretaria e em outra. Isto procede?

VAS – Nomeação de cargos, não. Tanto que nunca pedi a nomeação de ninguém. Nenhum funcionário, aqui na secretaria de Obras, é pedido particular meu. Tanto que eu não tenho chefe de gabinete, não tenho assessor técnico, não tenho diretor administrativo, não tenho gerente de manutenção predial e somente esta semana que foi nomeado um diretor de fiscalização. Acho que é desnecessário inchar a secretaria.

 AVA – Estes cargos estão vagos?

VAS – Estão e eu não preciso deles por enquanto porque nestes que estão vagos, estou pensando em reforçar minha área de projetos. A partir do profissional técnico, engenheiro ou arquiteto capaz, eu irei ocupar estes cargos. Para que? Porque eu preciso de projetos para a execução de obras. O Roberto me disse que eu poderia fazer os projetos que ele garantiria os recursos. Então, essa questão de pedido de nomeação de cargos entre o Vinicius secretário e o Daniel secretário, nunca existiu.

AVA – Você disse que vai priorizar os projetos, mas estes cargos são muito específicos. Isso não dificulta?

VAS – Não. Por isso que eu trouxe um assessor jurídico da Educação. Estou procurando valorizar o efetivo. Por exemplo, na assessoria técnica posso trazer um projetista que eu estou precisando. Vou criar mais um núcleo de projetos.

AVA – Os problemas com buracos nas vias sejam os que mais incomodam. A gente tem informação, inclusive, que os anapolinos têm saído no prejuízo por conta deles. O cidadão vai ter que esperar quanto tempo para Prefeitura resolver, pelo menos de forma mais eficaz, este problema? 

VAS – Antes mesmo de entrar como secretário, procurei saber do contrato para tapagem dos buracos e soube que era a Paviart era a detentora. E ela continua sendo. Só que esta empresa está com uma dificuldade financeira terrível. Estamos tentando pagar a medição do mês passado e ela está sem certidões. Problemas financeiros com esta empresa, não temos. Até pagamos faturas anteriores. Agora você me pergunta: como está o serviço? Com esta dificuldade, ela não consegue trabalhar 30 dias seguidos. Ela trabalha 20 e dá uma travada. Não é o ritmo necessário. Mas temos que considerar que assumimos a cidade com buracos demais. No semestre passado, o serviço foi ineficiente e isso foi bem no período mais crítico.

AVA – Então se a Paviart parar, o serviço também para?

VAS – Temos uma nova licitação prestes a ser publicada, inclusive, de maior porte que vai comtemplar os próximos anos. Acredito que com isso o problema “tapa buracos” seja resolvido. Logo no dia 2 de janeiro eu programei essa grande licitação.

AVA – O que diferencia essa nova licitação?

VAS – Estamos licitando uma usina que deve funcionar em área próxima ao Daia. Ela será uma central que estará disponível em horário integral para a Prefeitura. Então, se a empresa não der conta, eu terei massa asfáltica para utilizar. Não vamos ficar na mão de ninguém. Não tem condições o município de Anápolis não possuir uma usina de asfalto própria. Com ela, vamos economizar de 30 a 40% no serviço de tapa buracos. Isso é muito dinheiro.

AVA – Que marca você pretende deixar com a sua gestão?

VAS – Será fazer a readequação do sistema elétrico, resolver o problema dos buracos nas vias da cidade, fazer o maior número de obras de drenagem urbana para acabar com essas inundações e também resolver os problemas dos cemitérios que terão ferramentas de informática adequadas.

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